Confesso que, no início, eu estava com medo. A fama dos coreanos em relação aos brasileiros não é das melhores, mas agora não tenho muito o que questionar. Fui muito bem aceita, na verdade. Diria até que já tenho amigos, e com certeza o gostoso... quer dizer, generoso Hobi é um deles.
Pelo que entendi, cheguei em um momento bom. Eles estão treinando para uma competição e logo vão separar as duplas e equipes que irão participar.
Namjoon é o líder do grupo, mas não é um dançarino. Chega a ser engraçado; ele basicamente está ali para colocar tudo em ordem e impedir o caos total. Os líderes de dança são Jimin, um pequeno loirinho maravilhoso; Lalisa, basicamente a garota mais incrível que eu já conheci; e, é claro, Hoseok... meu futuro marido e pai dos meus filhos. Iludida? Jamais!
A realidade é que aqui eu me encontrei.
Talvez seja porque eu estava há tanto tempo sem fazer aquilo que amo, sem a pressão e o medo de minha mãe descobrir e me tirar o que me faz bem. Sinto como se finalmente estivesse aproveitando cem por cento o momento. Aqui e agora, sinto como se dança e eu fôssemos uma coisa só; a música simplesmente corre pelo meu corpo, os movimentos fluem automaticamente. Nunca vou esquecer essa sensação. Eu me sinto leve... completa.
Ao fim do treino, eu estava conversando com algumas pessoas quando vi um garoto que me observou o treino todo vindo na minha direção (esse lugar só tem gente bonita, por Deus!). Mas logo Hobi tampa meu campo de visão.
— Sei que vocês estão empolgados, mas preciso levar essa mocinha pra casa — diz ele, sempre com um sorriso no rosto.
— Poxa, Seok, para de ser chato. Deixa a Nalu ficar mais um pouco — diz Sana. Pois é, no fim das contas, ela gostou de mim, até me deu um apelido.
— Vocês vão ter tempo para conversar, Sana. Eu preciso mesmo ir para casa e tenho que levar a Nalu.
— Tá bom, seu chato — ela fala, revirando os olhos. — Me manda mensagem depois, gata. Nos vemos amanhã, então.
— Mando sim, até amanhã. Vamos, Hobi? — Hoseok assente, mas antes de sairmos, o garoto gato observador entra na frente.
— Mas já está indo embora, Lua? Logo agora que criei coragem de vir falar com você — diz o GGO (garoto gato observador).
— Estamos com pressa, Tae, me dá licença — o sorriso de Hoseok sumiu.
— Se está com pressa, pode ir andando. Não é com você que quero falar mesmo, é com a brasileira aqui — diz GGO com um sorriso cínico no rosto. Não gosto de como ele fala com Hobi.
— Tá afobado por quê, amado? E quem é você mesmo? — sou um amorzinho, mas não me provoque.
— Oh, me desculpe. Olá, me chamo Taehyung, mas pode me chamar de Tae, ou amor, fica a sua escolha — que abusado... gostei.
— Então, Taehyung, sou Analua, como já deve saber, e estou atrasada para ir para casa no momento. Então, se não se importa em sair da frente... — cada vez que olho para Hobi e vejo seu rosto sério, me sinto mais incomodada.
