Capítulo 1 - Apartamento novo.

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Alissa acordou de manhã com o barulho estrondoso na porta do seu quarto. Parecia desnorteada com o seu irmão mais velho gritando pra levantar. Estavam preparando a mudança e ela já tinha arrumado tudo que precisava no dia anterior exatamente para não precisar levantar tão cedo. Ele não precisava se estressar desse jeito.

— Eu já estava acordada! — Gritou. — Não precisa arrebentar a porta. — Levantou da cama devagar e abriu a boca de sono. Finalmente essa casa velha vai ficar pra trás. Pensou, olhando mais uma vez em volta. As memórias daqui não eram mais tão agradáveis assim. A casa tinha ficado grande demais só para os dois, e depressiva demais depois da morte dos pais.

— Está me ouvindo?! Preciso pegar as caixas do seu quarto. Abre logo a porta. — Ela arrumou o cabelo e esfregou o rosto enquanto ia até lá. Era difícil focar de manhã.

— Bom dia pra você também. — Falou depois de abrir e olhou para o irmão com os olhos um pouco mais abertos para não demonstrar tanto a cara de quem tinha acabado de acordar.

— Bom dia dorminhoca e vai lavar essa cara de sono. Você não engana ninguém. — Merda. Entrou no quarto e pegou a primeira caixa do chão.

— Certo. Eu volto pra te ajudar. E cuidado. Algumas caixas têm coisas que podem quebrar, Denley. — Deu ênfase no nome só pra deixar mais claro pra ele tomar cuidado.

— Pode deixar. — Ele ajeitou a caixa nos braços fortes.

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Denley já era um homem formado, 26 anos, advogado, e mesmo que seu trabalho tomasse boa parte do seu tempo, tentava ficar o máximo que conseguia com Alissa. Ele era preocupado demais com a irmã e agora era o único responsável por ela. E mesmo com a personalidade independente que ela tinha, Denley percebeu uma mudança significativa depois que os pais morreram. Claro que mudaria. O luto sempre vem, assim como veio para ele também. Mas já faziam meses que ela parou de sair como fazia antes, tinha parado de trazer os melhores amigos para casa e começou a dormir muito. Muito mesmo. Até as refeições eram puladas com frequência e Denley tinha que obrigar ela a comer. Ela tentava não demonstrar que estava sendo afetada violentamente pelo luto, sempre fingia animação perto dele, mas ele era bom em observar essas coisas. Notou várias vezes os olhos inchados e vermelhos que ela estampava de manhã, mas sempre que ele tentava conversar sobre, ela se esquivava de alguma forma. Precisava fazer alguma coisa em relação a isso. Não aguentava mais vê-la desse jeito e estava preocupado demais com a situação. Temia que Alissa não se recuperasse do luto igual ele tinha se recuperado. Então depois de uma conversa, onde ele obrigou ela a se sentar para conversar, Denley deu a ideia de mudarem dali. Ela não demorou pra concordar de venderem a casa e irem pra outro lugar. Precisavam recomeçar.

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Alissa estava no banheiro, encarando seu reflexo apático no espelho. Lavou o rosto e voltou a analisar cada detalhe. Estava com uma aparência cansada e não gostava disso. Não importava o que fizesse, nada estava melhorando seu ânimo. E olha que ela sempre tentava.

— Vamos, anime-se! As coisas vão melhorar. — Resmungou dando alguns tapinhas na bochecha e terminou de fazer sua higiene matinal. Logo voltou para o quarto. Denley já tinha levado quase todas as caixas em uma rapidez impressionante. Talvez esteja tão ansioso quanto eu. Pegou uma roupa de dentro da mochila que tinha separado ontem, já que o resto de suas roupas estavam todas dentro da mala. Tirou seu short e sua blusa e vestiu uma calça jeans que já estava apertada demais nas suas coxas, mas que tinha pago muito caro, então tinha que usar. Vestiu também uma blusa regata preta que tinha ganhado de alguém, mas não lembrava mais de quem.

Meu Vizinho é Um Stripper (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora