Capítulo 06

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Me olhei no espelho e me perguntei: Por que?

Por que eu havia feito aquele vestido idiota? Por que eu o vestia quando sentia meu coração tão pequenininho? Por que, desde pequena, um dos meus sonhos era me casar? Por que isso ainda não havia acontecido?

Sentada no chão de frente para o meu reflexo me fazendo perguntas das quais eu não sabia responder. Até que alguém bate à porta. Estranhei por já ser tarde da noite.

Peguei a primeira coisa que vi pela frente, uma escova de cabelo, caso precisasse me defender, e fui ver quem era.

Meu coração deu um salto, totalmente contra a minha vontade, quando vi Nicolas sorrir e acenar.

— O que faz aqui essa hora? — Perguntei ao deixá-lo entrar.

— Vi as luzes acesas e pensei em... passar para uma visita. — Algo estava diferente em sua voz, ou talvez no tom da mesma. Como se estivesse mais melódica, ou mais suave como veludo.

— Ah sim, claro. — Ri sem jeito.

Ele pareceu notar na minha roupa.

— Por essa eu não esperava. Não dá azar ver o vestido antes do casamento? — Ele deu uma risada. Suas bochechas enrubesceram quando ele se deu conta do que tinha dito.

— E como acha que a noiva vai saber se está bom ou não?

— Eu me referia ao noivo.

Dei de ombros sem entender como eu ainda não tinha corado.

— Vou me casar com um dos manequins, e eles não possuem olhos. — Brinquei.

Deslizei a mão pelo meu pulso para tocar a pulseira, um costume adquirido com o tempo.

Mas ela não estava lá.

— Minha pulseira! — Exclamei. Comecei a procurá-la desesperadamente. — Perdi minha pulseira.

— Calma, nós vamos achá-la. — Ele deixou a sacola que carregava na mesinha perto das poltronas e passou a me ajudar.

Refiz meus passos por toda a loja e nada. Procuramos em cada cantinho pela bendita, até sacudi meu vestido para ver se ela não estava presa no pano.

Eu não podia perder aquela pulseira nunca. Era muito significativa e...

— Não está em lugar nenhum. — Suspirei sentindo meus olhos arderem com a ameaça de um choro.

— Deve estar na sua casa ou no seu carro.

— Eu sou tão desastrada — resmunguei. — Não consigo fazer nada direito!

Nicolas se aproximou de mim.

— Ei, isso não é...

Seus olhos focaram em algo atrás de mim. Antes que eu pudesse me mexer ele tocou meu cabelo e desprendeu dele a pulseira.

Depois sorriu enquanto a segurava na minha frente.

— Viu só, eu disse que acharíamos.

Senti alivio ao ver os pingentes balançando.

Nicolas silenciosamente tomou meu pulso para colocar a pulseira. Mesmo quando terminou ele não soltou minha mão e permaneceu observando a correntinha.

— Sabe o que lírios brancos significam? — Sua voz soou baixa.

— Amor incondicional... e verdadeiro — respondi.

— É. — Seus olhos subiram e focaram nos meus. Tão castanhos e profundos que era quase possível ver o que ele queria dizer.  Quase.

Contive meu coração galopante, desfiz o contato visual e puxei minha mão devagar.

Lírios para AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora