AS CORES DA AMIZADE

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Tudo começou numa noite chuvosa e terminou numa lua cheia.

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As gotículas de chuva rolavam pelos dois vidros duplos do dormitório. Como se estivessem tristes, caindo e caindo, alcançando um piso qualquer e insignificante para a altura. Separavam-se no momento em que acumuladas; cada uma escorrendo por si mesma, cada uma indo ao encontro de um espaço diferente, distanciando-se.

Jungkook não estava conseguindo dormir pela terceira vez seguida na semana - era quarta-feira. Sempre que tentava fechar os olhos, eles se abriam ao mesmo tempo que os pensamentos transbordavam ao ponto de deixá-lo sem sono. Desejava não ter que pensar. Ou melhor, que os pensamentos não tomassem conta de si como faziam todos os dias. Afinal, era cansativo. Kim Taehyung estava em seu cérebro, preso como um prego na parede, esperando algo acontecer, algo ser segurado por esse prego inexistente. Nada era feito e para os dois era um grande "foda-se não vou dar o primeiro passo". O problema era que um monte de passos já haviam sido dados sem nenhum deles se aperceber disso. Os sentimentos de ambos já escorriam como as tais gotículas de água. Transbordavam de um copo de água que nenhum se dava ao trabalho de pegar e dar um gole sequer.

Bufou, desistindo da ideia de tentar adormecer. A cabeça doía de tanta informação que possuía nela, e que merda era pensar na mesma pessoa o tempo inteiro. Àquela altura, Jungkook achava a mente humana confusa, muito, muito, muito confusa, pois parecia que explodiria a qualquer segundo. O cansaço tomava levemente o corpo um pouco musculoso por causa dos exercícios físicos que realizava todas as terças e quintas feiras. Jungkook queria saber como aliviar o físico e psicológico, principalmente o segundo.

Tirou o cobertor de cima de si, sentando-se. De pernas cruzadas, as mãos foram ao encontro dos fios de cabelo, puxando-os sem força. Raiva. Sentia raiva por não conseguir parar de pensar. De longe queria pensar em Kim Taehyung e todos os seus microscópios detalhes singulares; era estressante.

Os músculos tensos, a respiração pesada. Queria dormir, porém era impedido pelo consciente.

- Ele está fodendo comigo - sussurrou como se as paredes tivessem ouvidos e fossem escutar o que havia admitido.

Sem mais hipóteses e ações em mente, levantou-se da cama o quanto antes, calçou o par de crocs brancos, esses oferecidos pela mãe, e andou a passos rápidos até á porta ao som da chuva. Na escuridão, ele preferiu caminhar. Para quê acender a luz? Só chamaria mais atenção.

Prestes a abrir a porta, pensou duas vezes.  Estava pensando se o melhor seria mesmo dirigir-se àquela hora ao dormitório de Taehyung. Talvez ele estivesse dormindo. Talvez não. Talvez sim. Talvez não. Saiu do quarto com os questionamentos sobre si. O que estava fazendo era contra as regras, por isso andou sorrateiramente até ao segundo andar e até á porta número 13, onde estava Taehyung, seu maior pesadelo e peso nas costas. Ou melhor, cabeça.

Cogitou em bater na porta, pensou em entrar sem a sua autorização, pensou em gritar, pensou em chamar seu nome, porém, ele nada fez. Jungkook permaneceu parado diante ao cômodo fechado, agora com a mente vazia. Que tipo de brincadeira seu cérebro estava fazendo? E por que parecia estar tão desordenado e sem um caminho concreto a seguir? Estaria ele zoando com Jungkook?

Decidiu bater á porta. Três batidas, e cerca de dois minutos para ser atendido por um Taehyung ainda de uniforme. A gravata frouxa ao redor do seu pescoço bronzeado, os dois botões abertos, os de cima, e calça jeans. Os olhos bem despertos chamaram a atenção de Jungkook, ele também estava igual a si. O estado exatamente o mesmo.

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