Sophie
— Como assim eu não consigo hipotecar a casa?
— Seu perfil não nos deixa aceitar, senhorita Riley.
Estava sentada no banco e expliquei de forma geral que precisava de dinheiro para um investimento. Pedi um empréstimo e me disseram que era um "risco" e que não conseguiria um. Meus pais me deixaram uma casa modesta em Glendale. Dois quartos, espaçosa e com um quintal nos fundos. Não valia muito perto das grandes casas da redondeza, porém era o suficiente. Me doía hipotecar a casa dos meus pais, mas era um meio para um fim. Precisava do dinheiro primeiro e pensar nos passos seguintes depois. Não podia me dar ao luxo de vender a propriedade, já que precisava de um lugar para onde ir depois da cirurgia.
Era engraçado como a vida era. Ao fazer o que sonhei e abandonar meu emprego, deixei de ganhar dinheiro para pagar a cirurgia. Com o meu emprego da Filadélfia, conseguiria a renda necessária e não me endividar. Era um bom trabalho tributário, com um salário excelente e um bom seguro saúde. Abandonei isso para voltar para Califórnia e tentar entrar na companhia de dança. Tinha pés inchados e contusões, porém nunca fui tão feliz como agora.
Então aconteceu o tumor.
— Preciso desesperadamente do dinheiro — respirei fundo, decidida a contar meu drama pessoal — Estou doente. Se não conseguir o empréstimo, não consigo pagar a cirurgia, e se não for operada, eu morro. Você entende como está sendo responsável pela minha morte?
— Senhora, sei que está chateada. Mas não podemos fazer isso. Se sua vida financeira fosse mais controlada... não podemos fazer nada...
— Ou seja, o senhor está dizendo que eu me foda, é isso.
— Senhora, está sendo grosseira.
— Eu vou morrer, droga!
— Senhora, peço que se acalme...
— Existe algum tipo de empréstimo que eu possa fazer, algum jeito de conseguir dinheiro?
— Infelizmente não. Com seu perfil e a informação sobre sua saúde, é improvável que seja aprovado.
Ninguém daria um empréstimo para uma mulher sozinha, com dois empregos para se manter e prestes a morrer, só não pensei nisso antes de vir até o banco. Talvez a única opção fosse mesmo vender a casa, porém dependeria da situação do mercado, e não tinha o luxo de esperar meses até o negócio ser concretizado.
Fui direto até uma administradora em Glendale assim que saí do banco. Peguei as informações, preenchi algumas fichas e marquei um encontro com a corretora de imóveis para a inspeção. Deixei claro minha vontade de um negócio rápido e com preço abaixo do mercado, contanto que ele tivesse uma entrada maior que 100 mil dólares. Negociaria qualquer valor, contanto que a quantia entrasse em minha conta em menos de trinta dias.
Passei em casa para um banho rápido e fui para o ensaio. Quando cheguei ao Le Petit no fim do dia, minha humilhação no banco já era uma memória longínqua. Estava incomodada e mais quieta que o normal, mas quem não estaria, com a minha vida virada de cabeça para baixo em tão poucos dias?
— Wanda, onde eu conseguiria dinheiro rápido? — perguntei distraída enquanto limpava mesas com um pano depois do expediente. Tinha que ter a atenção redobrada devido aos espasmos musculares e ao descuido com os copos do dia anterior.
— As meninas daqui poderiam te ajudar com isso.
— Mas em quanto tempo? — indaguei com outra questão e parei de limpar, olhando para Wanda. A mulher me analisou com preocupação e fiquei em dúvida se deveria contar ou não sobre meu estado de saúde.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Amor de Mentiras - DEGUSTAÇÃO
Roman d'amourSophie Riley precisa de dinheiro. Desesperadamente. Ela é uma talentosa bailarina que paga as contas como uma garçonete de uma boate de stripper e que, do dia para a noite, vira a dançarina do lugar para conseguir a soma que pode salvar sua vida. Et...