"Tão jovem e bela, estragou a sua vida nas drogas." - Sim, é o que costumo ouvir no meu dia-a-dia. Mas calma, eu não me considero toxicodependente.
Posso dizer que foram as circunstâncias da vida que me levaram até aqui, e eu apenas deixei levar-me...
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Acordei mal humorada, pois os acontecimentos do dia anterior ainda se faziam bastante presentes na minha memória. Provavelmente se fosse outra pessoa qualquer, já tinha tentado fugir para abandonar a organização, porém isso é o pior caminho que se pode tomar. A única maneira de sair das organizações é morrendo, pois a partir do momento que entraste o teu corpo, as tuas ações e até mesmo a tua alma pertence inteiramente à organização. Quando entrei estava ciente de todas as regras, e mesmo assim não era algo que me incomodava. Além dessa regra, existem muitas outras que muitos desistem de entrar numa organização por causa delas. É extremamente proibido teres relacionamentos fora da organização, a tua única família é pura e unicamente eles. É proibido ter relacionamentos entre membros da organização, pois isso iria trazer imensas chatices. É preciso apagares o teu lado "sentimental" por completo para que consigas sobreviver nesse mundo, embora esteja aqui à 7 anos nenhuma dessas regras me incomoda. A única coisa que me incomoda nesse preciso momento é o facto de que me tornei uma Nomad, é uma humilhação completa para o meu orgulho. Era algo que nunca tinha acontecido na história dos The Crips, embora já tivesse ouvido falar que tinha acontecido noutras organizações. Muitos que se tornam Nomads são expulsos da organização em que estão, pois nem a vida deles é suficientemente útil para a organização ter interesse de tirar. Aos olhos de todos Nomads são nada menos, nada mais que pequenos "vermes" na sociedade ilegal. E eu realmente sentia-me assim, sinto que perdi todo o valor que tinha e não era nada menos, nada mais que um verme para os The Crips.
Por mais que tente entender a decisão que Jax tomou, não consigo. Eu sei que a atitude que eu tomei pode não ter sido a mais correta, e sim, eu sou muito impulsiva e acabo tomando atitudes das quais me vou arrepender mais tarde, mas isso era realmente necessário? Era realmente necessário rebaixar-me a Nomad?
Senti alguém bater à porta do meu quarto tirando-me dos meus pensamentos mais profundos e depressivos.
- Quem é? – perguntei embora não muito interessada na resposta.
- Kim.
- Podes entrar. – resmunguei levantando-me da cama, e coçando o meu cabelo platinado que por falta da tinta, já começava a ficar preto na raiz.
