Capítulo XVI

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 Naruto não desceu do carro imediatamente, ficou parado lá dentro pelo que pareceram longos minutos antes de juntar a coragem que precisava para tocar a campainha da casa de Hinata. Seu coração palpitava freneticamente em seu peito e ele se perguntava se estava fazendo a coisa certa.

Sua conversa com Sasuke martelava em sua cabeça há dois dias e ele, obviamente, já não poderia mais atribuir à confusão de seus pensamentos à bebida daquela noite.

A porta se abriu, ele já não podia mais mudar de ideia. Não poderia voltar atrás.

- Naru? - Hinata perguntou surpresa ao vê-lo do lado e fora. Definitivamente não estava esperando por aquela visita. - O que está fazendo aqui uma hora dessas? - Ela parecia preocupada.

Ao encará-la Naruto sentiu suas dúvidas se dissiparem e aos poucos seu coração se acalmou novamente. Não tinha como não ser a coisa certa. Hinata era a principal motora de sua paz de espírito, valia a pena arriscar qualquer coisa por ela.

- Eu precisava conversar com você e não podia esperar mais um dia. Eu sei que está tarde, mas eu realmente precisava vir...

- Aconteceu alguma coisa? Entre, vamos conversar lá dentro.

Hinata ia se virar para entrar, mas Naruto segurou sua mão e a manteve ali, não queria perder um único segundo.

- Eu amo você, Hinata. - As palavras que saíram de seus lábios removeram de seu peito um peso que ele jamais havia percebido estar ali. - Eu já devo ter dito isso milhares de vezes, em inúmeras situações, mas dessa vez é diferente. Você sabe que é.

Hinata perdeu o ar por alguns instantes, o olhar de Naruto era quase triste, como se ele estivesse carregando uma preocupação que ela nunca antes notara estar ali.

- O que...? - Ela estava confusa. Entendia o que ele queria dizer, mas aquilo simplesmente não fazia sentido para ela. Não podia ser.

- Eu deveria ter preparado um discurso para isso, não é? - Ele deu um sorriso cansado. - Mas eu não conseguia pensar em nada além de vir correndo para cá. Eu não consigo mais, Hina. Não posso mais fingir que não estou completamente apaixonado por você.

"Por todos esses anos eu menti. Menti para você e para mim mesmo dizendo que nada nunca passou de amizade. Nunca estive satisfeito com ninguém, porque nenhuma daquelas mulheres era você. A comparação era inevitável. Nenhuma me fazia rir como você, nenhuma era tão interessante, tão doce, tão adorável, tão especial. Ninguém nunca poderia competir com o espaço que você ocupa no meu coração há mais de dez anos."

"Eu achei que seria suficiente ficar do seu lado, ser seu amigo, mas cada vez que eu passava um novo dia com você, mais eu queria desses momentos. Cada vez que eu ganhava mais um pedaço seu, mais eu te queria inteiramente para mim. Quando você quis encontrar alguém, eu entrei em pânico. Kiba, Toneri... Cada um que apareceu e pareceu te roubar de mim, me deixava louco. Louco porque eu não estava nem mesmo nessa competição. Louco porque eles eram uma opção e eu não. Como eu seria? Eu sou só o amigo de moral duvidosa para relacionamentos. Como eu poderia ser uma opção para você?"

"Mas eu não conseguia ficar só olhando, eu não consegui. Eu precisava saber como seria ter você nos meus braços pelo menos uma vez. Mas uma vez não foi suficiente, não foi nem perto disso. Eu não tirei você da minha cabeça desde o instante que entrei naquele avião na Rússia e voltei pro Japão. Você esteve nos meus pensamentos todos os dias desde aquela noite."

"E de novo eu não podia deixar de comparar você com as outras e dessa vez era infinitamente pior. Ninguém era interessante o suficiente para me distrair nem por uma única noite e, se eu conseguisse ir além das conversas, acabava ficando frustrado porque com mais ninguém eu teria a intimidade daquele dia com você, as conversas, a satisfação de estar com alguém que realmente me conhecesse."

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