Capítulo 1 -

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Todas as manhãs durante a semana, Paulo gostava que a família se sentassem juntos à mesa, para tomar café, era ele que levava a Raquel e o Guilherme para a escola

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Todas as manhãs durante a semana, Paulo gostava que a família se sentassem juntos à mesa, para tomar café, era ele que levava a Raquel e o Guilherme para a escola. A escola ficava na cidade, era um percurso longo, por isso Kel tinha que acordar às 5H. O Gui, sempre esperava por eles na porteira, era ele quem a abria e fechava. Ela não gostava muito de ir para a escola, não era popular, não tinha muitos amigos por lá, para falar a verdade, sua única amiga era a Silvia, ela não a julgava por morar na fazenda e nem a chamava de caipira como as outras garotas. Talvez seja por isso que ela ainda não tinha encontrado seu lugar no mundo, não se sentia parte dele, parecia estar nele por engano. 

— Bom dia, Kel, animada para aula? — Gui perguntou ao entrar no carro. 

— Não, lugares com muitas pessoas me assustam. — Ela forçou um sorriso. 

— Às vezes acho que sua filha é autista, seu Paulo. — O garoto riu. 

— Pode ser, Guilherme, é uma explicação razoável. — O pai piscou para o garoto que estava sentado no banco de trás. 

— Não sou autista, só que as garotas não gostam de mim. Me chamam de caipira e não querem ser minhas amigas. Você, Guilherme, vive em uma fazenda como eu, mas nunca vi ninguém caçoar de você. — Ela virou o pescoço para olhar nos olhos dele. 

— Kel, pode ser coisa da sua cabeça. As pessoas também brincam comigo sobre várias coisas, a diferença é que eu não dou bola. Percebi que quanto mais a gente dá bola, mais elas zoam. 

Ele estava sentado no meio dos bancos da frente e a olhava sério. 

— Tá vendo, minha filha, tudo é questão de saber levar. Ignora essas meninas, elas que estão perdendo por não quererem amizade com você. Estava com os olhos fixos na estrada de terra, tinha vários buracos e eles balançavam nos bancos enquanto ele passava cauteloso, tentando desviar deles. 

— Comigo não funciona ignorar, elas já fazem isso o tempo todo, não falam comigo! 

— Pelo menos você tem a Silvia, ela é gente boa e sempre defende você dessas meninas. — Gui apertou seu ombro a motivando. 

— Olha crianças, a vida é dura mesmo e quanto mais cedo vocês aprenderem a lidar com ela, menos vão sofrer. 

Ele ligou o rádio e começou a tocar uma música que falava: 

"Oh, impressionante, infinito 

E ousado amor de Deus 

Oh, que deixa as noventa e nove 

Só pra me encontrar 

Não posso comprá-lo, nem merecê-lo 

Mesmo assim se entregou 

Oh, impressionante, infinito 

E ousado amor de Deus." 

Retalhos - Suas escolhas determinarão o seu destino!Onde histórias criam vida. Descubra agora