"Nazistas não gostam de gatos!"

305 71 232
                                    

[ FRANÇA: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ]

Em uma casinha simples, nos bairros mais afastados do centro de Paris, viviam duas mulheres. Amantes do pecado de amar o mesmo gênero, diante das piores atrocidades que o mundo passava. Dois opostos que se atraíam, uma pena o contexto não ajudar o romance.

Chou Tzuyu era uma imigrante antes da guerra se iniciar. Sua família buscava apenas uma melhor situação de vida e bom, eles conseguiram. Seu pai tornou-se um ótimo empreendedor e sua mãe fazia muito sucesso como cantora em óperas. Porém, em 1940, quando os alemães dominaram a capital francesa, seus pais estavam em meio ao ataque e acabaram por falecer. Isso acabou com a saúde mental da garota. Ela iria completar 21 anos no mês seguinte. Fechou-se completamente, não tinha ânimo para muitas coisas, apenas trabalhava todos os dias em seu novo emprego, sem necessidade alguma, pois, a herança de seus pais era mais que o suficiente para suportar duas pessoas.

Dois anos se passaram desde o triste fato, a França ainda era dos alemães. Agora com seus 23 anos, seu ódio pela suástica era tão grande que não cabia dentro de si, todos os dias sentia seu estômago revirar vendo os soldados pelos bairros rindo e se divertindo. Respirava fundo e mantinha o foco. A garota sorridente e alegre que sempre apoiava os pais, tornou-se uma pessoa fechada, sorria por educação no trabalho. Era uma gerente de banco, conseguiu o cargo muito rápido por sua competência e conhecimento sobre contabilidade e economia.

   Im Nayeon, uma francesa requintada, era da alta sociedade. Conheceu Tzuyu em uma festa antes da guerra. Ela havia se encantado com a garota. Ao contrário da gerente, a francesa sempre sorria e tentava fazer as pessoas a sua volta sorrirem também. Seus dentinhos de coelho chegaram até a tirar um pequeno riso de Tzuyu em algum encontro. Ela era o sonho de qualquer um, mas desde a festa, o sonho dela era a Chou.

   Quando descobriu onde Tzuyu trabalhava ficou muito animada, queria reencontrar a mulher ao qual tanto pensava. Elas não se viam desde a morte dos pais de Chou, pois, a garota saiu da mansão dos pais, não queria ter memórias deles assim tão fortes. No momento em que bateu as 7 badaladas, Im já estava na porta do banco esperando a saída da mulher, o sorriso era tão marcante que Tzuyu reconheceu de longe, mesmo sem os seus óculos.

— Sente saudades da sua coelhinha? — Correu para abraçá-la.

   Tzuyu não retribuiu o abraço, mas também não possuía um semblante ruim com a presença da mais velha.

— Hoje eu quero que saia comigo! E não existe uma opção negativa para essa proposta. Just "yes or yes", baby! — Passou uma mecha do cabelo da Chou para trás de sua orelha.

— Faz tempo que não nos vemos e sua primeira proposta é sair comigo? Você é bem apressada, em coelhinha. — Sorriu, um dos poucos sorrisos que deu verdadeiramente em muito tempo.

— É! Porém, não vamos para qualquer lugar, vamos para a minha casa, quero colocar assuntos em dia com você. Se é que me entende. — Nayeon não sabia disfarçar seu rosto de flerte e isso fazia Chou rir muito e entre os risos retrucou:

— Ok, ok! Eu saio com você, mas não vai rolar nada, eu não estou com cabeça para isso hoje. — Coçou a nuca.

— Estar ao seu lado, já é suficiente para mim! — Deu um pulinho animada. — Vamos, entre no carro.

   Entraram no carro, por algum motivo, Nayeon não tinha levado seu motorista particular e preferiu dirigir ela mesma. Andavam pelas ruas de Paris e o estômago da Chou revirava ainda mais, parecia uma tortura infinita ver todos os dias aqueles nazistas de merda. Foi quando sentiu a mão de Im sobre a sua, olhou com os olhinhos levemente arregalados para o ato. Nayeon ainda olhava para a estrada. Tzuyu sentiu-se segura.

A FRANCESAOnde histórias criam vida. Descubra agora