Memórias perdidas

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   Vejo o lago e de longe e bonito de se olhar, o estacionamento não está muito cheio e tem alguns grupos espalhados, a medida que me aproximo ai sim percebo que alguns me olham sussurrando baixo, finjo não ver ou acho que finjo, sigo ate as barracas montadas em uma fileira ao redor de uma parte do lago, de cada um delas vem o cheiro bom de comida, acabo sentada em uma mesa com dois pasteis e um copo grande de refrigerante. 

   A noite tem tudo para acabar bem, mas a vida pelo visto não quer isso já que um pequeno grupo para próximo a mim, uma das mulheres eu reconheço já que de fato minha prima se parece com a mãe, mas se minha tia agora tem um rosto pesaroso e triste, minha prima e o apice da soberda e egoismo, não que eu possa julgar se levar em conta o odio que muita gente tem de mim, eu era pior do que ela. 

-E eu achando que a doida não ia sair por ai sozinha e ainda sem memória.

   Olho para ela rapidamente sem muita emoção, aparentar desdenho ou raiva pode e lhe dar a munição necessária para continuar a falar, só permaneço a comer meu pastel, mas ela não se dá por vencida se sentando a minha frente. A outra me diz para brigar com ela, diz para eu revidar por qualquer palavra dita, mas tento a suprimir, isso não seria uma atitude boa para limpar minha barra nessa cidade.

-Conta pra gente, isso tudo e mentira? essa sua perda de memória, não tem como alguém como você ter a grande sorte de se esquecer de como era uma coisa horrível, se esqueceu mesmo que deu em cima do meu namorado, de ser uma alcoolatra e louca? minha mãe pode ser idiota de não te contar a verdade, mas eu  quero deixar evidente que você e uma pessoa ridícula, e deve estar e mentindo, enganando todo mundo com esse fingimento de desmemoriada, deveria e ter morrido, teria feito um favor a nossa família.

   Coloca as mãos sobre a mesa se inclinando para frente, eu respiro devagar, tentando não guardar suas palavras, tentando não acabar brigando como já tinha feito com minha mãe no dia em que levou minhas poucas roupas e minha documentação, foi um dia bem agitado na clinica, tiveram que me segurar antes que eu avançasse sobre ela. sei que muitas mãe e filhas não se dão bem, mas seu não deveria ter ouvido tudo o que ouvi dela, não saber se eu merecia isso. Eu tive a imaginação bem fértil enquanto tentava agredir ela, foi mentalmente uma cena de agressão com muito sangue , gritos e nariz e dentes quebrados.

-Não sei o que minha mãe pensa que vai acontecer ao te receber, ela não vai ganhar o céu por causa disso, na verdade penso que vai e descer direto para o inferno.

   Bate as mãos rindo e se encostando na cadeira como se tivesse dito a coisa mais engraçada do mundo, mas foi só ridiculo mesmo, as pessoas estão olhando, todas parecem esperar o pior.

-já sei, porque então não começa sua redenção indo pedir desculpas por ter roubado um carro, o dono dele esta bem ali aproposito, e bem conveniente ele estar aqui, vai lá se redimir, mesmo que sequer mereça isso.

   Sua mão aponta em direção ao estacionamento onde há uma roda de pessoas bebendo e rindo, meu rosto vira no automático seguindo a direção exata. Realmente conveniente que logo ele esteja por perto, quais as chances? se bem que o núcleo de pessoas mais jovem dessa cidade e tão limitado que e difícil não acabar tendo todos em um mesmo lugar, tudo aqui e excasso para os mais jovens.

-E o mais alto de todos, um cara mal encarado, você e tão desgraçada que roubou logo aquele cara, meus parabéns.

  Então se levanta me deixando a encarar o cara que de longe não consigo definir muito suas feições a não se dizer que realmente e alto e a vejo logo em seguida indo embora rindo alto satisfeita com o que tinha me dito, esta claramente se achando a melhor pessoa do mundo para dar resposta a alguém, e nem foi a coisa mais ruim que eu li na verdade, o post sobre o acidente que encontrei na internet tinha coisas piores, o psicólogo brigou comigo por ter feito isso.