II

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Havia um tipo de legado que os Lemann carregavam, ou ao menos era essa a impressão que Jet tinha ao saber sobre a história de seus pais, que viveram tudo o que tinham para viver antes de decidirem ficar juntos. Os dois tinham se conhecido muito antes de ficarem juntos, tinham sido amigos e sua mãe conhecia até mesmo os olhares de seu pai, que mostravam os pensamentos mais secretos dele. Não havia uma única pessoa que conhecesse Daniel tão bem quanto Pérola, e isso acontecera porque eles tinham sido amigos antes de qualquer coisa, porque tinham se permitido conhecer a si mesmo e os outros antes de se entregarem a atração e descobrirem ser amor.

Jet não queria correr o risco de se prender a ninguém e não conhecer a pessoa com quem estivesse, ou que não lhe conhecesse. Quando se crescia vendo um amor como o dos pais, tendo uma família que parecia ser feita para estar junta como a sua estava, criava-se um padrão muito alto, pois passava a querer apenas coisas como aquela na vida. Jet não tinha vergonha de admitir isso.

Sua personalidade, perto da forte de Amber, sua irmã mais velha, parecia muito mais calma, discreta. Mas sendo filho de quem era, apenas se enganava quem queria ser enganado, afinal, era impossível que Jet Lemann não tivesse a principal característica de seus progenitores.

Quando completou dezesseis anos, Jet finalmente foi apresentado ao mundo que seu pai, tios e primos já faziam parte há anos. Inicialmente ficou frustrado, afinal, tudo tinha sido em torno de jogos, clubes e bebidas, mas quando seus primos lhe apresentaram a parte do clube que os homens casados não mais frequentavam, ele compreendeu que sua iniciação ia muito além.

Assim como Theron, o rapaz não tinha ido ao lugar sem qualquer experiência anterior com mulheres. Apesar de jovem, já havia explorado um corpo feminino com atenção e curiosidade, mas conhecer mulheres muito mais experientes tinha aberto um novo modo de vida e oportunidades para o jovem Lemann.

A partir daquele momento a conquista se tornou mais fácil para ele, pois sabia o modo de olhar para quem desejava, de modo a ativar nela o mesmo desejo que ele sentia. Sabia como a tocar, de modo que seu toque excitava e fazia a pessoa desejar ainda mais contato. Sabia beijar, dar prazer, de modo a fazer com que sua escolhida da vez desejasse mais vezes. Mas ele raramente repetia.

Não queria passar a mensagem de que estava em busca de alguém, pois não estava. Tudo o que queria era explorar, se deliciar e fartar com o melhor que a vida poderia oferecer e fazia tudo de forma discreta, não desfilando, não mostrando a ninguém quais eram suas conquistas.

A única pessoa que sempre sabia com quem ele estava era sua melhor amiga.

Isis cresceu com ele, se tornou mais próxima do que sua irmã mais velha, afinal eles regulavam idade e durante muito tempo tinham sido uma dupla apenas porque não se encaixavam nos outros grupos dos primos e amigos. A proximidade tinha se tornado tão grande que mesmo agora, quando Jet já passara a andar mais com os amigos, ele continuava sendo, principalmente, uma dupla com Isis. Não seria capaz de a deixar de fora de sua vida, afinal, era quem melhor o conhecia, a única pessoa em quem confiava para revelar seu lado herdado dos pais e mostrar todas as suas faces, fossem boas ou ruins.

Tinha acompanhado a amiga sendo a menina que não queria treinar, mas que estava sempre parecendo pronta para entrar em uma briga por conta de seu jeito mais solto do que a prima, Ruby, ou mesmo Hillary, que parecia uma bonequinha. Depois, Isis passou realmente a treinar com a mãe, mas em vez de parecer mais descabelada ou molequinha, como imaginou que seria, ela se tornou mais... bonita.

Isis desenvolveu o corpo de uma forma que ele nunca imaginou que iria reparar. Por vezes se pegava olhando para o bumbum arrebitado dela, que estava sempre a sua frente, rebolando a cada passo que dava. Ele sabia que ela não fazia de propósito, afinal ela não estava quase quebrando o quadril ao andar, como algumas das meninas que ele costumava ficar. Mas era um jeito natural de Isis e quando ele notava, seus olhos já estavam fixos naquele ponto e tinha que se chutar mentalmente para que parasse de desrespeitar a amiga.

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