— Você fica aqui, tá? — É a última coisa que digo quando deixo Jeon Jungkook sozinho em meu quarto.
Quietinho, ele assente meio envergonhado e se senta na beirada da cama, observando tudo ao redor.
Minha escolha se baseia no banheiro mais longe possível dali, preciso tomar um banho e tirar do meu corpo toda essa embriaguez gostosa, mas preciso admitir — mesmo que silenciosamente — que no fundo gostei da noite que tivemos.
Nem a água fria é capaz de tirar de mim essa sensação latejante de liberdade.
Por algum motivo, sinto-me livre e alegre como nunca, mas por fora continuo com a mesma carranca de quem sofreu no passado e continua vivenciando as consequências de um luto interminável.
Por que não consigo me sentir cem por cento feliz? Por que meu rosto insiste em exibir esse semblante sério mesmo que por dentro eu esteja razoavelmente bem?
Por que estou me ensaboando tanto? Digo, sempre me gabei por ter uma aparência decente e higiene impecável, gosto de manter meu corpo arrumado e cheiroso à todo momento, mas nesse momento minha pele já está à ponto de desgrudar do corpo de tanto que esfrego o sabonete!
Eu quero ficar arrumado para... bem, para...
Ele?
Céus, isso é maluquice.
Quando o banho acaba e aparentemente meu juízo também, não me sinto nem um pouco mais sóbrio. Eu me sinto, com toda a sinceridade possível, extasiado. Ansioso de um jeito bom, animado com o simples fato de uma pessoa como Jungkook estar me esperando em meu quarto.
Dessa forma, visto a primeira calça de moletom que encontro, e também uma blusa fina de mangas porque ficar no quintal por todo esse tempo acabou me deixando com frio. Quando me olho no espelho, tento dar um jeito nisso que tenho a coragem de chamar de cabelo, mas minha visão está razoavelmente desastrosa, o que torna tudo mais difícil.
Por isso, resolvo voltar assim mesmo, todo bagunçado e alterado.
E se imaginei que encontraria Jeon mexendo em todas as minhas coisas com seu jeito irritante e curioso, me enganei. O garoto, ainda estático, permaneceu sentado na beirada da cama, as mãos pousadas nos joelhos juntos e os olhos perdidos em um canto qualquer.
Tão confuso quanto eu.
Minha presença é imediatamente sentida porque faço questão de meter o joelho no batente da porta, quase me jogando no chão e xingando à plenos pulmões de tanta dor.
Jungkook, aflito (e segurando o riso, claro) logo se assusta, caminhando até mim com certa pressa, dizendo:
— Meu deus, hyung! Tudo certo?
— Talvez eu precise operar o joelho, fora isso tudo ok.
E ele não economiza na fofura ao responder: — Fofo.
Fofo? Eu?
Tenha piedade de mim, cacete.
Deus, se existe, realmente me jogou nesse planeta cruel somente para sofrer, principalmente agora que o moleque me fareja feito um cão todo dengoso, e me surpreende com sua fala:
— Que cheirinho gostoso, Jimin-ssi.
Mais um "Jimin-ssi" e eu não respondo por meus atos.
Céus, do que é que eu estou falando? Que tipo de pensamentos são esses?
— Hum... obrigado?
— Está melhor agora?
— Não.
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COLIDIREIS • jjk x pjm
Fanfiction"Nem que tentasse reunir todas as palavras presentes em meu vasto vocabulário referentes à amor, euforia, excitação e confusão, conseguiria formar uma frase condizente ao que Jeon Jungkook me fez sentir desde o momento em que meus olhos encontraram...