Capítulo- 6

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Quando eu abro a porta do meu quarto, dou de cara com Senhor Miller, passando as mãos em seu cabelo, nervosamente após suspirar.

— Senhor Miller, está tudo bem? O que houve com sua mãe?

Digo ao me aproximar dele lentamente, um pouco tímida.

— Eu fui levar o doce que minha mãe havia pedido, e quando cheguei em seu quarto, me surpreendi, sua cama estava vazia. Mamãe, sumiu. Ela nunca fez isso, não sei porque sairia de casa... essa hora da noite. Tenho certeza de que alguém deixou uma brecha para ela fugir, e eu tenho que achar o culpado! Quem foi que deixou o portão aberto?!

Ele gritou outra vez, mas nessa... mais rude que a primeira. Seu funcionário que ouvia tudo calado, abaixou sua cabeça, e ficou em silêncio, não ousando responde-lo.

Kevin estava muito alterado, como ninguém o respondeu, isso fez com que atiçassem ainda mais sua raiva, tanto que ele caminhou até seu empregado com os olhos negros. Foi então, que eu decidi intervir, me colando na frente dele e do homem de meia idade.

— Você não vai fazer isso. — Digo determinada ao bater o pé.

— Saia da minha frente Maia! Ele é MEU funcionário.

— Ele é seu funcionário, mas também é humano Kevin. Descontar sua raiva em pessoas que só estão trabalhando para sobreviver... é injusto, mesquinho... e arrogante. Porém o mais importante, é que não vai fazer sua mãe aparecer. Quer mesmo acha-la? Pare de agir como o filho mimado, e vá fazer alguma coisa, além de brigar com as pessoas que te serviram a vida inteira.

Por um segundo, eu deixo o meu verdadeiro eu me dominar ao dizer firmemente olhando em seus olhos. A maneira como Kevin tratou esse homem me enfureceu tanto, que acabei esquecendo que também sou empregada dele. No entanto, já era tarde, falei tudo que eu tinha pra falar. Arrisquei o meu emprego, mas não me arrependo, Deus sabe que eu não aguentaria assistir uma cena dessas.

Miller se afastou, enquanto me olhava sem jeito. Acho que consegui o fazer voltar em seu estado racional, pois ele fez uma cara de cachorrinho abandonado quando dirigiu a palavra... para o homem com quem brigava.

— Me desculpe Jacinto. Eu não... não foi sua culpa. Por favor volte ao seu trabalho.

O homem que eu defendi anuiu um sim com sua cabeça e sorriu disfarçadamente pra mim quando saiu do corredor, me deixando sozinha com Miller.

Eu não sabia como ia ser agora, ou o que ele ia me dizer, afinal eu o insultei e lhe dei um belo puxão de orelha.

— Senhorita Silva, se troque e pegue um casaco.

Miller disse sobre os ombros, quando se virou para me olhar atras de si, e sem esperar minha resposta ele saiu andando.

Surpresa eu entro rapidamente no meu quarto. Bom, pelo menos é um sinal de que ele não vai me despedir. Troco minha roupa, pego o casaco e saio pelo corredor.

Quando chego na sala, vejo ninguém lá. Continuo andando pelo corredor até que noto uma sala que não tinha visto antes, nem mesmo quando passei por aqui quando limpava. Talvez foi o meu nervosismo que não me fez nota-la e eu só a vi agora, por estar com a porta entre aberta.

Olho dentro do lugar e há papeis espalhados para todo o lado, uma verdadeira bagunça. Vou ter que limpar esse lugar amanhã.

Porém haviam também lençóis tampando os moveis de madeira, enquanto somente uma mesa estava á vista, a do escritório... com um volume abaixo dos lençóis sobre ela.

—Parece um... prédio.

Digo pra mim mesma ao tentar adivinhar o que há em baixo daquele lençol velho. A curiosidade sempre foi minha característica, sendo mais forte que minha razão que gritava para eu dar meia volta e fingir que não vi nada. Mas claro, a curiosidade vence, assim que eu coloco minhas mãos na maçaneta para entrar.

— Senhorita... por favor, não entre nesta sala.

Diz o homem com quem Kevin brigava. O mesmo colocou suas mãos em meu pulso me parando na hora que eu estava prestes a mergulhar nesse mundo misterioso.

— Seu Jacinto... eu estava fechando a porta e... — Gaguejo sem graça, por ter sido pega em flagrante.

— Apenas siga seu caminho, Senhorita. Eu não vi nada aqui.

Ele sorriu ao fazer um gesto como um verdadeiro mordomo dos tempos antigos.

Eu sorrio grata ao passar por ele, continuando meu caminho pela casa... a procura de Kevin, que nem mencionou onde estaria me esperando. De qualquer forma, não demoro para acha-lo, eu o vejo em seu escritório... focado em seu computador. Bato na porta e logo o ouço responder para que eu entre.

— Senhor Miller, para onde vamos?

— Procurar nas ruas e nas províncias de São Franciso.  

Ele me responde de um jeito distante... como se tivesse visto um fantasma em seu computador.

— Eu fui um tolo... olhe.

Apontando seu dedo para o computador ele me chama, eu me aproximo dele na mesa para ver a tela, e fico chocada com o que vejo. Senhora Miller saiu exatamente como Kevin havia dito a poucos minutos atrás.... no entanto foi outra pessoa que deixou essa brecha para isso acontecer.

— Meu Deus... — Digo tampando minha boca perplexa com as imagens da câmera.

Kevin por outro lado, parecia esperar isso, como se já conhecesse a personalidade da pessoa que está por trás disso.

— Eu deveria ter imaginado.

Enquanto isso, em algum lugar da cidade de São Francisco....

— Cadê Emanuel... que não chega nunca?!

Senhora Miller disse tristemente ao descer os ombros desanimada, quando se sentou no banco do Golden Gate Park. O céu estava fechado, e o frio aumentava conforme ventava mais e mais pelas copas das árvores ao redor. E mesmo sofrendo de calafrios, ela insistia em permanecer ali até que alguém notou sua presença e se aproximou com cautela.

— Boa noite, está uma bela noite não está? O que uma bela dama como a Senhora faz por aqui sozinha?

Um homem de aparência Jovem, loiro, e cansado a perguntou.

— Estou à espera de meu noivo, ele me encontra toda noite aqui, mas hoje ele está demorando há chegar, deve estar nervoso com a chegada do próximo mês, vamos nos casar no início de setembro. E a proposito, é Senhorita, me chame de Senhorita ouviu? Senhora está no céu.

Percebendo algo estranho em sua resposta, o jovem de aparência cansada se senta ao lado dela.

— Ah, me desculpe. Como queira.... Senhorita?

— Miller...

— Pois bem, meu nome é Heitor e olha, tenho más notícias... seu noivo me pediu pra vir no lugar dele e leva-la para casa. Ele pediu por que estava muito envergonhado por estar nervoso.

— Mas eu não te conheço.

— Vamos andando então... o que acha? Está armando uma chuva bem forte, se não quiser ir comigo... vai pegar um resfriado. É isso que você quer? Deus me livre perder seu próprio casamento né?

Ele disse sorridente ao tentar convence-la de ir com ele. O jovem se levantou e ergueu suas mãos até a Senhora Miller, que estava desconfiada e reagia um pouco relutante.

— Eu vou..., mas só por que quase me matei pra caber naquele maldito vestido.

Ela respondeu pegando nas mãos dele ao selevantar.

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