Parte I

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Hoje, meus ex colegas de farda e amigos estão na minha casa, que fica próximo do mar, moro aqui sozinha desde o fim de toda aquela guerra. Todos me parecem felizes, exceto eu. Não que eu esteja triste, não totalmente, mas é que não estou tão animada como os demais presentes.
Connie e Jean estão pegando na areia, fazendo sei lá o que. História está na cozinha, fazendo um bolo com aquele seu enorme sorriso. Os outros convidados estão fora do meu campo de visão. Me encontro no corredor da entrada, sentada em frente a um retrato meu com aquele equipamento que não vejo a alguns anos, chamado dmt, ao meu lado está Pick.
- Como foi parar na "tropa de exploração"?- Ela falou essa última parte fazendo aspas com as mãos. - Aliás, como foi querer parar na polícia?- Droga, de novo as pessoas querendo falar sobre o meu passado.
- Sei lá, achei a ideia legal.- Mentira, sei bem o motivo de entrar na polícia.
- Certo.- Ela disse voltando a encarar o quadro, até descer seu olhar para algumas flores que se encontravam em um jarro  que estava em cima de uma pequena mesa. - De onde são? Quem te deu? Ou você comprou?
- Não sei de onde são e sobre as outras perguntas, acho que você vai ficar sem respostas.- Levanto indo em direção aos fundos da casa. E sim leitor, as flores eram presentes de Armin que vinha me visitar toda semana como uma mãe preocupada. E só não disse a verdade porque aquela mulher já estava me fazendo perguntas demais.
- Oi Mi. -Disse História com um lindo sorriso no rosto quando passei pela cozinha, respondi com um sorriso e um aceno de saudação com a cabeça.
Ao chegar nos fundos de minha casa, vi Armin brincando com sua cachorrinha, Zoe, antes que queiram saber o nome da raça, vou lhes falar a verdade, Não sei. Ele fazia carinho nela e depois corria da cadelinha, fazendo a mesma querer ir ao seu encontro assim correndo atrás do dono.
- Mikasa, vêm cá. - Procurei de onde vinha aquela voz, era Annie. Ela estava dentro da minha pequenina piscina.
- Diga. - Ela estava tomando alguma bebida em uma taça. Ela me olhou sem dizer nada. - Vamos diga logo.- Ao dizer isso a loira soltou algumas gargalhadas.
- Calminha, Mikasa.- Ela disse tentando se recompor. - Está bem, eu só queria lhe perguntar se você não estaria interessada em alguém? - Nossa que pergunta inesperada e irrelevante. Calma Mikasa, calma.
- Não.
- Não? - Apenas assenti com a cabeça.
-Certo... Olha é só que eu sei que realmente os homens não querem mulheres com um legado na nossa idade. - Um legado? O meu é de uma grande assassina.- Antes que pense que foi um insulto, não foi tá?! É só que eu acho que você devia dar uma chance para o amor, aliás, se dar uma chance. -Lhe olhei sem expressão mas no fim dei um sorriso.
- Esse é o efeito Armin?
-Pare sua sem graça. - Ela disse em meio a um sorriso nasal.
Saí em direção ao meu jardim, que eu orgulhosamente construir e cuido sozinha. Me perco em meus pensamentos, se Sasha estivesse aqui provavelmente diria que estava com fome e sobre o que Annie falou, diria para mim me divertir e ser feliz até não poder mais. Oh, Sasha te queria aqui.
- Só tem um homem no meu passado que é real suficiente para tocar nas minhas noites mais escuras. - Falei sozinha, o que é estranho, porque mesmo morando sem ninguém não costumo falar sozinha. Enfim, que droga só queria alguma coisa que levasse a dor das perdas. Pois mesmo com a companhia dos meus amigos às vezes me sinto só.
- Acho que você precisa consertar seu cata- vento. - Olhei assustada para Jean, ele tinha consigo o olhar que eu sei que ele só lançava para mim. Era de paixão, ternura e vergonha ao mesmo tempo. Me sentia mal por não conseguir retribuí esse amor.
- Certo.
- Quer que eu conserte isso para você? - Droga, não me faça te magoar.
- Não, eu acho que consigo fazer isso sozinha. - Disse em meio a um sorriso, para que ele não sentisse aquilo como uma repreensão.
- Certo... Eu vou indo.
Porque eles não entendem que só quero amizades? Paixão, romance não me interessam no momento. Até porque, às vezes o fantasma de um certo alguém vem me assombrar.

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