01: "Shunbun no Hi"

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Dias, semanas e meses se passaram desde que Kageyama entrou na escola e em todo esse tempo ele não teve um segundo de paz, se não eram ômegas, betas e até alfas atrás de si, era Oikawa ou os treinos. Todos eles sugavam muito sua energia social, que já não era muita, mas ele tinha sorte de ser melhor amigo da própria fonte de energia, Hinata Shoyo.

Era sexta-feira, uma tarde de clima agradável de primavera, Tobio podia ver perfeitamente as folhas amarelas e avermelhadas caindo no chão do pátio enquanto olhava pela janela, não prestando atenção alguma na matéria dada naquele horário, já sabia tudo aquilo.

Se sentia estranho, era como se em alguns segundos sentisse tudo e logo após não sentia mais nada...como um cadáver... soava quase irônico em sua concepção considerando seu momento atual, no fim ele apenas sentia uma dor no peito, sentia falta...muita falta, mas o que o tempo tirou nada pode trazer de volta..

- Kageyama-kun? Kageyama-kun? - chamou o professor Takahashi

- Ahn, sim senhor? - respondeu avulso

- Poderia, por favor, recitar um dos sonetos de William Shakespeare já que estamos trabalhando sobre? - disse com um certo desdém, queria embaraçar o garoto que não estava prestando atenção em sua aula

- Claro.. - ditou com um falso medo, Tobio era uma cobra venenosa, ninguém passaria por cima dele, não enquanto estiver vivo.
- De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor

Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfanje não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,

Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.
William Shakespeare, Soneto 116 -

Mais nada foi dito, a sala inteira estava estática, a voz do garoto que posteriormente estava seca, rude e grossa tomou um tom leve e pensativo, era como se ele realmente quisesse dizer aquelas palavras para alguém

Kageyama calmamente voltou sua atenção à janela, sem dizer mais nada voltando a se afogar em seus aflitivos e enigmáticos pensamentos inacabáveis..

Tobio estava mais absorto essa semana, sempre perdido em pensamentos, aquilo preocupava Shoyo mesmo que soubesse parcialmente o que havia acontecido com o amigo. Faltava um dia para o início do Shunbun no Hi, e como Tobio vinha de uma antiga família tradicional japonesa ele decidiu iniciar o Higan naquela semana, devido a uma pessoa muito importante para si que havia falecido.

A aula finalmente tinha acabado, Shoyo como o bom ator que era fingiu que estava anotando algumas coisas para fazer com que todos saíssem e só ele e Tobio ficassem, sucesso, o ruivo guardou suas coisas e com um salto sentou-se na mesa do moreno, que se assustou com o ato, sorrindo como sempre

- Terra chamando Kageyama? aloou? tá vivo? - chamou animado

- É, tô - respondeu frio como sempre

- Qual foi a sua? não sabia que curtia Shakespeare - disse com uma sobrancelha arqueada

- Não curto, minhas irmãs e meu irmão me fizeram decorar - afirmou indiferente

- Você tem irmãos?? - perguntou confuso

- Claramente. -

- Waa eu conheço?? Tipo- você é uma celebridade, suponho eles também devem ser -

My Eternal Love - ABO - PausadaOnde histórias criam vida. Descubra agora