Capítulo 1

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Malia

Eu encarei Celeste, a rainha das fadas que havia solicitado a minha presença na sala do trono.

— Deve saber o motivo pelo o qual a chamei. -ela disse.

Os cabelos loiros cintilando sob a  luz do Sol que tocava sua pele branca, seus olhos azuis brilhando junto das suas belas asas cintilantes.

Eu assenti.

— Um pedido de aliança com o nosso reino foi solicitado por um Grão-Senhor de pythrian. —ela disse— e acho que já está na hora de termos contato com os irmãos que carregam parte do nosso sangue, os feéricos.

Eu assenti em concordância.

— Quero que vá até lá não só como a minha mais forte guerreira e comandante da minha elite de prata. —ela disse— quero que vá como emissária do reino das fadas.

Eu arregalei levemente os olhos, mas não questionei, era uma ordem, e eu tinha de cumprir.

— Como eu sei sobre o seu problema de socialização com as pessoas..

Eu encarei a rainha, a minha irmã com tédio e ela sorriu divertida.

— Como sei que você não gosta de falar com ninguém, somente o necessário desde... Desde o que você já sabe. —ela se perdeu nas palavras— eu informei aos grão-senhores que se quiserem falar com você, será mentalmente, e você decidirá o que falar ou não e quando falar.

Eu assenti mais uma vez.

— Você irá agora. -ela me comunicou.

Eu a encarei como se ela fosse louca.

— Essa é uma aliança importante, Malia, não quero questionamentos perante ela. -ela disse.

Eu bufei, assentindo, afastando uma mecha azul de meu cabelo.

— Estamos entendidas?

Um aceno positivo.

— Agora vá, e cuidado na travessia. -ela disse.

Eu sumi de lá, surgindo em meu quarto, arrumando as minhas malas.

Eram apenas cinco dias, o que diabos pode acontecer em cinco dias?

Muita coisa, porém nada que me afete.

Falarei o necessário com eles, como a minha irmã já havia dito, eu não sou de falar muito. E quando falo no máximo uma voz baixa ou um sussurro firme.

Não gosto de socializar, não gosto de ao menos ver a cara das pessoas. Parece que tudo que chega perto de mim é para me assustar ou para acabar comigo.

Foi assim no primeiro ataque ao nosso reino. Eu era determinada e cheia de vida, inocente.

Até que na noite em que invadiram o castelo, um grupo de machos do reino inimigo adentrou o meu quarto de forma silenciosa, o objetivo era me matar.

Mas o que era uma jovem fada pura e virgem diante de brutamontes de pensamentos negros e impuros? Diante de um bando de machos desgraçados?

Tentei lutar, tentei me defender, mas não impediu quando todos os cinco abusaram de mim naquela noite, e depois... Cravarem uma adaga em meu estômago.

Eles me deixaram jogada no chão, cuspindo em nojo em cima de mim, jurando que eu estava morta, mas eu não estava, estava paralisada de medo, dor e horror.

Desde aquele dia eu não sou mais a mesma, tenho medo de tudo, até da minha própria sombra, e mesmo com todos os traumas minha irmã me fez comandante da sua elite de prata, mesmo eu não merecendo, mesmo que eu não tivesse conseguido avisá-la do ataque com um grito, mesmo eu não ter conseguido ser forte.

Corte de Sombras e FeitiçoOnde histórias criam vida. Descubra agora