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20 de Outubro, 2019.

No dia seguinte, sua folga, Roseanne passou o dia inteiro dentro do seu quarto. Não ousou levantar nem quando ouviu a voz baixinha de Jennie, logo pela manhã, e se sentiu ainda mais terrível com o tom preocupado do outro lado da porta.

Rosie, você está bem?

Vem pra sala assistir filme comigo.

O Kuma está dizendo que está com saudade.

Mas Roseanne não se mexeu, ao menos abriu a boca. Nem quando a voz séria de Jisoo soou do outro lado da madeira depois de três toques seguidos.

Chaeyoung, está tudo bem?

Acho que você precisa comer.

Jennie está começando a ficar bicuda e eu tenho certeza que ela vai começar a chorar, você não quer isso, né?

Mas Rosé não respondeu, e então ela desistiu.

O dia estava relativamente quente, mas Roseanne não ousou se mexer embaixo das cobertas. Chaeyoung não queria viver a vida que tinha depois daquela porta, só queria ficar ali, no seu quarto, depois de uma noite inteira de um choro meio desesperado.

A ilusão de que se ficasse naquele quarto, o resto do dia inteiro, repetindo sem parar, como o mantra de sua vida; Você não tem que ficar assim, nem tudo é só sua culpa. Parecia encantadora para a nossa pequena princesa.

Seria melhor se ela acreditasse nas próprias palavras, se seu interior não se rompesse toda vez que lembrava com o que lutava, dia e noite.

Nesse momento tudo virou seu ponto fraco, tudo se tornou sua ruína, tudo, a partir de agora, era motivo de dor para aquela pequena alma. Sua melhor amiga chorando, largada no sofá da sala, porque estava de tpm e preocupada com a amiga. A namorada de sua melhor amiga a consolando, com aquele olhar de que sabe de tudo que está acontecendo. E talvez ela realmente soubesse, não era tão difícil perceber.

A garota alta e morena, com o nome Joy, que conheceu na noite anterior e ficou deveras animada quando Roseanne disse que pensaria sobre voltar pra faculdade. Sua amiga Seulgi, que passou a amar o preto, porque isso significava amar Roseanne, se prontificou a amar um sentimento que odiava, só porque aquilo era o que sua amiga é. Somi, a namorada, que a amava como uma irmã.

Lisa, sem comentários. Roseanne não podia, não queria, pensar em Lalisa. Não queria sentir aquela queimação na garganta, aquele sentimento de angústia que a devorava como um monstro sem pena.

O diabo de sua vida vestia Celine, andava num Jeep, fedia a cigarro e suor, os olhos escuros e dançava como ninguém. Era bruta e sem escrúpulos, xingava como uma inimiga da língua inglesa e proclamava aos quatro cantos o quanto Rosé era gostosa. O Deus do seu momento era uma mulher simples, andava de pijama pela casa e amava a namorada, era uma ótima conselheira e sempre estaria lá por ela, com uma franja tão malditamente alinhada que chegava a ser um pouco irritante.

Lisa significava as duas facetas de sua vida, os dois lados que brigavam entre si dentro do seu interior pra saber quem era o mais destruído. O lado da mulher simples e melhor amiga, que tinha aprendido a só levar tapa na cara, e ficar calada. Ou o lado do seu diabinho e amante, que se sentia sujo todas as manhãs em que acordava na cama com o corpo nu ao seu lado.

E se todas as vezes que pensasse em Lisa fosse assim, ela queria muito que ela sumisse de sua cabeça. Pedia a ninguém em específico, talvez um ser místico ou Deus, o universo, que fizesse ela ter uma lapso de memória e a única memória afetada fosse Lisa e suas personalidades. Seria tão mais fácil.

That WayOnde histórias criam vida. Descubra agora