Essa sexta, diferente das outras, eles não se viram pela manhã.
Foi inevitável a sensação de que faltava algo ao não ter o sorriso um do outro para começar o dia. Mas logo foi substituído pela ansiedade pelo final do expediente de cada um. Dean em seu estúdio de tatuagem e Castiel atrás de seu caixa.
Trancando seu local de trabalho, mais cedo do que o habitual, o Winchester foi em direção ao Impala. Com aquela sensação que tinha sempre que entrava no carro para ir à conveniência, onde encontraria o atendente de olhos azuis.
Já de longe pôde ver Castiel em pé o esperando. Quando o outro viu-o, abriu um sorriso que foi correspondido, inconscientemente, pelo que estava estacionando o carro.
- Espero que você beba, trouxe para a gente. - Disse erguendo uma sacola, com garrafas dentro, que segurava. Caminhando em direção ao veículo.
- Pode apostar que sim. Entra aí! - Disse, indicando o banco do passageiro para que entrasse.
Observou ele dar a volta pela frente do Impala e abrir a porta para sentar-se. Castiel estava com um sobretudo bege, diferente do colete azul do uniforme que estava acostumado a vê-lo usar. Estava lindo, guardou aquele pensamento para si.
- Até o carro combina com você… - O de olhos azuis comentou sorrindo. Não apenas finalmente conheceu o dono do barulho costumeiro que anunciava a chegada de Dean, como agora estava sentado dentro dele, ao lado do belo motorista de olhos verdes. Tinha um cheiro gostoso de couro ali.
- Se está tentando me conquistar pela baby… Está no caminho certo. - Declarou o Winchester todo pomposo.
- Baby? - Castiel perguntou, com a cabeça levemente tombada por curiosidade.
- É o nome dessa gracinha aqui. - Ao dizer essas palavras, deu uns tapinhas no painel à sua frente.
- A última coisa que imaginaria era que você dava nome a carros. - Decreta rindo.
- O que quer dizer com isso? - Dean fingiu indignação.
- Te olhando de primeira com todos esses piercings e essa cara de mal, confesso que não imaginaria esse seu lado. - Declarou de modo cúmplice.
- Cara de mal, é? - Deu risada do comentário do outro.
- É… - Ficou admirando-o por uns segundos. - Mas o verde cai bem em você.
Claro que não tinha deixado passar a nova cor que Dean tinha pintado o cabelo. A cor que dissera ser sua preferida. Não esquecendo da camisa Eu vendo crack para CIA". Castiel não ligaria de poder vê-lo usar todas as camisas que ele tivesse.
Pôde vê-lo corar ao seu lado pelo comentário que fizera. Então acompanhou ele levando a mão até o rádio e logo depois ouviu “You shook me all night long” do AC/DC tocar. Não foi uma surpresa o gosto musical do outro, na verdade, o agradava muito poder estar conhecendo esses pequenos detalhes do rapaz.
Ao ouvir o motor sendo ligado, perguntou:
- Vamos para onde?
- Na real eu não tenho algo planejado. ‘Tava só pensando da gente sair por aí sem rumo… - Sugeriu tranquilamente enquanto focava sua atenção na estrada.
- Não sei se seria muito adequado sair sem rumo com um até então desconhecido… Mas eu topo. - Falou de modo travesso.
E seguiram assim por todo o trajeto, conversando coisas banais, enquanto o sol começava a se pôr no céu que ia escurecendo aos poucos.
Dean, então, parou o carro no que parecia ser um morro que dava para ter a vista de toda a cidade iluminada pelas luzes das ruas. Saiu do banco do motorista e caminhou até à beira, dizendo para o de sobretudo, que havia acompanhado seus passos até ali:
- Eu sei que não é um lugar muito adequado para um primeiro encontro, mas realmente gosto de como as estrelas parecem estar mais perto daqui de cima.
O Novak prestará bastante atenção na constatação de que aquilo estava sendo, oficialmente, um primeiro encontro. Atentou-se à visão que tinha dali, era lindo. O ambiente calmo, podia-se escutar os insetos ao fundo e o balançar das folhas, tinha pequenas árvores ali fazendo com que o ar tivesse uma gostosa brisa fresca.
- Fica tranquilo, eu curti. Não fazia ideia da existência daqui.
