Capítulo 2 - A lotus de gelo

2 0 0
                                    

O legado da estrela – Capítulo 2

Na pequena cidade rural onde Millar descansava, mais e mais pessoas chegavam, e nesse ponto já estava estranhamente cheia. Os sons que vinham de cima de seu quarto estavam mais altos que o habitual, a ponto de interromper a sua leitura sobre a escola de manipulação de magia.

De acordo com o livro, a academia ficava ao norte da sua localização. A cada três anos a prova de admissão ocorria, e pessoas de todo o continente iriam participar, apenas para ter a chance de se tornar um nobre. Esse título poderia mudar a vida de um plebeu, afinal, ele passaria a receber uma bolsa integral, que cobriria todos os seus estudos e necessidades básicas. Por outro lado, a dificuldade da prova não deveria ser subestimada, pois se o seu corpo não tivesse nenhum tipo de ligação mágica, certamente seria reprovado.

Millar, no entanto, não se importava muito com isso, já que absorveu a lâmina estranha no dia de seu aniversário. Na verdade, mesmo ele, não sabia que ao transcender a lâmina se fundiria ao seu corpo. Ele recebeu a caixa de seus pais aos 7 anos, apesar disso, foi abandonado logo depois, então nunca recebeu nenhuma instrução de uso, a não ser: "Millar, você deve usar isso apesar no dia do seu aniversário de maioridade."

Após a absorção do punhal, seu corpo estava muito mais disposto, e ele nem mesmo dormiu nos últimos dias, e ainda assim, não se sentia cansado. Sua longevidade também melhorou, e tinha a sensação de ter sido liberto de correntes pesadas que limitavam seu poder.

Ele levou apenas uma hora para terminar o livro, e logo decidiu partir em busca da sua nova ascensão de status. Conversou com o velho do bar, e lhe deu todo pouco dinheiro que tinha. Esse foi o jeito de agradecer todos os favores que o velho tinha feito a ele nos últimos anos, e logo após isso, partiu.

"Boa tarde, eu venho da academia de manipulação de energia Avançada, e estou procurando pelo filho do céu, sabe onde eu posso acha-lo?" Um homem misterioso, de meia idade, se aproximou de Millar, que já estava pronto para sair da cidade.

"Acredito que não há ninguém aqui com esse título" Ele estranhou o movimento estranho na cidade, mas não fez mais perguntas. Antes mesmo de chegar até a divisa da floresta com a cidade, outras três pessoas procuraram por esse tal filho do Céu.

Depois de se sentir um pouco curioso, ele finalmente buscou informações sobre, e descobriu que o próprio diretor da academia de manipulação, estava procurando por esse homem. Aparentemente após um combate acirrado entre o diretor Li e o Mestre de artes marciais, Gust, houve um empate, onde ambos saíram feridos, e chegaram à um acordo de paz, onde quem encontrasse o homem primeiro, poderia tê-lo como aprendiz.

Millar não prestou muita atenção e saiu da cidade. Ele não tinha carruagem ou qualquer tipo de automóvel, portanto, a caminhada até a escola levou quatro dias.

Nada de interessante aconteceu nesse meio tempo, porém ele se aproximou bastante da consciência. Eles descobriram após alguns conflitos, que a voz poderia possuir qualquer parte do corpo de Millar, porém, a exaustão que viria logo em seguida, a deixaria apagada por algumas horas. Apesar disso, a possessão poderia fortalecer qualquer parte do corpo, e aumentaria drasticamente seus sentidos e poderia durar no máximo 30 segundos.

"Pedra, papel tesoura... Pedra!"

"Papel."

"Isso não vale, você consegue ler minha mente." Millar perdeu pela quadragésima quarta vez, seguida.

"Você é muito len..." Consciência de repente parou de falar, e disse "Millar... eu sinto uma fragrância refrescante vindo de dentro da floresta."

Não demorou muito e o cheiro ficou mais forte, era bastante doce e continha consigo um ar gelado, o jovem também conseguiu sentir.

"Não podemos deixar essa oportunidade passar, precisamos reivindicar a planta, talvez eu possa absorver..." Ele saiu do caminho da trilha, e procurou pela planta.

Seguindo o cheiro agradável que parecia estar chamando, Millar chegou ao pé de um monte, e no seu topo, havia uma flor azul e semitransparente. Ela estava sozinha, e não havia criaturas por perto.

"Que estranho, um tesouro como esses no meio do nada, e ninguém para reivindica-lo? Eu devo ser muito sortudo!" Ele estava feliz, e caminhou lentamente enquanto subia o monte. Porém, assim que estava a cinco metros da flor, Consciência sussurrou:

"Millar, escute atentamente! Se esconda, tem algo nos observando"

Ele sentiu um calafrio, seguido de um arrepio de congelar os ossos e recuou rapidamente para atrás de um arbusto. Não ousou mexer nem mesmo um fio de cabelo, e depois de alguns minutos, um cervo se aproximou da flor.

Parecia inofensivo e bonito, seu pelo brilhava e parecia pertencer ao ambiente. A cena que veio a seguir chocou Millar. O cervo, assim que abaixou a cabeça para cheirar a flor, foi surpreendido por um pássaro gigante, foi tão rápido que nem mesmo reagiu. Usando suas garras gigantes como a boca de uma escavadeira, sequestrou o cervo e o levou para acima das nuvens.

"Agora Millar, é a sua chance, pegue a flor." Consciência parecia muito interessada na flor.

Sem hesitar, ele levantou e correu em direção a flor e a arrancou do chão. Ela era muito gelada, e parecia que ele estava segurando um pedaço fino de gelo, a única diferença era que esse gelo deveria ser muito mais gelado que o normal. Sua mão até mesmo estava sem cor.

A felicidade de conseguir o tesouro durou pouco, outros três pássaros surgiram do céu, tendo como alvo, é claro, Millar. Eles investiram no jovem, que por pouco estava conseguindo desviar, apesar disso, as garras fizeram várias marcas superficiais em suas costas.

"Precisamos refinar isso agora, ou vamos morrer."

"Deixa comigo, se concentra em desviar dos ataques." A única mão que agora segurava a flor, brilhou, e ficou totalmente branca. Era a possessão da consciência. "Droga eu estou muito fraco para consumir ela de uma vez, segura ele por dez segundos, é tudo que eu preciso"

Millar já estava no seu limite, e mesmo com todas as mudanças que a ascensão causou no seu corpo, ele ainda não conseguia acompanhar a velocidade dos pássaros.

"Consciência, não demore!" Ele pulava para esquerda e direita, apesar de ter um corpo poderoso, sua experiencia em batalha era praticamente nula.

"Quase lá" Quando estavam perto de chegar a trilha que percorriam anteriormente, eles ouviram sons de cavalos. "Pronto, terminei, mas não vou poder te ajudar, usei energia demais, mas te vejo em breve, não morr..." A voz ficou cada vez mais baixa.

"Maldição, o bastardo me deixou aqui com esses animais." Um dos pássaros deu uma cabeçada em Millar, e ele voou em direção a estrada de barro. Ao mesmo tempo, uma carruagem surgiu, e passou por cima dele. Os pássaros ferozes, começaram a assoviar, como se estivessem rindo do garoto.

O móvel parou, e de dentro saiu uma figura feminina. Os pássaros pareciam ter encontrado um obstáculo difícil, e desistiram da caçada. Assim que eles deixaram o caminho de barro, a mulher puxou Millar, agora desacordado, para dentro da carroça. 

O Legado da EstrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora