Lar doce lar - 02

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  Saudade.



  Recordação nostálgica.


  Saudade é um sentimento causado pela distância ou pela ausência de algo ou de alguém.


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  Ah, doce e incrível Miami. Como é bom poder estar de volta ao lugar que me viu crescer, eu até já consigo sentir o cheirinho da praia e olha que eu mal sai do avião!


  Ok, foi exagerado, eu sei! Mas não tenho outro jeito de mostrar quanta falta eu senti da minha cidade.


  Segui Normani até o setor de despache, com o meu pinguinho de gente totalmente apagado no meu colo, para retirar as nossas bagagens e logo seguimos até a saída.


  Faz exatamente três meses que não vejo o meu pai e confesso estar transbordando de ansiedade para vê-lo.


  Mas só foi passar pelas portas de saída do aeroporto, que meu coração acelerou ao encontrá-lo todo lindo, encostado no carro, de óculos escuro, braços cruzados e um lindo sorriso no rosto.


  Isso me fez lembrar do final do meu primeiro dia de aula na escolinha, ele estava do mesmo jeito.


  Eu não consegui me manter calma o suficiente para andar até ele, eu corri! Corri para os braços que a vida toda me seguraram firme pra não cair, corri para o colo que sempre me acalentou depois de um joelho ralado, eu corri para o único homem que sempre me ensinou a levantar depois de um tombo, eu só corri.


-Meu Deus, que saudade de você, Papá._.  O abracei com toda a força do mundo, mesmo estando com o Zayn ainda em meus braços, como se a minha vida dependesse disso.


  Ele nos apertou com carinho, com aquele típico calorzinho acolhedor de pai, enchendo o meu peito de amor.


  Nossa, como isso fez falta.


  Ele carinhosamente tocou em meu rosto, fazendo um carinho, assim que nos separamos e logo em seguida beijou a minha testa, me passando a segurança que só ele consegue e fez o mesmo com Zayn, que não acordava de modo algum.

  O mundo pode acabar agora e ele vai continuar dormindo.


-Eu também senti muito a sua falta, mi hija. Me prometa que nunca mais vai ficar tanto tempo longe de mim assim._.  Assenti, prometendo a ele.


  Dei dois passos para trás, me afastando dele, para que Normani também pudesse o abraçar e assim ela o fez.


-Tio Alê, saudades._.   Sorri observando o abraço apertado de duas pessoas muito importantes para mim.


  Normani se deu muito bem com a mamá e com o papá, desde o primeiro dia que foram me visitar ao saber da gravidez. Desde o primeiro dia eles são praticamente apaixonados por ela e quem não seria? Mas em relação ao Rami, nem a Ally e a Sofi foram com a cara dele. Minha família literalmente não ia com a cara dele.


  Eu acho que isso era um sinal da vida me mostrando que ele iria me magoar muito, talvez eu devesse ter prestado mais atenção nisso.


-Eu também senti muito a sua falta, menina!_.   Ela sorriu timidamente pra ele ao se separaram.   -Mas agora vamos indo, porque a Sinu está surtando lá em casa, louca para ver vocês._.   Concordei de irmos logo e Normani o ajudou a colocar as nossas malas no carro, para então partimos para casa.


  Não sei ao certo se era ansiedade para chegar logo em casa, mas parecia que estávamos a muitas horas na estrada e que nunca chegávamos. Até Zayn acordou no meio do caminho e ao ver o meu pai, não fechou mais a boquinha. Era toda hora vovô pra lá e vovô pra cá, meu pai estava adorando isso e falava com ele tento um enorme sorriso no rosto.


  Quando finalmente chegamos em casa, meu pequeno foi o primeiro a sair de carro, ele não conseguia ficar quieto de tanta saudade da avó e louco para conhecer a casa.


  Pegamos as nossas malas e seguimos o meu pai, que conversava animadamente com o meu filho, para dentro de casa.


-Querida, chegamos!_.  Ele disse alto, chamando a atenção de minha mãe que logo respondeu da cozinha.

-Quelida, chegamo!_.    Zayn o imitou, causando inúmeras risadas em todos nós.

  Meu filho é o melhor!


