Two

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Point of view - Sn (Seu nome)

Nada do que aqueles velhos falavam me interessava, essas noites monótonas estavam começando a me enjoar. Babavam um pouco o ovo do meu pai e depois começavam os negócios. "Senhor Dekster, o senhor está muito bem", "Essa é sua filha? Lembro quando era apenas um bebezinho", a mesma baboseira de sempre.

Me afasto um pouco de meu pai e ando em direção a área da piscina, do lado de fora do grande cassino. Os azulejos em azul claro e um detalhado desenho de um grande lírio no fundo, iluminado por luzes que cercavam as bordas da piscina.

- Tão bonito... - eu amo lírios, a minha mãe me ensinou a amá-los.

- De fato, lírios são muito bonitos - escuto uma voz masculina suave atrás de mim e me viro rapidamente com o susto.

- Perdão - ele sorri, e que sorriso.

- Tudo bem, não foi nada - coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha, me sentindo constrangida, ajeito meu vestido e insinuo voltar lá para dentro.

- Você não precisa se incomodar comigo aqui, eu já estou entrando - ele me acompanha.

- Não, não é isso... - começo, ajeitando a bolsa em minhas mãos - Eu não estou acostumada com... Sabe... - me praguejo mentalmente por não saber formular a frase imediatamente.

- Mafiosos? - ele fala na intensão de completar minha sentença.

- Que não sejam velhos, barrigudos, feios e pinguços, é, não - solto olhando para o chão e ajeitando meus pés no salto.

Percebo que seu olhar vai na mesma direção que o meu e talvez ele consiga perceber o quanto meus pés estão cansados.

Sua imagem ajoelhada aparece em meu campo de visão. Bingo.

- Se me permite - ele solta o fecho do meu salto prata e lentamente o retira de meu pé, logo faz a mesma coisa com o outro sapato.

O contato de sua mão fria com minha pele faz meu corpo ter espasmos, mas não emito nenhuma reação.

- E eu vou ficar descalço? - o olho com deboche.

- É melhor do que chegar em casa com os pés sangrando, quer dizer, os sapatos são lindos - me olhando de baixo, seus olhos chegam aos meus - Eles precisam de você para ter valor, mas você não depende deles pra ficar bonita - ele se levanta com os meus sapatos nas mãos - Mas se você quiser, eu posso ceder os meus sapatos.

Olho para a mesma direção que ele, sapatos sociais de couro levemente pontiagudos ele calçava.

- Ah, não, obrigada - sorrio sem humor - Acho que eu devia ter trago algum tênis, ou até mesmo chinelos, não acha? - levo meu olhar ao seu novamente e me arrependo imediatamente.

Seus olhos azuis parecem ficar ainda mais reluzentes ao serem iluminados pela luz da piscina, por um momento me perco reparando em como sua íris azul bebê era delicada e alguns feixes em branco eram perceptíveis deixando os olhos tão bonitos, a pupila escura dilatava, tão sombrio, tão intenso...

- Aceita? - pisco algumas vezes, sacudindo a cabeça e saindo do meu transe.

- Ãhn? O que? Desculpe, eu não te ouvi... - sinto o rubor em minhas bochechas e abaixo meu olhar novamente, ouvindo a risada baixa do homem em minha frente.

Fogo e Gasolina - Josh BeauchampOnde histórias criam vida. Descubra agora