sweeter innocence / one

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"Há pecado até na nossa santidade, há incredulidade na nossa fé; há ódio no nosso próprio amor; há lama da serpente na mais bela flor do nosso jardim." - Charles Haddon Spurgeon.

***

— Gulf Kanawut!! — Uma voz dita num tom ríspido o chamou.

Era uma manhã fria e calma, com as ruas pequenas e vazias, em um domingo, onde a maioria das famílias se encontravam no aconchego de suas casas, porém, algumas pessoas prestavam conta de sua fé, levantando cedo para irem à igreja, ouvir a palavra de Deus, tendo seus consolos semanais, ou talvez até uma motivação maior para suas vidas.

Gulf Kanawut por sua vez começou cedo. Desde bebê frequentava à igreja com seus pais. Isso tornou uma parte muito importante de sua vida, levando em conta sua mãe, Nuch, que sonhava desde que casou-se com seu pai em ter um filho, porém, a mulher havia um problema muito sério, que a levou fazer vários tratamentos para tentar engravidar, entretanto nunca dava certo. Então com um tempo resolveu fazer várias promessas à Deus, se seu sonho de tornar-se mãe fosse realizado. Depois de oito anos tentando engravidar, e estava até desistindo de seu grande sonho, na verdade, a grande notícia veio: ela estava grávida de Gulf. Foi um dia muito especial, saber que se tornaria mãe de um menino, tê-lo finalmente em seus braços e poder criá-lo na presença de Deus e seus mandamentos.

Quando Gulf nasceu, foi uma tremenda alegria. Era uma criança linda, com uma pele única, cabelos escuros e com um rosto angelical. Seu pai Alex e sua mãe fariam de tudo para cumprir a promessa de deixar seu filho longe da perdição e do pecado. Seu filho seria um futuro pastor e pregaria a palavra de Deus ao mundo, pois para ela, ele era seu milagre, Deus a tinha o enviado, para salvá-la.

Ela faria Gulf um exemplo de homem religioso e bem sucedido.

E eles fariam o que fosse preciso. Ou... Ao menos tentariam.

— Senhora? — Gulf respondeu sua mãe com um tom baixinho.

Eles se encontravam ao lado de fora da igreja, esperando alguns irmãos saírem para finalmente poderem falar com o pastor. Sim... Todos os domingos, aos finais de todos os cultos, Gulf e sua mãe falava com o pastor, Gulf agora, aos 19 anos, fazia parte da obra da igreja, e ajudava em cada detalhe para que o culto pudesse ser feito com sucesso.

— O pastor te chamou ali, está com os pensamentos longe filho, cuidado com pensamentos que te levam a perdição, meu filho. — falou acariciando as costas de seu filho, enquanto o empurrava para perto do pastor.

— Meu filho — o Pastor pegou uma de suas mãos apertando para o cumprimentar. — Preciso de uma ajuda sua, muito importante para mim, querido.

Gulf era muito próximo do pastor e da família dele, inclusive, a filha do pastor, Bow, era sua melhor amiga, desde a infância. Todos da igreja pensavam que namoravam, ou que um dia iriam namorar e até se casarem. Sua mãe, já chegou a dizer que seu sonho era ver os dois se casando naquela igreja e formando uma família,  porém, o que muitos não sabiam, era que ambos nunca conseguiam ver algo a mais ali, a não ser amizade e cumplicidade.

— Pode falar, pastor, o que o senhor precisar, estarei aqui. — disse por fim.

— Meu filho, um filho de um amigo de infância meu, vai se mudar para a cidade. Ele está dando muitos problemas onde morou, então, seu pai o enviou para cá, para podermos transformá-lo, ajudá-lo sair desse mundo de perdição. Ele cursa engenharia, então, vai estudar na mesma faculdade que você, você é minha salvação, filho. Vamos ajudá-lo a encontrar o caminho certo para sua vida.

— Claro, pastor. Faremos o nosso possível para trazê-lo aos caminhos do senhor, conte comigo. - falou com um sorriso grande no rosto.

Gulf amava poder ajudar todos em sua volta. Tinha dias que se sentia cansado dessa rotina, e gostaria, nem por alguns instantes, fugir da realidade, e poder respirar algum ar que não fosse, casa, igreja e faculdade, porém, sua mãe sempre o ensinou que todo tipo de alegria "mundana" (era como ela chamava qualquer tipo de coisa fora da igreja), era pecado, e o faria queimar no inferno, então, ele não via outra saída, a não ser continuar com essa vida. 

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