II. ...e encontra o homem com olhos de botão

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CAPÍTULO I ― A pequena Alice cai no buraco... e encontra o homem com olhos de botão

Verão, 1989


Ele foi ainda mais cuidadoso ao colocar a cabeça para fora da pequena porta dessa vez, certificando-se de que o dono do apartamento não estava por perto, enquanto ele tentava escapar. Quando não escutou os latidos do Toben ou o eco da voz de Baekhyun, ele colocou as mãos para fora e lentamente saiu.

Ele estava na sala de estar, em uma versão rica e mais bonita da sala de seu próprio apartamento. As paredes eram forradas com um papel de parede luxuoso e quente, em vermelho, sua cor preferida. O cômodo todo era de seu agrado, repleto de móveis que ele jamais poderia comprar e que haviam sido seus objetos de desejo quando gastava horas fazendo pesquisas em catálogos antes de se mudar.

Havia uma enorme televisão sobre uma estante de madeira cara, aparelhos de som e video games novos, junto a alguns artigos tecnológicos, que Chanyeol sequer tinha certeza se já haviam sido lançados para o público comprar.

Ele girou, observando tudo com extrema atenção, antes de olhar na direção da cozinha e do corredor que levava ao quarto uma última vez e checar se havia alguém vindo. Não houve barulho, ele estava sozinho. Então, ele se dirigiu até os porta-retratos na estante.

As fotografias que estavam emolduradas ali não pertenciam a ele, o que o deu certo alívio. Chanyeol não se lembrava de ter alguma foto ou porta-retratos, ele não tinha levado nenhum da casa dos pais e no apartamento em que ele vivia junto ao ex-namorado, as poucas fotos que enfeitavam as estantes, eram dos dois juntos. Fotografias que agora o mais alto gostaria de queimar.

Se ele fosse sincero consigo mesmo, porém, confessaria que gostaria de ter algumas fotos. Porta-retratos possuíam um gosto familiar, faziam com que qualquer ambiente se tornasse um lar e o confortava. Eram memórias emolduradas, registradas e guardadas bem às vistas, para que ele sempre pudesse espiar as paredes quando precisasse de conforto.

No lugar disso, as memórias protegidas atrás do vidro dos porta-retratos, eram de Baekhyun. Haviam vários Baekhyuns em diferentes estágios da vida, começando quando ele parecia estar na adolescência, com o corpo esguio e franzino, até a fase adulta, sorrindo com confiança para a câmera. Em algumas fotos ele estava acompanhado por Toben, abraçando o cão como se ele fosse seu próprio animal de estimação, o que ainda o incomodava um pouco.

Toben era estranhamente semelhante ao seu cachorro, sob a única diferença de que aqui, preso nesta realidade que Chanyeol tinha certeza que era um sonho, ele era bem mais comportado e escutava Baekhyun como se eles fossem capazes de se comunicar.

Em todas as fotos também haviam botões. Desde a juventude Baekhyun parecia ter ostentado seus olhos de botões, com apenas algumas variações de cores ― não muitas, o professor de música só notou preto, azul e algumas poucas imagens com botões castanhos ―, ele sempre teve a aparência de um boneco. Da mesma maneira, Toben também não possuía olhos, no lugar disso ele tinha botões tão escuros, que se camuflavam com o pelo preto.

Nenhum dos dois havia mudado muito. Eles ainda eram sinistramente cativantes, principalmente o proprietário do apartamento, que estava ganhando a simpatia de Chanyeol apesar da conversa vaga.

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