Capítulo 48 | Real ou Imaginário

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Existir, mas não saber o que é viver.
Respirar apenas por função.
Ter um vazio onde deveria estar sua alma.
Uma pessoa que não é capaz de amar, é alguém morto...

É complicado, é intenso, é lindo como nada que se possa comparar, profundo como arte. Às vezes enlouquecedor, às vezes devastador. É prazeroso, mas também doloroso... coração acelerado, pupilas dilatadas, adrenalina que eletriza nossa pele, é como se sentir realmente vivo.

Arte pura.

O amor é a nossa arte de corpo e alma.

- Doce Ruína.

[Rosé pov]

Eu não consigo lembrar como isso começou. Como ter uma gotinha de veneno implantada em suas veias... você não vai perceber nada até que ela se espalhe e chegue aos seus órgãos vitais... então, o problema já tem se tornado grave demais para ser evitado.

Quando percebi, os olhos escuros invadiam os meus sonhos no meio da noite. O simples som da sua voz já era o suficiente para me roubar o fôlego, a simples menção do seu nome fazia o meu coração estremecer no peito.

Eu não consigo lembrar do exato momento em que comecei a sentir isso. Talvez, não tenha acontecido de repente, e sim, aos pouquinhos.

Quando, sem sequer explicar o motivo, te dizem que algo é proibido para você, é inevitável, quase que automaticamente isso se tornará irresistivelmente interessante.

Eu podia ter ou fazer qualquer coisa, ir para qualquer lugar. Quando e onde eu quisesse, o dinheiro nunca foi um problema e desde que eu fosse responsável e não manchasse o imaculado nome dos Park, tudo era permitido, eles não se importavam. Qualquer coisa... qualquer coisa menos ela.

Minjung sempre foi um território proibido para mim. Eles diziam que ela sempre estava ocupada, sempre em alguma reunião, sempre resolvendo algum problema, sempre focada na empresa e em novos projetos e viajando a trabalho. Sempre. Eu não podia incomodá-la, não podia distraí-la, ameaçavam me castigar se eu me aproximasse demais, eu não deveria perguntar sobre ela ou sequer passar em frente a porta do seu quarto.

Com a desculpa de que eu serviria apenas para tirar o foco de Minjung dos objetivos que eram somente deles, ela se tornou a minha zona proibida.

Foi inevitável, todas essas regras absurdas servirão apenas para fixar ainda mais a imagem daqueles olhos negros em minha mente.

Graças ao colégio interno, eu a via apenas nos eventos da empresa, festas que nossa família sempre promovia quando era conveniente e ao final de cada mês, quando vinha passar o fim de semana em "casa" com a "família".

Nosso olhar passou a se encontrar entre os corredores vazios daquela enorme residência. Nos eventos, eu sentia o peso daquele olhar profundo e misterioso me seguir a noite inteira. Lembro de que quando era mais nova, eu me intimidava facilmente diante seus olhos negros, então sempre desviava rapidamente e sentia o meu rosto esquentar. Por causa do constrangimento, eu a evitava, mas à medida que fui ficando mais velha, eu comecei a superar isso. A curiosidade falava mais alto e quando me dei conta, meu olhar parou de fugir do seu, passando a mantê-lo sempre que a flagrava me observando, seja entre os enormes cômodos daquela casa ou durante as festas e jantares que nossa família organizava... até chegar o ponto em que me tornei um pouco mais confiante e passei a tomar a iniciativa de buscá-lo também.

Eu descobri gostar disso, de como sua atenção sempre se voltava completamente para mim, independente da situação... como se eu fosse mais importante para ela do que aquelas pilhas de relatórios e aqueles empresários que gostavam de falar difícil... como se eu fosse sua prioridade, mesmo que fossemos tão distantes naquela época.

Último Pecado | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora