Na tarde em que Ana chegou em sua casa, depois de ter sido imobilizada e amarrada, ela foi brutalmente espancada até perder os sentidos.
Horas depois, ela despertou com o rosto banhado em sangue e dores por todo o corpo, seu raciocínio estava lento e ela foi se lembrando dos fatos lentamente. O quarto estava mal iluminado, e os olhos tremendamente inchados dificultava ainda mais a visão da mulher, mas ela tinha certeza de estar no chão do quarto.Ana tentou se virar para o lado, sentiu uma forte estocada em seu flanco esquerdo. O gosto metálico de sangue dominava sua boca.
Se apoiando sobre os cotovelos, ela conseguiu sentar para então se preparar para se pôr de pé, mas foi surpreendida com uma corrente que prendia seu tornozelo, a corrente estava fortemente amarrada ao pé da cama. Ana segurou a corrente firmemente com ambas as mãos e a puxou, sentiu uma onda de dor percorrer o seu corpo, mas nem a cama ou a corrente saíram do lugar, ela estava firmemente amarrada.Hélio segurava uma máquina de cortar cabelo, o homem caminhou em direção ao quarto assim que ouviu barulhos vindo de lá, os estrépitos de corrente e também alguns gemidos. Ele se sentia um pouco fraco, mas não ao ponto de não conseguir ensinar "boas maneiras" para a sua esposa. Ele abriu a porta e acendeu as luzes, se deparou com a mulher estirado no chão, ela estava ofegante e se assustou assim que viu Hélio, não só por vê-lo e saber que o homem estava morto há alguns dias, mas também pela aparência estranha que ele apresentava; sua pele estava extremamente branca e quebradiça como um solo árido; seus lábios, que um dia foram vermelhos, estavam num tom de amarelo grotesco, igualmente ressecados, chegavam a ter profundas rachaduras, mas sangue algum saia de lá; já o seu olhar estava irregular, como o olhar de uma pessoa que perdeu a sanidade mental. Ele olhou para Ana por alguns minutos, sem nada dizer; mantinha a boca levemente aberta, e era como estar na presença de algum demônio.
— Está impressionada com a minha aparência, mulher? Foi você que me fez ficar assim.
O homem levantou a mão, empunhando a máquina de cortar cabelos, e a ligou. Hélio segurou Ana com força, empurrando seu rosto contra o chão, apoiou o joelho sobre o braço direito dela, e então começou a passar a máquina pela cabeça de Ana, cortando vários tufos de seu cabelo. Ela se debatia tentando inutilmente se desvencilhar dele, mas o homem deslizava o aparelho por toda a sua cabeça. Ana começou a sentir a cabeça mais leve à medida que suas mechas eram cortadas, e agora metade de seu cabelo já havia sido cortado, e cobria boa parte do chão a sua volta.
Depois de ter deixado a mulher careca, Hélio a segurou de costas e lhe aplicou um estrangulamento. Ana sentiu seu fluxo sanguíneo ser interrompido, naquele instante ela achou que iria morrer; pontos prateados começaram a dançar diante de seus olhos, seus membros formigaram, ela estava prestes a desmaiar, mas antes disso o homem a soltou, ela caiu batendo a nuca contra chão, sua visão se tornou branca por alguns segundos, logo em seguida ela voltou a enxergar e recuperou os sentidos. Ana permaneceu no chão, olhando para o teto, enquanto ouvia a porta do quarto bater anunciando a partida daquele monstro. Ela finalmente estava sozinha novamente, pelos menos por enquanto.
Algo dentro dela dizia que ainda não havia acabado, que ela ainda iria sofrer muito nas mãos daquele homem.* * *
Assim que se recuperou e pôde pensar melhor no que faria de fato, Bia decidiu que o melhor a se fazer era pedir ajuda para Alice, mas o problema era como ela iria conseguir chegar até a casa da amiga, visto que ela morava a 15 quilômetros de distância de onde Bia estava. A garota apalpou o bolso, sentindo um arrepio gélido na espinha dorsal, em seguida um grande alívio ao notar que o seu celular estava ali. Ela retirou o aparelho do bolso, abriu um aplicativo de caronas e em menos de dois minutos um carro estacionou para pegá-la, sua sorte era que o cartão de crédito de sua mãe estava registrado no aplicativo. Bia se sentia cada vez mais aliviada conforme o carro se distanciava daquele bairro.
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Mate-me amanhã
HorrorAna Paula não sabe ao certo quando foi que seu relacionamento passou a ser abusivo e violento, mas tem a certeza de que precisa se livrar de Hélio, seu marido, e a única forma que ela encontrou para se livrar dele foi matando-o, mas estranhamente el...