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Balu não conseguia tirar aquilo da cabeça.

Das muitas coisas que pensava naquele momento, a única que continuava voltando insistentemente era também a que ele mais gostava de pensar.

Sua imaginação era muito mais visual, auditiva e sensitiva do que racional, mas pelo bem da narrativa seria contundente usar palavras para começar a descrevê-la.

"Ele sentou... Ele sentou na minha cara..."

O mineiro se esforçava para manter uma expressão impassível no rosto enquanto assistia o amigo miúdo mexendo com os mesmos objetos de mais cedo, como se tentasse desvendar um mistério.

Balu aguardava calmamente, qualquer demora que fosse não seria o suficiente para incomodá-lo. Estava bem confortável daquela forma.

Rubens estava sentado entre suas pernas em uma postura comportada, enquanto arrumava os apetrechos. E o maior apenas o observava, esperando apoiado sobre seus cotovelos e com as pernas levemente abertas. Achando uma graça a escolha dele de se acomodar ali, ele sempre parecia pequeno perto dele, e ficava mais ainda por estar encolhidinho. E enquanto o assistia, sua imaginação fazia questão de lhe lembrar do detalhe mais importante daquilo tudo.

Ele era adorável, em todas as partes, e tinha gozado sobre a sua língua a apenas alguns minutos.

A memória era fresca e continuava voltando. Se tivesse a capacidade para isso, poderia pintar um quadro com todos os detalhes da cena. Seu corpo pequeno e bonito acima de si, os cabelos cacheados que lentamente se tornavam mais volumosos a medida que iam secando, cobrindo os ombros e contornando o rosto com as molinhas acinzentadas. A expressão que tinha naquele momento, com as sobrancelhas levemente franzidas, o rosto ruborizado e os olhos embebidos em desejo. Tudo sobre ele lhe era atraente.

Mas o que realmente trazia vivacidade à memória eram as sensações, que ele podia recriar com precisão, elas haviam ficado gravadas em sua mente a ferro e brasa.

A mais evidente era a sensação das coxas que emolduravam seu rosto, elas não eram essencialmente delicadas no aperto, mas por algum motivo isso lhe agradava. O calor do corpo dele, a textura, o seu cheiro. Estava embebido nele todo. A pressão das pernas em seu pescoço, a falta de ar e o cansaço da mandíbula eram secundários e até agradáveis.

Se sentia um pervertido por ter gostado tanto daquilo. Era errado se sentir presentado por ele ter sentado na sua cara?

Queria fazer de novo, repetir a dose assim que possível.

— Balu? — O olhar desconfiado de Rubens o despertou de seus devaneios sobre sexo oral, lhe trazendo de volta da órbita de Vênus, por onde andava sua cabeça. — Tá olhando, muito estranho.

O mineiro piscou lentamente, raciocinando, lembrando muito a inicialização de um Windows XP.

— E-eu tô? Desculpa, tava pensando em outra coisa... — Tentou se explicar, deixando vago para interpretações a parte que lhe constrangia mais. Como podia o encarar feito um idiota enquanto pensava em coisas como aquelas.

O baixinho estreitou os olhos, ele parecia farejar os crimes que o outro cometia com sua mente. Ele com certeza parecia muito orgulhoso de usar aqueles truques sujos para lhe arrancar um orgasmo ainda no primeiro tempo, mas não iria sair barato.

Balu se assustou quando o outro jogou algo sobre seu peito repentinamente, ao ver o objeto ele o reconheceu rapidamente.

— Pra que serve isso daí? — O moreno perguntou com uma expressão inquisitiva, que de assustadora não tinha nada. Tanto que arrancou um sorrisinho pequeno do mais velho.

Afeto AcidentalOnde histórias criam vida. Descubra agora