IV

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A porta bateu com força atrás de Jet, que entrou em casa como um furacão raivoso. Estava sozinho, por sorte, pois seus pais e sua irmã tinham ficado na festa de Halen. Precisava daquele tempo para colocar as ideias em ordem, para entender porque sentia tanta raiva, tanta vontade de socar Zayn e o obrigar a se afastar de Isis.

Lembrou-se do que Tristan tinha lhe contado sobre Justin, o pretendente de Ruby. Um idiota que queria apenas se aproveitar da menina, tirando a sua virgindade e sair se vangloriando com os amigos depois. Um idiota, porque assim que a família ouvisse aquilo, ele seria um homem morto. Mas se questionava se Zayn seria do mesmo tipo. Ele morreria também, claro.

Só que ele não queria que Isis passasse por nada de ruim antes, não queria que houvesse um motivo de vingança e morte, queria que ela ficasse protegida. Queria que ela fosse feliz e sorrisse como sempre.

Havia algo no sorriso de Isis que sempre o fazia sorrir, mesmo que seu dia tivesse sido horrível. Até mesmo atualmente, quando todo o ar infantil dela tinha ido embora, era como se no sorriso ela conseguisse preservar aquela inocência de sempre, algo que contagiava e fazia qualquer pessoa se encantar. Talvez não qualquer pessoa, mas ele sim.

Estava sentado no sofá. Havia pegado uma das bebidas que o pai mantinha em um armário para quando alguém aparecia para visitar. Não era o ideal, mas não estava com paciência para ir até a adega procurar outra coisa. Não estava com paciência para nada, porque sabia que o seu jeito de sair tinha magoado sua melhor amiga. Porque sabia que as coisas com Isis não seriam mais as mesmas, especialmente se ela estivesse com Zayn.

Havia perdido sua melhor amiga e ao constatar isso, sentiu a boca amargar, de modo que nem mesmo a bebida retirou. Sentiu o corpo esquentar, o ódio subir em ondas e sair de uma só vez em um grito frustrado. No mesmo instante jogou o copo com o resto da bebida na parede, o vendo se transformar em vários pedacinhos.

No mesmo instante, a porta de entrada se abriu e Pérola se encolheu, surpresa com o ataque repentino.

— O que pensa que está fazendo com a minha sala? — perguntou a mãe do rapaz, o fitando severamente.

— Nada — respondeu Jet, se levantando e se dirigindo até a escada, que levaria para seu quarto.

— Você não vai sair assim — afirmou Pérola, fazendo com que o filho parasse no meio do caminho e a olhasse. — Seria bom se limpasse primeiro e depois me dissesse por que esse surto.

— Posso limpar, mas não vou falar nada — afirmou Jet, descendo e indo até os cacos.

— Pê, deixa ele ir, o garoto não tá bem e nada bom pode sair disso — Daniel sussurrou para a esposa, tocando-lhe a cintura com carinho enquanto observava o filho.

— Ele não pode ficar assim... Vamos falar com ele depois? — perguntou a mulher, também observando o filho de forma preocupada, enquanto este juntava com os pés os cacos em um canto. Viu Daniel afirmar e então falou para Jet: — Deixa isso aí. Do jeito que você está, daqui a pouco se machuca. Vai, pode ir para o quarto.

Jet não disse nada, apenas afirmou com a cabeça e deixou as coisas como estavam, subindo rapidamente as escadas antes que a mãe mudasse de ideia.

— O que aconteceu com ele? Saiu da festa todo carrancudo e agora está assim. — Pérola olhava para onde o filho tinha ido, mas falava com o marido. Apesar do questionamento, desconfiava do que havia acontecido com o caçula.

— Esse idiota fez a Isis chorar — afirmou Amber antes que o pai tivesse a chance de dizer qualquer coisa, entrando em casa pela porta ainda aberta e apontando para cima, tendo certeza que o irmão estaria no quarto.

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