Apollo, o "fofuchinho".

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Diante todo aquele caos, os cientistas foram até um sargento que estara apoiado em sua viatura, aparentemente enviando um relatório à base.
- Senhor! - Chamou cientista superior, se referindo ao sargento.
- Aquela coisa descontrolada veio do seu laboratório? - Chantageou o sargento.
- Sim, ele veio! Por favor, nos ajude! - Mary disse na frente.
- O que acha que estamos fazendo, garota?!- Retruca o mais velho, franzindo o cenho em direção a Mary. - Estamos fazendo o trabalho que vocês deviam fazer, afinal, aquele bicho saiu do laboratório de vocês!
- Mas é sua obrigação defender a pátria, e isso obviamente inclui os cidadãos. - O cientista ergueu seus óculos com o indicador, respondendo ao sargento. - Além disso, você não deveria estar cumprindo suas obrigações neste exato momento? Mais maturidade, senhor.
Com a cara fechada e sem dizer uma única palavra em defesa, o sargento deu dois tapas leves no ombro de Mary como forma de despedida, antes de entrar em sua viatura para abandonar o local.
Os cientistas trocaram olhares duvidosos, até que resolveram caminhar em meio as ruas vazias e silenciosas de rosedale. Mary andava ao lado de seu superior, confessando a si mesma que estara a esconder seu pavor naquela cena.
Viaturas patrulhavam as ruas, soldados do exército guardavam as portas de cada casa da cidade, tanque de guerra eram posicionados em cada lado da cidade, snipers foram alertados. O que nada abafa o caso, é aquele imenso temporal de chuva, que aos poucos as nuvens cinzas desejavam tudo aquilo de si, o que era o mesmo que Mary desejava fazer.
Aquele silêncio desconfortável entre ambos os cientistas era o que mais provocava a imensa vontade da garota de abandonar o homem das poucas mechas grisalhas ao seu lado. O que logo foi quebrado pelo mais velho.
- Afinal de tudo, o que pretende fazer com o Apollo se reencontrarmos ele ainda vivo?- Perguntou o mais velho  mantendo o ritmo da caminhada.
- Eu não- Logo foi interrompida.
- Você sabe.
- Não é a obrigação de um cientista iniciante!- A garota levantou a voz.
- Sendo assim, o que você faz naquela faculdade, senhorita Mary?
O rapaz deixou a garota em seus pensamentos enquanto caminhava em sua frente.

[...]

