Capítulo dois

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Quando Liam acabou de explicar, Theo se ofereceu pra ensiná-lo algumas coisas sobre a atividade de biologia, o que não demorou muito, visto que quando se deram conta os carros dos pais do Dunbar já estavam estacionando na garagem, despertando os dois da bolha que se enfiaram e os obrigando a ir guardar os materiais.

- Vou ir dar uma volta, devo voltar em uma hora - O Raeken avisou assim que terminaram de guardar os livros, andando na direção da janela para sair sem ser notado pelos pais do mais novo. Seus ombros estavam tensos, sua expressão mais fria do que antes confundia o mais novo, que não entendia o motivo da mudança de humor repentina.

- O que? Por que não fica pra jantar? - Suas palavras carregavam confusão, até porque, pelo que Theo lhe contara, ele está sem lugar pra dormir e sem alguém lhe esperando, então por que a pressa? - A não ser que... - Seus lábios lentamente se curvaram num sorriso sorriso maldoso, o alvo de seu olhar ficando, quase despercebidamente, nervoso - Você tá tímido na presença dos meus pais, Theo Raeken? Quem diria...

- Vai se - A quimera deu um passo pra frente num convite para uma luta sem machucar, porém desistiu no último momento ao escutar ruídos na escada - Que se dane - Se virou e abriu a janela, passando uma perna por ela.

- Ah, qual é? Janta aqui em casa - O Dunbar ofereceu depositando seu peso em outra perna, dessa vez deixando o sarcasmo de lado - Não vou insistir - Ameaçou largar de mão, porém nem isso impediu a quimera de pular a janela e alcançar a grama do jardim, andando até a caminhonete azul parada na frente da casa.

Às vezes, raras vezes, se pega imaginando que Theo prefere se manter longe pra não incomodar. Quer dizer...ele sempre recusa ajudas, quando o Argent ofereceu um acordo conveniente pra ambos, o Raeken negou e fugiu para outra cidade por muito tempo, na verdade, pelo que se lembra, a quimera deveria estar lá ate hoje se não tivesse aqui, era como se ele percebesse que estavam tentando incluí-lo como aliado, tentando uma conexão, e mesmo assim fugisse por um motivo totalmente desconhecido. Talvez medo? Não, impossível.

Ou possível?

- Filho, vem jantar! - Escutou o grito de sua mãe e deu uma última olhada na janela, vendo o automóvel azul ir embora de uma só vez antes de descer pra ir jantar.

- Oi, mãe. Cadê o papai? - Perguntou notando a ausência do padrasto na cozinha e se aproximando pra depositar um beijo na bochecha de sua mãe.

- Foi tomar banho. O hospital acabou com ele hoje - Respondeu dando um beijo na bochecha do filho, estalando a língua no céu da boca ao se lembrar de algo - Tinha um carro azul aí na frente igual daquele teu amigo. Ele tava aqui?

O Dunbar assentiu e se prontificou a ajudar a mãe a colocar os pratos na mesa, pensando numa resposta pra dar a ela. Desde que os habitantes descobriram sobre a presença de seres sobrenaturais em Beacon Hills, logo após a revolta dos caçadores, Liam preferiu não contar tudo à sua mãe, pelo menos não sobre Theo. Não era como proteger ele dos inúmeros xingamentos, mas...não havia necessidade e isso só iria fazer os outros vê-lo com ódio, afinal, contar pra sua mãe seria como contar para os vizinhos, e isso seria como acabar com o Raeken pela terceira vez.

Assim como ele não é muito bem vindo na pack, também não seria na cidade.

- Ele tava aqui, mas saiu pela janela pra ir comprar um hambúrguer - "Óbvio que ela não vai acreditar" O beta pensou, revirando os olhos pra si mesmo - Ele deve voltar alguma hora - Complementou, levando o silêncio de sua mãe como a aceitação da meia verdade.

(...)

Liam chutaria que já passava das meia-noite quando foi acordado por ruídos molhados e um cheiro familiar. Seu coração, que antes palpitava pelo susto de ser acordado por outra presença, agora se acalmava.

Eclipse Lunar || ThiamOnde histórias criam vida. Descubra agora