Capítulo 05

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Eu tinha fechado a loja mais tarde. A melancolia do meu ser me fez trabalhar um pouco mais, além de que eu tinha vestidos para terminar.

Mas nada que uma bela taça do licor de cereja sem álcool da minha mãe não resolvesse.

Uma ideia maluca brilhou na minha mente quando passei com o vestido em frente ao espelho.

Ninguém além de mim saberia mesmo. E somente por isso experimentei o vestido de noiva.

O caimento da saia precisava de um ajuste, assim como o busto. Fora isso, estava maravilhoso. Comemorei tomando mais um gole do licor.

De maneira oposta ao o que eu esperava, a taça não parou em cima da mesa. Não. Ela se espatifou no vestido, manchando o tecido branco de um vermelho vivo.

Por um momento não fiz nada a não ser encarar a minha arte.

Respirei irregularmente.

— Ah não. Não, não.

O que eu faria agora? Como tiraria aquela mancha enorme do vestido?

Nicole! Ela saberia o que fazer. Digito rapidamente um pedido de ajuda.

Minutos depois ouço batidas na porta e vou desesperada abrir.

— Que tipo de pessoa pede ajuda e deixa a porta trancada? — A voz de Nicolas ecoa pela loja vazia.

— O tipo de pessoa que não quer que um estranho entre aqui às onze da noite? — Disparei. — O que você faz aqui?

Ele franze as sobrancelhas.

— Você me chama e eu que tenho que saber?

— Não chamei você. — Abro as mensagens no meu celular.

Como eu podia ser tão tapada assim?!

Mandei mensagem para a pessoa errada, eu queria chamar Nicole e não Nicolas.

— E o que foi isso? — Ele aponta a bagunça. — Matou o noivo dessa vez? — Brinca, confortavelmente sentado em uma das poltronas.

Suspiro ainda em desespero.

— Confundi os nomes, era para a Nicole estar aqui!

— E por que ela?

— Por que ela é mãe, e as mães sabem resolver as coisas.

Nicolas lança a cabeça para trás e então gargalha alto.

— É, e a sua vai esganar você.

Quis jogar o celular nele, mas me contive. Pelo contrário, me deixo cair na outra poltrona enquanto resmungo cansada.

Nicolas parece se compadecer, porque para de rir e se inclina na minha direção.

— Olha, eu não sou mãe, mas talvez possa te ajudar — ele diz e faz uma pausa para, talvez, pensar em algo. — Vamos sair amanhã bem cedo.

— Fala sério. Acha mesmo que um encontro, ou seja lá o que, vai resolver isso? — Desdenho.

— Eu não disse nada sobre encontro, mas se prefere chamar assim. — Nicolas dá de ombros com um sorriso. Reviro os olhos. — Vou ajudar a arrumar essa bagunça, amanhã resolvemos a bagunça do vestido.

E como prometido, ele me ajudou a limpar a confusão que eu havia feito. Depois disse que precisava ir embora. Fiquei sozinha na loja com os meus devaneios.

Nicolas vinha se mostrando gentil e cavalheiro, as vezes sem nem mesmo perceber. Ele também não tinha se afastado após saber dos meus três amores não verdadeiros, muito pelo contrário, ele tinha dito que eu não havia estragado a coisa toda.

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