UM BEBÊ EM MINHA PORTA | wangxian

11 - Acasos de um passeio revelador

"Lan Zhan, se você se diz um médico infantil, por que você é adulto?" - gargalhou com a própria piada.

O médico apenas o olhou de esguelha e balançou a cabeça negativamente.

"É uma pergunta séria, tá bom?"

"Muito séria!" - debochou ajeitando A-Yuan que tinha acordado do seu cochilo matinal muito bem humorado, o bebê sorria toda vez que olhava para Wei Wuxian como se estivesse achando graça das suas palhaçadas. O tatuador se derretia todo.

Ainda era surpreendente para os dois homens a forma como o bebê ficou confortável com eles em pouquíssimo tempo. Tudo bem que ele ainda era muito novo para estranhar facilmente, mas não deixava de ser fantástico a forma como ele se conectou aos dois...como se simplesmente tivesse que ser assim.

"Lan Zhan, ando percebendo que você anda muito saidinho comigo desde ontem. Antes você simplesmente me ignorava ou me censurava, agora até debocha da minha cara. Para ganhar sua simpatia é só preciso de te dar um bebê?"

"Sem sentido."

"Tem sim, senhor certinho." - quase colocou o dedo em sua cara, mas se conteve por estarem descendo as escadas, seria preciso muita da atenção de Lan WangJi para descer justamente por estar com A-Yuan no colo. - "Antes de você negar de novo, me responda uma coisa."

Lan WangJi parou de descer as escadas e o encarou esperando que ele falasse. - "Diga!"

"Podemos ser considerados amigos agora?" - de repente surgiu uma pequena timidez ao indagar aquela questão, a qual ele estava reunindo toda sua face. Não era fácil para uma pessoa desavergonhada como ele se sentir como um adolescente à flor da pele descobrindo novas sensações presentes no mundo, mas ele se acostumaria. - "Sabe...acho que cuidar e trocar fralda de bebê nos deu um outro nível de intimidade. Um suficiente para sermos mais amigos e não apenas vizinhos que se implicam." - sorriu sem graça, olhando para os lados tentando disfarçar suas bochechas vermelhas.

O médico o olhou. Aquele jeito de olhar como se todos os seus segredos estivessem escritos em seu rosto. Aquele jeito intenso e visceral. De repente, Wei Wuxian não sentiu o chão debaixo dos seus pés.

"Sim!" - a voz carregava uma certeza absoluta e uma pequena camada, quase invisível sob a pele, de um sentimento além.

Wei Wuxian sorriu, um sorriso tão grande quanto um rosto poderia aguentar. Na realidade, os sorrisos do tatuador poderiam ser considerados sobrenaturais, porque era impossível alguém sorrir daquela maneira. Pelo menos para Lan WangJi.

A-Yuan soltou um muxoxo baixo com a boca, chamando a atenção dos dois que observavam lindamente a cena do bebê encarando o mundo à sua volta com seus olhinhos curiosos e grandes. Sem perceberem, os três entraram numa bolha somente deles e indiferente ao mundo por curtos espaços de tempo do espaço.

"Certo!" - Wei Wuxian se obrigou a dizer algo depois de sorrir mais uma vez para A-Yuan. - "Se eu soubesse que para ter sua amizade era preciso te dar um bebê, teria te dado muito antes e evitado muitas dores de cabeça, tem um monte de bebês por aí, era só pegar um." - brincou.

"Wei Ying!" - Lan WangJi repreendeu o fazendo gargalhar alto.

Eles passaram um tempo descendo os lances de escada com Wei Wuxian acalmando o peito depois das risadas intensas até que Lan WangJi estancou no lugar antes de caminharem até a portaria do prédio, o estimulando a interromper os passos também para ver se tinha algo errado.

"Nós já éramos amigos há muito tempo, Wei Ying!" - disse aquela frase inexpressivamente como se não fosse nada e depois seguiu na frente com A-Yuan.