  Em um outro lugar, pouco distante de lá, um batalhão invadiu um prédio cujo os funcionários haviam sido assassinados de forma selvagem e brutal, onde a principal suspeita era Apollo. Após a polícia de espalhar no local, investigando canto a canto, sem nem perceber aonde sequer estavam, a pessoa no último andar os fez encontrar.
  Senhorita Faina. A presidenta da Rússia, se encontrava afagando as orelhas do pequeno híbrido, que se optou por descansar no colo da mulher, o que causou pânico em todos oficiais presentes.
- Senhorita Faina, Afaste-se! - Gritou em direção à ruiva, que nem se importou em responder com toda a calma.
- Por que eu faria isso? - Respondeu a mulher. - Afinal de contas, quem é esse fofuchinho?
- Senhorita, é uma invenção do laboratório local, ele escapou e saiu matando todos ao redor! - Retrucou um policial, segurando sua paciência.
- Ei, garotos. Por que todo esse caos na cidade? Desfaçam-o e voltem à base. Posso cuidar muito bem do fofuchinho.
- Senhorita, você não entende o calor da situação! - Um rapaz que não teve a chance de continuar a procrastinar, gritou no final do pelotão.
- Vocês vão mesmo desobedecer ao presidente de uma forma tão monótona? Andem. Eu não dei mandato para quarentena. - Faina se levantou, ainda com o pequeno Apollo em seus braços, permaneceu firme. - Eu sei o que é melhor para o meu país. Sei o que é melhor para a vida do país. E tenho ciência que nenhuma vida deve ser descartada. - Permaneceu falando firmemente com os oficiais. - Por que não agem assim quando descobrem um novo psicopata? Vão ser como no "outro país", que comem nas mãos de um psicopata extremamente perigoso, e não prestaram esforços para os outros ao seu redor?!
- É diferent-
- NÃO ABRA A PORRA DA BOCA SE NÃO FOR PARA SE DESPEDIR, AQUI E AGORA!
Com a gritaria toda, Apollo acabou se despertando de seu sono nos acolhedores braços de Faina.
Ele envolveu seu braço nos pescoços da mulher, se abraçando para de proteger do pelotão. Com um olhar que entregava toda sua raiva, e um de seus braços cobrindo grande parte de seu rosto. Apenas seus olhos azuis enraivados eram o que ele permitia que o resto veja.
- Senhorita, você diz que nenhuma vida deve der descartada, mas esse animal em seus braços garantiu 10 ambulâncias lotadas! - Gritou um superior do pelotão, que Faina acreditara ser um sargento. - Isso é um país melhor?!
- Já pararam pra pensar que nesse exato momento, um assassino psicopata pode estar em seu próximo plano enquanto vocês estão aqui, protestando contra um animalzinho?- A presidenta continua. - Eu já falei. Não vão mudar minha mente, portanto, darei uma última chance para vocês saírem daqui, e assim encerrarem a quarentena.
- Mas-... - Uma outra voz mais aguda do pelotão foi interrompida.
- Apollo ficará comigo. - Disse a presidenta, sinalizando fim à discussão após dar suas costas aos soldados, voltando para dentro da sua sala.
Acredita-se que os soldados retornaram, e assim encerraram a quarentena. Os tanques foram recolhidos e as patrulhas retornaram às bases.
Enquanto o mundo exterior se desfazia do caos, Apollo e sua nova superior se encontravam em uma sala vazia, aonde somente ambos os corpos era a única coisa que preenchia as quatro paredes esbranquiçadas.
- Ei, Apollo. - A ruiva estendeu sua mão ao pequenino. - Sabe que pode confiar em mim, não é?
- ... - O pobre híbrido manteve silêncio.
- Você pode falar? - Após o rosto de Apollo ter se aproximado ao de sua mestra, ele cheirou seus dedos antes de se acomodar nos dedos da maior. - Pode falar comigo?
Novamente sem sucesso. A moça suspirou, então teve uma brilhante idéia. A ruiva abriu sua bolsa, logo após tirou uma barra de cereais. Ela virou o alimento para o garotinho, que recuou para trás na mesma hora, rosnando para a embalagem nas mãos da mulher. Faina caiu na risada ao ver a reação de Apollo à barra de cereais.
- Apollo, querido. Isso não vai te machucar. - Ainda sorrindo, a moça tentou confortar o cachorrinho.
Faina segurou as duas pontas da embalagem com os dedos, puxando as pontas para lados opostos para abrir o plástico. A guloseima se revelou como uma barra de cereais de castanha de cajú e avelã. Demorou para Apollo sentir o doce cheiro que vinha da "Arma" das mãos de Faina. Ele se aproximou pelo aroma.
- Pode pegar, é para você. - Disse a mulher, com um lindo sorriso nos lábios.
- Hum? - Apollo apontou com os dedos para a barra de cereais, questionando à ruiva.
- É uma barra de cereais. Você vai gostar, é a minha predileta. - Ela entregou a barra de castanhas ao pequeno menino-cachorro.
Apollo depositou uma lambida no doce, antes de tentar morder. Não era tão macio quanto Apollo pensava, mas era apetitoso, já que estava faminto.
Equanto o cachorrinho roía a pequena barra de cereais feito um osso, tinha seus cabelos afagados pelas gentis mãos da presidenta.
- Essa é sua primeira refeição, Apollo? - Perguntou a mesma ao menor.
- Eu... Acho sim. - Apollo respondeu com uma voz doce e gentil. Não sabia falar, então tentava relembrar as aulas que recebia duas vezes por semana enquanto estava dentro do laboratório. - É bom.
- Que bom que gostou. Prometo cuidar muito bem de você a partir de hoje. - Apollo fitou seus lindos olhos azulados nos olhos esverdeados de sua superior. - Reconheço o seu potencial para honrar a Rússia.
- Rússia? - repetiu Apollo.
- Sim, é aonde você mora. Eu reconheço que você protege seu país, pois você matou somente estrangeiros infiltrados da cidade. - A presidenta disse lentamente para que Apollo pudesse ouvir com clareza.
Essa frase é o que acendeu a chama no coração do garotinho, e essa chama inapagável queimava cada vez mais.

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