Capitulo 4 - O homem por trás da mascara II

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  Passei 3 meses com a minha vó no interior, ela aproveitou esse tempo para me mostrar todos os albuns que ela tinha com fotos e mais fotos da minha mãe e o do tio Hélio. Ela parece ter tido uma vida incrivel, em todas as fotos aparece sorrindo... Passando pelas fotos do último album eu vi pela primeira vez uma foto do meu avô, minha mãe disse que ele foi embora quando ela tinha 4 anos apenas e que depois disso a vó teve que trabalhar em dois empregos para conseguir manter a casa. Os olhos dele eram da mesma cor que os meus olhos, que também eram da mesma cor que os olhos da minha mãe. Já os cabelos dele eram loiros e os da minha mãe e meu eram castanhos.

Depois que ele foi embora, nunca mais souberam dele. Minha mãe não sabia nem se ele ainda estava vivo em alguma outra cidade do Brasil. Não comentei com a vó sobre a foto e continuei até o album acabar em total silêncio, talvez ela já tivesse esquecido sobre esta foto, então peguei-a e guardei-a na carteira junto com uma da minha mãe quando tinha apenas 5 anos.

- Vó, eu amei todo esse tempo que estive aqui com a senhora e acho que já ganhei até uns 3kg de tanta besteira que comi. Muito obrigada, mas agora chegou o momento de eu voltar para São Paulo - Minha vó que estava fofocando com a vizinha Margarete em frente ao portão vira e concorda com a cabeça.

- Margarete eu vou entrar agora para ajudar meu neto com as coisas, na hora da novela você vem para assistirmos juntas. tenho certeza que hoje a Maria Eduarda vai finalmente confessar que só casou com o João Pedro por interesse na fortuna dele e que o bebê que ela está esperando não é dele.

- O QUE?? COMO VOCÊ SABE DISSO? - disse Margarete completamente chocada com o spoiler que levou da minha vó.

- Ah, eu li na revista que estava na banca de jornal perto da praça ontem. Já sei como tudo vai acontecer essa semana! - Minha vó finaliza e entra para me "ajudar'', que no caso quer dizer que ela vai falar muitas vezes sobre como preciso me alimentar melhor e que preparou algumas coisas para eu levar e comer no caminho, enquanto eu arrumo as malas.

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Volto para a casa do meu amigo e ele me recebe muito empolgado falando sobre uma festa que vai ter de carnaval e que eu deveria ir com ele e a namorada. Eles vão fantasiados como um casal e eu deveria escolher logo a minha fantasia, já que a festa é em dois dias. Eu não tenho nada em mente e ele deixa eu escolher alguma coisa do guarda roupa dele, disse algo sobre a fantasia que ele usou no passado ser perfeita para mim. Sigo para o seu quarto e tento encontrar alguma coisa naquela bagunça, imagine roupas espalhadas por todos os lados e uma montanha de roupas emboladas em seu guarda roupa... Agora multiplica ao quadrado.

Começo a achar algumas peças soltas e finalmente, acho o conjunto completo. Ele só pode estar de brincadeira, eu não vou usar isso! Saio do quarto e o vejo sentado no sofá com sua cara de pau segurando a risada.

- Antes que você diga que não vai usar, eu tenho que dizer para você ser menos conservador. Vai estar calor e de qualquer jeito a camiseta não faria falta - Bem, ele tem um bom ponto sobre isso - Eu usei isso no ano passado e me deu sorte, conheci a Marcelinha lá. Quem sabe não te ajuda a desencalhar também?

- Eu não estou encalhado - Eu estava encalhado - Mas já que você vai me emprestar essa fantasia eu aceito por que assim economizo grana.

- Claro né, só por isso - diz ele rindo muito da minha cara.

- Vou provar e ver se cabe em mim - Jogo uma almofada nele e acerto sua cara - Para de rir bobão, antes que eu mude de ideia e decida não ir mais.

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No dia da festa, nós nos arrumamos e vamos buscar a Marcelinha em sua casa. Não faço ideia do que seja a fantasia dela, mas a dele está escrito " Eu sou Chuck Bass", não que eu saiba o que significa também, mas pelo menos tem uma placa. Depois vamos direto para o local da festa e eles descem primeiro, eu pego minhas asas no porta malas e nos juntamos.

O local é enorme. A iluminação estroboscópica clássica e música tocando no último volume, muitas pessoas e fantasias maneiras. Tenho quase certeza que vi uma Lagosta passar por mim agora pouco, mas também podia ser um camarão gigante, sei lá. Até que meus olhos encontram uma mulher deslumbrante vestida de vermelho e ela infelizmente está longe de mais e não conseguirei ir falar com ela agora, quem sabe não a encontre novamente mais tarde.

Dançamos e nos divertimos por horas, finalmente entendi o que minha mãe quis dizer com a saudade que ela tinha dos carnavais daqui. Mas ai do nada, vi duas mulheres brigando e tentei focar minha visão nelas e ver quem eram, eu tinha bebido muito e por mais parado que eu estivesse tudo continuava a se mexer e rodar. Uma delas parecia a Marcelinha... Cocei os olhos e olhei novamente. ERA A MARCELINHA!!!

- Você vai deixar sua namorada brigando assim cara? - digo ao Popaye, o cara que conhecemos mais cedo. Procurei meu amigo, mas vi que ele estava correndo atrás de seguranças

- Ele vai fazer o que? Comer espinafre e separar aquelas duas sozinho? Eu não faria isso se fosse ele - disse uma voz feminina do outro lado dele.

O Popaye olha para nós dois e começa a rir, eu desvio o olhar da briga que já está sendo separada pelos seguranças e tento entender o motivo de sua gargalhada. Aí eu finalmente a vejo de novo, a mulher de vermelho que eu vi no começo da festa... Ela de diabinha e eu de anjo. Estávamos atuando como sua consciência. Nos encaramos e rimos todos juntos por um tempo, e depois o Popaye acompanha sua namorada loira que está sendo levada pelos seguranças. Meu amigo me avisa que está indo embora mais cedo e que vai passar no hospital para ver os machucados da Marcelinha, me despeço deles e tento conversar com a diabinha. Ela parece estar com pressa e depois de me rechaçar segue até o bar.

- Quer arriscar tomar esse drink? - ela me oferece depois de procurar por alguém na multidão. Eu não sou fã de ser a segunda opção de ninguém, mas eu precisava ficar e saber mais sobre ela. Ela era hipnotizante. Viro em um gole o conteúdo que estava no copo, estava muito ruim, meu deus.

Me sentei do lado dela e começamos a conversar, ela se chama Iara. Falamos sobre as fantasias e a irônia do barman estar beijando um cara fantasiado de Trombone. Depois falamos sobre suas comidas preferidas e eu sobre as minhas, tínhamos bastante em comum. Ela era capricorniana e eu virginiano, ela tinha 23 anos e um cachorro labrador chamado Nescau. Queria ter uma tartaruga um dia e seu dia preferido da semana era quarta-feira.

Estranho Mascarado e o abismo entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora