Assim que desci as escadas já encontrei meu irmão com cara de tédio no celular.
- Bom dia, Antônio.
- Bom dia, Éthia.
- Cadê todo mundo?- não tinha ninguém além dele no hall.
- Lá fora esperando os malucos, digo nossos avós - o deboche era a arma do meu irmão.
- Se a Agnnes te ouve falar isso.
- Outra maluca - revirou os olhos. - quem em sã consciência ia querer viver nos confins de Ferzia??
- Aqui não é tão ruim, Toni.
- Irmã, você foi criada aqui, eu vivi lá. Eu era de lá - acho que ele foi quem ficou mais sentindo com essa mudança, mas foi necessário, de acordo com a Agnnes.
- Vamos lá para fora? Temos que receber as nossas "queridas" visitas.
A gargalhada do meu irmão ecoou por toda entrada. Talvez o deboche também seja minha arma.
Quando saímos já encontramos todo resto da família na escadaria, junto com representante militares locais, como o Sargento Phill. Minhas irmãs estão ao lado dos meus pais, Annya tem a mesma postura dura e seria de minha mãe.- Onde vocês estavam? - realmente Agnnes não estava feliz.
- Eu estava esperando a Éthia, já que vocês não esperaram.
- Toni, não, deixa isso - eu não quero uma briga logo de manhã, ainda mais com meus avós a caminho.
- Alguém viu meu celular?- Lia perguntou alguns degraus a baixo de nós.
- Esqueça isso, nossos avós vieram nos ver - Annya repreendeu.
Nesse momento os carros reais atravessaram os portões.
Antônio ficou sério do meu lado, papai estava calmo como sempre, Annya tinha um sorriso imenso, Anália ainda procurava o celular, Agnnes estava estranhamente tensa e eu, bem, eu estava normal.
Assim que os carros deram a volta nos jardins e pararam a nossa frente o primeiro a descer foi o tio Alex, seguido da vó Helene e finalmente o vô Francisco. Eles pareciam bem mais velhos do que dá última vez e cansados também, principalmente meu avô.- Ninguém vai vir dar um abraço no vovô? - Anália correu para os braços do meu avô, Annya foi até minha avó e eu falar com o tio Alex.
- Como tá minha sobrinha preferida?
- Falando assim vai deixar meus irmãos com inveja tio.
- Eu não ligo, não mesmo. Eles são chatos
- Tio Alex!! - tentei repreender, mas eu estava rindo como nunca.
- Irmão!!- meu pai estava do nosso lado agora.
- Fernando!! - disse meu tio abraçando meu pai.
- Minha princesa não vai falar como o vovô? - meu avô veio na minha direção para um abraço.
- Oi, vô.
- E a vovó, não ganha abraço?
- Claro vovó - dei um abraço nela.
Depois de toda essa recepção eu já estava cansada, assim que todos entraram fomos tomar café. Eu, que tinha esquecido o celular no quarto por conta da pressa, subi para pegar.
- Éthia, não vai tomar café? - meu tio falou da porta.
- Já vou tio, só vim pegar o celular e tenho que sair também.
- Vai onde?
- Vou treinar, já tô atrasada.
- Sua mãe não tinha te proibido te lutar? - fechei a porta do meu quarto e fui em direção a escada seguida do tio Alex.
- Tinha, mas o papai disse que se ela não soubesse não ia ter problema continuar - dei de ombros despreocupada.
- Essa é minha garota - disse rindo,nós já estamos de volta a sala de jantar.
- De que vocês estão rindo? - Anny quis saber.
- O tio Alex contou uma piada.
- Entendi, também quero rir então.
- Você não entenderia, querida - meu tio piscou para mim sorrindo.
Por isso eu amo o tio Alex, ele é o melhor dos meus tios, sem contar que ele é o único que gosta de mim.
Tomamos café da manhã com muitas conversas entre meu pai e avô, eles falaram das conquistas e dos projetos da corte, e com piadinhas ácidas do tio Alex, eu amei essa parte. Já a minha avó falava com minha mãe e irmãs sobre as festas da corte, e eu e Antônio ficamos quietos só ouvindo e trocando olhares que só nos dois entendemos.- Éthia, quero companhia para uma caminhada o que acha? - minha avó sugeriu, até engasguei com a pergunta tão repentina.
- Hum...- olhei para meu irmão e tio pedindo ajuda, eles só riam de mim. - Claro.
- Vamos sair após o café - assenti.
Assim que o café acabou nós saímos, mas não trocamos uma palavra até que estivéssemos longe do palácio, quando minha avó finalmente falou eu até me assustei.
- Eu queria conversar em particular com você, querida, espero não ter te assustado.
- Não assustou, vovó - garanti sorrindo. - O que a senhora quer conversar comigo?
- Eu quero que você volte comigo para a corte, mas quero saber o que você acha disso - a calma dela estava me incomodando.
- A senhora sabe que não gosto muito da corte, mas por que eu e não a Annya?
- Porque eu te escolhi, Annya é igual sua mãe, elas são falsas e artificiais. Já você é real, sabe lidar com o povo e entende os problemas, elas são mimadas - as vezes a sinceridade dela me assusta.
- Ela foi criada para isso vó, a corte é o sonho dela.
- Mas não até que eu permita, ela não está pronta, você está.
- A senhora disse que me "escolheu", mas pra que exatamente? - a minha curiosidade falou mais alto agora.
- Eu quero apresentar você como herdeira, minha herdeira.
- O certo não é ser o neto mais velho? No caso o Antônio - isso tá me deixando muito confusa.
- Só se eu e seu avô quisermos - deu do ombros.
- Aí vovó, não sei,eu preciso pensar - disse sincera.
- Tudo bem, amor. Quando decidir só falar - disse saindo e me deixando sozinha com muitas perguntas.
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Linhagem De Fogo
RandomApós anos de guerra entre mortais e imortais, a separação dos mundos humanos e feericos, da criação do Outro Mundo tudo parecia em paz. Mas os deuses enraivecidos rogam uma maldição aos feéricos : "Haverá uma criança, nascida sob a união do sol e...