Dai capelli rossi

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Desde aquela viagem à Itália, eu a procurava. Já fazia mais de um ano que meus sonhos eram permeados pelos cabelos ruivos, tentei encontrá-la de todas as formas possíveis, mas, foi muito difícil porque na minha fotografia havia apenas rastros daquela mulher estonteante que me deixou embasbacada.

A Cristina já havia dito para eu deixar essa ideia de lado e seguir com meus dias, sem ficar pesquisando como a acharia. Então, como já tinha um bom tempo que eu gastava meu tempo procurando-a, resolvi seguir o conselho da minha melhor amiga e deixar de lado.

Como metade do tempo eu trabalhava e a outra metade pesquisava sobre a dona dos cabelos ruivos e eu prometi que não iria mais fazer essa categoria de pesquisas, ocupei meu tempo da noite com uma aula de pós-graduação sobre "Semiótica e Teorias da Imagem", um curso que falava de comportamento, cultura e significações, algo que sempre gostei e queria me aprofundar.

Meu alarme do celular tocou avisando faltar apenas uma hora para o primeiro dia na pós-graduação, como eu morava relativamente perto da faculdade, eu conseguiria chegar a tempo o suficiente para a aula das 20h se saísse de casa as 19h.

Infelizmente, minha amiga não foi fazer o curso comigo, então era eu comigo mesma, pela promessa que havia feito. Já em sala de aula eu ficava olhando meu relógio de pulso impaciente e me questionando o porquê eu sempre acabo concordando com a Cristina.

Pontualmente o barulho de saltos são ecoados no corredor que leva até a porta da sala, arrumo minha postura e fico esperando a pessoa entrar.

Bati meus olhos em seus fios ruivos e fiquei paralisada o tom de ruivo era idêntico com a moça que permeava todos meus sonhos, dias, pesquisas. Não poderia ser... Muita coincidência, algumas pessoas possuem tons semelhantes uma da outra. Minha mente ficava se negando e se questionando de forma gritante se era ela.

— Olá, meu nome é Addison Montgomery e sou Profª Drª de "Semiótica e Teorias da Imagem"

Eu sentia ser ela, mas, eu não podia falar ou cogitar em perguntar, eu fui tão discreta para não parecer invasiva na Itália e não seria agora.

— O que vocês sabem sobre semiótica?

Precisava responder, porque além de eu realmente saber, precisava que ela me encarasse para descobrir se era realmente a dona da minha imagem mais bonita.

— É a ciência geral dos signos, ou seja, qual é a significação por trás de um fenômeno cultural. Disse um pouco tímida e dando uma leve gaguejada.

— Ok, qual o seu nome?

— Meredith Grey

Aqueles olhos azuis esverdeados me encaravam como se quisesse me decifrar, minha mente ainda gritava que não era ela, por mais que eu já tivesse certezas o suficiente que sim. Entretanto, ela só associaria se eu tivesse uma confirmação plausível para tal.

A aula correu maravilhosamente bem, aquela postura autoritária, aquelas mãos que se mexiam a cada explicação, os olhos brilhando por falar de um assunto que domina e gosta o caminhar na sala de aula. Aquilo me encantava e me deixava mais curiosa ainda.

Então a Drª passou um exercício sobre semiótica só para compreender melhor sobre os alunos e se sentou em sua mesa, retirou de sua bolsa branca o livro "A hora da estrela" folheou algumas páginas e conforme ia lendo, esboçava um sorriso tímido de lado e eu soube era ela. Tive a real confirmação e associação. Era a mulher da minha fotografia que eu procurei por tanto tempo. Minha professora de pós-graduação era a mulher que me fazia perder o sono a noite.

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