Capítulo único

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Parte I

Fazia algum tempo que James não recebia sua família em sua casa durante o Halloween, e ele entendia isso. Após algum tempo com a correria da vida seja com a carreira de Harry e de Gina, ou até mesmo com a escola dos netos, ele sabia que era comum algumas tradições de antes substituírem outras, isso aconteceu com ele também e não é como se ficasse sozinho todo dia 31 de outubro, ainda conversava com seus melhores amigos mesmo que não estivessem mais fisicamente ali, e tentava visitar Alice e Frank em algum momento.

Por ter passado os últimos dois halloween sem aparição de seu filho e netos, é que se assustou com a mensagem de texto de James Sirius avisando que ele e os irmãos passariam o final de semana junto dele e que estariam logo cedo no sábado na porta da casa - junto da mensagem o garoto havia enviado uma foto da nova carteira de motorista e que estava ansioso para levar o avô para passear.

Apesar da animação de James para ver as três crianças que mais amava no mundo, ele se lembrou do péssimo anfitrião que era. Normalmente essas coisas ficavam na mão de Lily, de Alice, e depois de Remus e Tonks, enquanto ele e Sirius ficavam com alguma tarefa inútil para se convencerem que estavam ajudando. Portanto, logo que fechou o celular pegou um bloco de notas e uma caneta que estavam ao lado da poltrona em que estava sentado na sala e começou a marcar tudo o que conseguia se lembrar de comida que Six, Regulus e Lu gostavam.

Pensou em como sua esposa saberia exatamente o que comprar e preparar para os netos sem precisar marcar um cardápio para as refeições em dois dias em que eles ficariam por ali, mas no momento em que isso passou pela sua cabeça seus olhos marejaram e afastou o pensamento. Lembrar que Lily nunca vira seu filho crescer, se casar, e ter outras crianças era doído demais. Lembrar que ele viveu uma vida sem ela por perto, e a culpa de ela ter ido no lugar dela era ainda pior.

Durante anos Remus tentou convencê-lo a sair de casa e conhecer novas pessoas, e, inclusive, a mudar de casa, mas de nada adiantava. Algumas vezes ele falava que James vivia na negação e embora por muitos anos este tenha negado isso, de uns dez anos pra cá ele aceitou que mesmo depois de 40 anos ele nunca aceitaria a morte de sua esposa e amor de sua vida.

Sendo assim, já às 8 da manhã de sábado James contava com seus armários da cozinha cheios de salgadinhos e doces, e a geladeira com refrigerantes, sorvetes e algumas latas de cerveja para dividir com seu neto mais velho. Além disso, James avisara à Mary que as crianças estavam vindo e ela o convenceu a enfeitar a casa no estilo de dia das bruxas, com abóboras, fantasmas pendurados e outras coisas que acharam no quarto cheio de coisas de Lily - que adorava essas datas.

— Lembra como ela enchia nossa paciência para virmos todos fantasiados? — Mary falou depois de sentarem na escada da porta de entrada. Os dois estavam tomando uma limonada que ela havia preparado.

— Comecei a me fantasiar na semana do dia 31 só pra ela gostar mais de mim a partir do quarto ano. — James riu.

— É verdade, você se vestiu de que mesmo naquele ano?

— de Dumbledore, de Gomez da Família Addams, de zé colmeia, John Lennon, David Bowie, Village People e Homem Aranha. — Potter terminou a contagem de fantasias nos dedos e soltou uma gargalhada — Todo ano eu peguei castigo e depois de um tempo Minerva viu que eu não pararia e só me proibia de sair do meu quarto mesmo, mas valeu a pena pois todos os dias era um sorriso diferente.

— Depois disso você e os meninos começaram a combinar fantasias, né?

— Sim, só que pra convencer o Sirius que não podíamos nos vestir de Abba todos os anos foi bem difícil.

— E depois que você viraram um casal ela só queria fantasia combinando também, isso quando não encrencava com todo mundo vindo com roupa combinando.

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