Teus traços, teu amor, teu existir

Um - Luz da tua alma

Eu tinha escrito uma história muito similar no outro site, mas quando perdi a conta, perdi o plot pq não salvei 😊

Enfim, espero que gostem dessa minha duoshot.

Um beijo

** ~~ * ~~**

Duas horas da tarde em Paris, mas por conta da densa neblina que cobria a cidade, aparentava ser mais tarde. Estas mesmas horas que se passavam, minutos, segundos pelos quais Marinette olhava em seu relógio, presente de seu pai quando ganhara o premio da Gucci s por ser a modelo mais bem sucedida, era lindo e quer dizer, papai nem precisava ter feito isso, só o seu cachê já compraria vários daqueles! De qualquer forma, era algo memorável. Como tantas outras coisas em sua vida. Tanto quanto... Adrien.

Ele acabara de cruzar a esquina. Sempre com seu jeito pacato de se vestir, uma camisa social branca desabotoada, despojado, calças largas, cabelos longos presos em um coque frouxo. Nada se assemelhava aos homens pelos quais costumava compartilhar o ambiente, a mesa, a cama. Ele nem se quer estava perto de ser esse tipo de homem, porque era o seu melhor amigo. E quando se aproximou, não se conteve em sorrir e toma-lo um abraço apertado.

- Meu querido, que saudade!!

O ouviu arfar em seus cabelos soltos, uma vez que a pegou em sua cintura e retribuiu o abraço que lhe dava. Adrien estava sorrindo também, pois reconhecia o perfume que vinha de seus lábios quando ele fazia isso.

-... minha Mari... me desculpa a demora...!

-...não se preocupe. Eu cheguei a pouco. – afastando-se um tanto para contemplar sua face, sorriu mais ainda por perceber que o loiro em nada tinha mudado. - ... você até parece mais novo desde a ultima vez que nos vimos, está ótimo!

- Não faz tanto tempo assim...

- Mas pra mim pareceu uma eternidade.

- Pois eu te digo o mesmo. – dizendo-lhe, inclinou a cabeça para o lado para poder ver o corpinho de sua adorável amiga trajando um vestido preto limitado ao meio de suas coxas avantajadas. Tudo o que o separava da pele branca, era uma meia translucida. Marientte parecia uma boneca. – E você esta linda mon petit... Londres te fez muito bem.

- Eu que o diga. Milão não me rendeu tanto.

- Posso imaginar, mas não faço ideia de quanto uma modelo custa... apesar de que para mim petit, você não tem preço.

- Ora... - Marinette riu franzindo seu nariz arrebitado, enfeitado apenas com um piercing de brilhantes quase em sua ponta. - Me minta que só diz isso pra mim.

- Eu não tenho como dizer à outra.

- Certo, certo. – ela continuava a rir feito boba, entrelaçando o braço ao dele. - ... vamos então meu caro, preciso aproveitar o máximo de tempo contigo.

- Eu sou todo seu.

Assim, os dois seguiram a um café que ficava nas proximidades. Sentaram-se em uma das mesas, realizaram os pedidos, conversaram amenidades. O tempo, que antes parecia frio e triste, parecia ter de repente criado uma áurea de calor e aconchego para ambos.

Enquanto que Marinette compartilhava com Adrien suas experiências como modelo, os desfiles, o glamour, ele, lhe mostrava suas aulas de artes, suas obras, as galerias, as exposições, os desenhos...

Desenhos estes que, quando foram parar nas mãos da pequena, arte pela qual ela era apaixonada, sempre fora, mais uma vez seus olhos se embriagaram daquele champanhe de criações vibrantes, de traços que pareciam criar vida de tão lindos e impecáveis.

Eram desenhos de sorrisos, de paisagens, de rostos, mãos, olhos... e corpos nus.

Folheando os cadernos de ilustrações um por um, aos poucos, foram parecendo corpos de homens e mulheres, silhuetas, desde conjuntos minimalistas até traços mais avantajados e bem mais detalhados, tais como um par de seios grandes pertencentes a uma mulher negra. Passando o dedo sobre estes, a mestiça sorriu encantada, sem olhar na direção do loiro que a observava atento.

-...quando fez estes...?

- Já faz algum tempo.

-...e essas pessoas, são conhecidas suas?

- Algumas. Outras são apenas modelos. Esta que esta vendo por exemplo, é uma cortesã.

- O que?! – na mesma hora ela o olhou incrédula. – Jura??

- Sim. A conheci em um bar. Estava chorando porque um homem a havia agredido. Eu ofereci para que fossemos a uma delegacia, e acabamos amigos... quando mostrei meus desenhos, ela me pediu para que eu a desenhasse. E acredite ela me pagou, mesmo eu recusando.

- Adrien, meu Deus... que.. que magnífico! Eu não sabia que trabalhava com nu artístico.

- Bom, um desenhista, trabalha com qualquer tipo de arte de forma... seja uma natureza morta, ou ela viva, como envolta de nós... eu poderia desenhar esse momento por exemplo, o que você acharia?

- Mas eu iria achar perfeito!!! Melhor do que qualquer fotografia que o meu celular poderia tirar!

- Pois é exatamente a forma que eu penso. – olhando para o lado, como estavam bem perto, Adrien avistou o Louvre e sorriu de lado para Marinette. – ... você ainda tem tempo para me acompanhar a outro lugar?

Olhando na direção do museu, Marinette fechou um sorriso entendendo o que Adrien estava lhe propondo.

- Claro que sim.

Sendo assim, ambos seguiram ao museu, e passaram então a visitar suas galerias, seus salões, avistando as obras de arte que ali estavam acomodadas. Haviam diversas imagens, quadros e obras de vários dos mais renomeados artistas da humanidade.

Tudo tão belo... Marinette não se conteve em murmurar, ao contemplar Monalisa.

-... o rosto dessa mulher, está imortalizado para sempre nessa imagem. Ela jamais será esquecida... nem sua beleza... nem seu sorriso por que Leonardo, a colocou aí para a história.

Aproximando-se e ficando ao seu lado, Adrien também observava a pintura diante dos dois enquanto Marinette continuava a falar.

- ... a forma que esses homens pintaram suas mulheres, sejam elas apenas suas modelos, ou suas amantes, foi e ainda é muito mais imponente do que qualquer fotografia.

-...você tem razão.

- ... eu tenho sim, porque sei do que estou falando. O mundo que vivo, o mundo das passarelas, dos desfiles, das imagens de capa de revista... não possui o mesmo sentido, a mesma intensidade de valor que esse quatro por exemplo pode possuir. Quer dizer... – ela sorriu, um pouco apática. - ... a minha imagem, não será lembrada como a de Monalisa.

Por um breve instante, Adrien se manteve em silêncio até fazê-la se virar gentilmente para sua frente. - Não fale assim. Sua beleza é motivo de inspiração para muitos.

-... Adrien... do que me adianta isso... se eu não tive a chance de ser retratada com essa mesma luz... com a luz da minha alma...

-...então...

-... o que as fotos, o que a passarela elas podem-

- Eu, posso ter a honra de poder te retratar como esses pintores fizeram no passado?

-...você...?

- Sim. – apertando-lhe os ombros com delicadeza para que tivesse concitação de suas palavras, o loiro sorria. - ... eu quero fazer um quadro teu.

Os lábios de Marinette tremularam antes que ela pudesse soltar o ar, e decidir através de um pedido, o seu desejo.

- ... eu adoraria...mas... que seja o meu eu verdadeiro.

- O seu verdadeiro... eu...

- Sem mentiras. Sem roupas que enaltecem minhas curvas, sem maquiagem... será apenas eu... seus olhos, seu lápis no papel.

- Então você...

- É isso mesmo Adrien. Quero que me desenhe nua.