Com o máximo de cuidado, o rapaz empunhou o arco e puxou uma das poucas flechas em sua bolsa, mirando-a em seu alvo. Em seguida, deu dois pequenos passos para a frente, se escondendo atrás de um pequeno arbusto.
— Você é meu... — comemorou ele num sussurro.
O cervo levantou as orelhas e olhou ao redor, analisando minuciosamente os arredores. Sem encontrar perigo, voltou a pastar, comendo pequenas porções de grama.
O jovem deu um suspiro de alívio e voltou a concentrar-se. Uma brisa fez-se presente e as folhas farfalharam. Em pouco tempo, a mira de seu arco encontrava-se sobre a cabeça do animal e ele estava pronto para disparar a flecha fatal.
— LUCIUS!! — Uma voz já conhecida ressoou pelos ouvidos do rapaz e, com certeza, por metade da floresta, lhe causando arrepios.
O cervo assustou-se e o rapaz disparou a flecha rapidamente, errando por pouco o alvo, que fugiu às pressas dali, saltitando mata a dentro.
O jovem caçador se levantou com uma veia quase saltando da sua testa e se virou, dando de cara com os culpados da fuga da sua presa. Ele os encarou com um olhar de reprimenda, mas os dois o fitavam com um sorriso inocente no rosto que o desarmou por completo de qualquer que fosse sua ira.
— Pelos deuses, meninos! Já não disse para não me atrapalharem durante as caçadas?
— Não foi culpa minha, Lu! Foi o Hugo que me arrastou até aqui! — denunciou a pequena garota de cabelos castanhos e olhos brilhantes.
— Eu?! Só te trouxe aqui porque a mamãe não parava de me torrar a paciência perguntando sobre o Lucius... — Defendeu-se Hugo, passando as mãos sobre o cabelo de fios negros. — Aliás, você sabe que ela não gosta de suas longas caçadas!
— Cof! Cof! — O rapaz deixou uma pequena tosse escapar e então continuou: — Vamos para casa, o dia não foi nada produtivo... Agora venha aqui, sua danadinha!
— Você está doente, irmão? ㅡ
— indagou Gaby.— De jeito nenhum! Foi só uma tossezinha...
Com um olhar exausto, o irmão mais velho colocou o arco nas costas e agarrou a pequena, levando-a nos ombros. A menina abriu um grande sorriso, como se estivesse nas nuvens.
— Gaby, só tenta não gritar tão alto da próxima vez, está bem? — explicou Lucius pela centésima vez naquele ano. — Pode fazer a diferença entre uma boa caçada e um dia gasto inutilmente.
A garota concordou, mas logo voltou a se distrair com os vagalumes que começavam a lotar a floresta com o piscar de suas pequenas luzes.
Mais um dia se findava e os três irmãos dirigiram-se para o pequeno vilarejo onde moravam, um local isolado num vale coberto por uma grande floresta e que ligava-se ao resto do Reino de Highwall por uma longa estrada de terra quase sempre deserta.
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O Despertar da Praga
FantasyHighwall foi o primeiro reino a cair. Depois, os demais foram sucumbindo, sendo consumidos aos poucos pela praga letal. Lucius acorda e se vê em meio a um caos total, seu pequeno vilarejo fora dizimado e sobrara somente o rastro de sangue. Agora...