Enquanto voltava para pegar a sacola que Castiel trouxera, relatou:
- É bem especial para mim, sempre vinha de bicicleta quando mais novo com meu irmão. - Era nítido o carinho dele ao dizer aquela frase. - Já até fizemos piquenique aqui.
Com as bebidas em mãos sentou-se no capô do carro, encostando-se no parabrisa. Chamando o de cabelos negros para fazer o mesmo, este que logo o acompanhará. Após sentar-se, o Winchester lhe entregou uma garrafa de cerveja.
E ali sobre o Impala, banhados pelas luzes das estrelas, podendo ouvir os rocks que tocavam num volume baixo na rádio, eles conversaram sobre suas vidas, descobrindo pequenos detalhes um do outro. O de sobretudo escutou o outro contar sobre sua paixão por filmes de terror e como isso influenciou sua carreira de tatuador. Houve muitos relatos sobre seu irmão mais novo, notava-se muito amor em todas suas falas. Ah, também descobriu que ele era obcecado por tortas. Pensou consigo mesmo que queria poder um dia fazer tortas para Dean.
Já no escuro da noite puderam ver vários pontinhos de luz surgir ao redor. O Winchester pôde ver os olhos azuis brilhar em admiração. E ele soube que Castiel amava vagalumes, assim como amava as abelhas. Até mesmo lhe disse que criava no quintal de sua casa.
- Cass, o que você acha das estrelas? - O de cabelo colorido perguntou do nada, com o olhar perdido na escuridão do céu azul.
Castiel não prestara muita atenção na pergunta, seu foco estava no apelido pelo qual o outro o chamara. Nunca ninguém havia se referido a ele daquele modo. Mas saindo da boca do rapaz ao seu lado parecia soar tão...certo? Tudo que vinha de Dean era como doce para si. Foi quando pegou-se encarando a boca do cara ao seu lado.
Com ele estando de perfil podia notar as delicadas sardas que se espalhavam pelo nariz, onde também brilhava um piercing; as costeletas e o cavanhaque realmente caiam bem nele, assim como aquele cabelo verde que harmonizava com os olhos da mesma cor, estes que ganhavam destaque pelo lápis preto contornando-os. Foi esse conjunto que fisgou o atendente de caixa na primeira vez que o vira e era esse que continuava a prender sua atenção. Ficaria horas ali admirando cada mínimo detalhe do Winchester…
Podia ouvir ao fundo baixinho “I don’t want to miss a thing” do Aerosmith tocando, quando estranhando o súbito silêncio o que estava sendo observado virou o rosto olhando para si.
Castiel não pensou muito quando levou sua mão ao rosto do outro e juntou suas bocas. O Winchester demorou um pouco para captar o que estava acontecendo, mas logo correspondeu-o aprofundando o ósculo. Era um beijo calmo, tinha gosto da cerveja recém tomada por ambos. O de olhos verdes conseguia sentir a textura ressecada dos lábios de Cass ao contorná-los com sua língua, em seguida puxando o lábio inferior entre os dentes, parando com o ato ao colar suas testas e abrir os olhos para encarar o outro.
Ali naquela troca de olhares Dean notou que sua vida já não era mais tão monótona e que agora amava sextas-feiras. Soube que existia algo no mundo mais saboroso que o Monster que tomava ou as tortas aue tanto amava, e esse algo era os lábios de Cass.
Já Castiel se descobriu viciado em tudo que envolvia Dean Winchester. Desde as manhãs de sextas à suas camisetas, seus sorrisos e, principalmente, sua boca.
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E acabou. Fiquei meio frustada escrevendo porque perdi metade do capítulo que já tinha escrito ahsuhaush Mas foi uma aventura pra mim escrever essa história. Por partir de algo meio bobo e conseguir construir em cima daquilo. Aliás, eu não pensava que era tão difícil descrever um beijo haushaushs
Obrigada, de verdade, por todos os comentários. Vocês não fazem idéia do quanto meu coração se aquece a cada um que eu leio. Enfim, se você leu até aqui espero que tenha gostado! E queria agradecer por ter me dado uma chance, tirado uma partezinha do seu tempo pra ler essa fic aqui <3 ahsuhaush
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sexta-feira de manhã
FanfictionOnde Dean descobre que suas sextas-feiras são especiais não apenas pelo Monster que compra antes de ir para o trabalho, e sim pelo sorriso que o cara do caixa dava ao lhe desejar bom dia. E onde Castiel espera, ansiosamente, pelas sextas de manhã...