  Ao deixar as malas do lado da porta, eu não pude deixar de olhar em volta e notar que as coisas não mudaram em nada, talvez alguns eletrônicos e coisas pequenas, mas as estantes continuam cheias de fotos de nossa família, os sofás com suas costumeiras capada floridas e muitas flores espalhada para todos os lados.


  Seguimos até a cozinha e tive que rir ao ouvir o grito de felicidade quando Zayn agarrou as pernas da minha mamá. Deitei a cabeça no ombro de Normani, só para observar a cena.


  Mamá, o pegou no colo e o encheu de beijos, fazendo a risadinha de bebê do meu príncipe ecoar por toda a cozinha.


-Meu Deus, como você está crescendo rápido! Vovó sentiu muito a sua falta._.  Ele respondeu que havia sentido também e não queria largar o pescoço da minha mamá.


-Ei?_.  Chamei a atenção, levantando a cabeça.   -Eu não ganho abraço não? Como assim já está me trocando, dona Sinu?_.    Ela gargalhou com a minha brincadeira e eu sorri toda feliz por estar de volta.


  Ela o colocou no chão e veio em minha direção com os braços abertos.


-Vem aqui, minha ciumenta._.   Revirei os olhos, mas não perdi tempo para agarrá-la.


  Sabe quando você está a tanto tempo sem aquilo que te faz bem e finalmente pode tê-lo novamente? Como se fosse um vício sendo saciado? Era assim que me sentia ao estar em seus braços.


  Eu senti tanta falta do seu cheiro, do seu carinho, dos seus concelhos, de acordar de madrugada só para tomar leite com chocolate com ela e de dormir com o seus beijinhos de boa noite. Eu senti tanta saudade dela.


-Caramba, que saudade da senhora._.    Minha voz saiu embargada, me fazendo notar que as lágrimas já corriam livremente pelo meu rosto.


  Acho que “saudade”, vai ser a palavra mais usada por mim, até que a ficha de que isso está acontecendo mesmo, de que estou de volta, caia.


  Ela secou as minhas lágrimas ao quebrarmos o nosso abraço e beijou a pontinha do meu nariz, antes de se afastar completamente, só para abraçar Normani.


  Suspirei para conter as lágrimas e olhei em volta, sorrido ao ver a quantidade de comida em cima da mesa e lembrando de meu pai reclamando da loucura de minha mãe.

  Uma loucura deliciosa!


-Vovó? Olha o meu supman!_.    Ela riu do modo errado que saiu o nome do boneco.


-Nossa, ela é lindo, meu bem. Mas não tanto quanto você!_.   Ele deu dois pulinhos animados e saiu correndo em volta da mesa, brincando com o boneco.


-Sabe, mamá, isso está cheirando tão bem!_.   Meu pai deu uma risadinha e ela olhou toda animada para a quantidade de comida pronta.


  Acho mesmo depois de uma semana, ainda vai ter comida sobrando!


-Venham comer, está tudo muito fresquinho. Depois vocês vão guardar as malas em seus quartos._.   Ah comida de mãe, que saudade!


  Me aproximei da mesa e puxei uma cadeira para que eu pudesse me sentar e atacar aquele monte de opções.


-Filho, vem aqui comer._.   Ele deixou o boneco no colo da Normani e veio correndo para o meu.


-Ah, entendi. Tenho que alimentar o Superman também._.    Ele fez um joinha para a negra, que riu e sentou o boneco direto no seu colo.


-Mamá, onde estão as meninas?_.   Como desde que cheguei, ainda não tive sinal das duas, decidi perguntar.


  Também estou morrendo de saudade delas.


-Estão com as namoradas. Ally foi ao cinema com a Demi e Sofi foi ajudar a Taylor. Amanhã é aniversário da menina e estão arrumando a casa para a festa._.   Quando soube que estavam namorando, eu surtei, mas depois eu entendi que elas já tem idade o suficiente para namorar e tive que aceitar.


  É foda ser a irmã mais velha!


  Mas não deixo de ter ciúmes também.


-Estou louca para ver elas!_.   Disse animada, pegando um pedaço dos inúmeros bolos espalhados pela mesa.


  Gente, como eu senti falta dessa casa, dessa comida e principalmente da minha família.

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-Desy 👑


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