UM BEBÊ EM MINHA PORTA | wangxian

5 - Acasos de uma manhã nunca imaginada

Wei Wuxian estava cochilando quando escutou um choro alto, fazendo-o erguer o tronco da cama com rapidez.

A-Yuan tinha acordado e devia estar com muita fome, sabendo disso, Wei Wuxian logo o pegou nos braços e foi bater na porta de Lan WangJi. Tinha ciência que o outro já devia ter acordado para o trabalho, o médico levantava costumeiramente de 05:00 todos os dias, até mesmo quando não tinha que ir para o hospital.

Lan WangJi abriu a porta poucos segundos depois.

“Ele está com fome, Lan Zhan.” - falou alto para sobrepor o choro de A-Yuan, entrando no apartamento. - “Já é difícil lidar com criança e sem a mãe por perto para amamentar fica ainda pior.”

“Eu fui no banco de leite perto do hospital.” - Lan WangJi disse fechando a porta.

“Oh céus. Ainda bem. Então dê logo a ele, minha cabeça está girando com os gritos dessa criança.” 

“Hm.” - retirou A-Yuan dos braços dele e foi até a cozinha buscar o leite.

Wei Wuxian observou cansado as ações calmas e equilibradas do outro. Lan WangJi ,sem mostrar nenhum desconforto ou dificuldade, fez A-Yuan tomar a mamadeira em poucos minutos.

O tatuador analisava aquilo de maneira desacreditada, pensando em como aquele homem conseguia ser tão impassível e tranquilo.

“Lan Zhan, você é mesmo humano?"

“...”

Lan WangJi o fitou com as sobrancelhas franzidas.

“Como consegue ficar tão calmo numa situação assim? E por que parece que você sempre está preparado para tudo? Só nessa madrugada você examinou A-Yuan, comprou fraldas e remédios para ele, foi no banco de leite e ainda está bonito. Parece que um caminhão passou por mim nesse momento.” - gesticulou para sua feição desgastada por não ter dormido direito à noite, verificando A-Yuan a todo momento.

“Se desesperar não ajuda em nada.” 

“Mas não tem como não se desesperar em uma situação dessas. Uma criança literalmente apareceu em minha porta. Minha única vontade é sair na rua e ficar gritando feito um lunático por não ter a mínima noção do que fazer nessa situação.” - suspirou colocando as mãos no rosto em frustração.

Foram muitas emoções para uma madrugada só. Eram muitos sentimentos inusitados que ele estava sentindo de uma vez.

Ele estava se inteirando aos poucos, levando sua vida calmamente depois de tantas batalhas que experienciou nos últimos anos e ,finalmente, fazendo o que ele mais gostava de fazer: desenhar e tatuar. Tinha até construído seu estúdio com o próprio esforço e mérito, a maioria das coisas estava se encaminhando bem apesar de seus problemas pessoais. Porém, esse evento da madrugada veio como uma bala de canhão feita para desestabilizar sua estrutura fraca que estava em processo de reconstrução.

Wei Wuxian sabia que não tinha psicológico, condição e porte para cuidar de um bebê. Ele não sabia nada sobre isso, aquilo era uma tarefa ,posta em suas mãos, fadada ao fracasso. Ele devia apenas ligar para a polícia ou a assistência social e acabar com isso, pois talvez fosse a melhor alternativa. Mas não conseguia.

Era algo que não se dava para explicar, mas o sentimento que ele teve ao ver A-Yuan remexeu tudo dentro dele e Wei Wuxian não conseguia deixá-lo apenas ir sem ter a certeza que o bebê estava com pessoas boas.

“Wei Ying…” - Lan WangJi o chamou de maneira delicada, notando seu estado. - “Ele precisa de amparo.” - ajeitou A-Yuan em seu colo.

“Eu sei, Lan Zhan. Mas eu não sou a pessoa certa para isso, estou começando minha vida agora e tenho certeza que você também tem suas ocupações.. É jovem ainda, está trabalhando em um hospital de renome, estudando e se especializando. Cuidar de uma criança com certeza bagunçaria seus planos.”