"Tão jovem e bela, estragou a sua vida nas drogas." - Sim, é o que costumo ouvir no meu dia-a-dia. Mas calma, eu não me considero toxicodependente.
Posso dizer que foram as circunstâncias da vida que me levaram até aqui, e eu apenas deixei levar-me...
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Segui Ethan até uns assentos pretos de veludo que ficavam de canto na parede. Por algum motivo esta era a área VIP, pois a sua decoração demasiado sofisticada para um ser humano comum qualquer. Todos os lá estavam naquele piso estavam bem trajados, e gastavam dinheiro descontroladamente com bebidas e mulheres. Sentei-me juntamente com Ethan num dos sofás, e ele fez questão de encher a mesa à nossa frente com diversas bebidas. Não sei o que é errado, se é estar bebendo álcool, ou se é estar bebendo com alguém que mal conheço.
- Que tal um brinde? – sugeriu Ethan pegando numa garrafa de vodka, e despejando a mesma dentro de dois copos.
- Brindámos a quê? – perguntei confusa.
- Que tal... – Ethan fez uma pequena pausa fazendo um esforço para pensar em algo. - Que tal brindarmos ao início de uma amizade? - disse terminando a frase com um sorriso contagiante no rosto, não sei se era um sorriso genuíno ou se era um sorriso provocador (não que isso interessa-se muito). De qualquer forma, ele conseguiu roubar um sorriso pequeno dos meus lábios.
- Achas que nós temos o privilégio de ter amizades? – respondi com um sorriso sarcástico embora o meu tom de voz fosse de pura frustração. Carregava todas as frustrações da organização nas minhas costas, mas eles não estavam facilitando para mim nos últimos dias...
- Eu sei, não tens que me explicar. – respondeu dando-me um dos copos que continha vodka. - Podemos pelo menos fingir. – disse olhando-me diretamente, com a sua voz rouca e séria. Os seus olhos verdes, eram de tirar o folgo a qualquer pessoa, pareciam brilhar no escuro de tão claros que eram. Era surreal. Ele era surreal.
Assenti de alguma evitando algum constrangimento que pudesse acontecer entre nós, caso eu me recusasse. Não iria dar uma de louca apontando todas as regras que não poderia quebrar, tal como eu também mal conhecia ele. Poderia confiar nele? Não. Escolho confiar nele? Também não. Mas porque não tentar viver um dia de forma diferente e impulsiva?
Peguei no copo que Ethan me oferecia, e brindámos a uma possível amizade. Engoli o líquido numa só dosagem, parecia que o meu corpo inteiro queimava e queria pegar fogo. Eu precisava beber imenso, para que pudesse esquecer a merda em que a minha vida havia se tornado. Ia pegar na garrafa de vodka, até que Ethan segurou a minha mão impedindo-me de pegar na mesma.
