If the heavens ever did speak / two

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"O único paraíso para onde serei enviado
É quando eu estiver a sós com você" -  Andrew Hozier-Byrne


***

Ali estava Gulf. Em mais uma noite de sábado no culto. Tudo corria bem como sempre. Sorriu ao notar o pastor adentrar à igreja, com um hino que o rapaz conhecia muito bem. Logo em seguida iniciou-se a pregação da palavra, com orações e todas aquelas frases feitas. Ao seu lado se encontrava seu pai e sua mãe, e a sua frente estava Bow com um sorriso único que só ela tinha. Seus olhos percorriam a toda igreja, observando cada um dali: roupas bem escolhidas, alguns com lágrimas nos olhos, outros com sorriso estampado, e um silêncio total. Ouviam apenas a voz do pastor em toda igreja, todos animados com o que ele dizia. Suspirou, voltando sua atenção para frente, ao pastor, que não obteve tanta atenção assim, pois um barulho chamou atenção de todos para a porta de entrada da igreja, fazendo todos virarem para encararem um rapaz que entrava esboçando um sorriso estampado em seu rosto. Os murmúrios aumentavam, enquanto o rapaz se aproximava para sentar em uma das cadeiras do outro lado da igreja.

Gulf não conseguiu ver o rosto do homem que havia entrado, mas provavelmente seria algum integrante novo, para tantos cochichos assim.

Gulf perdeu totalmente seu foco, depois que esse homem entrou, ele só queria ver o rosto dele, algo nele era familiar, Gulf não entendia o porquê. Ele continuou fitar o homem que estava do outro lado, e que em um desses momentos, devolveu um olhar, bem penetrante, melhor dizendo. Gulf corou e travou na hora. Era o rapaz do suco da faculdade. Era ele. Mew. O que ele estava fazendo aqui, afinal? Não parecia ser um ambiente que alguém como ele frequentaria, céus, Gulf estava em um transtorno total, e então, foi cutucado por sua mãe, que provavelmente notou sua falta de atenção perante a palavra ministrada do pastor.

Ele voltou sua atenção para frente, porém algo dizia que o outro o estava encarando descaradamente. E então, ele não conseguiu, virou para conferir, o que resultou em mais uma vez seu coração quase parando, pois ele estava realmente o fitando, sem piscar, sem hesitar, e quando notou que Gulf o encarou, lançou um sorriso para o mesmo, que desviou seu olhar rapidamente para frente novamente.

Nunca o culto fora tão arrastado. Gulf nunca foi uma pessoa de reclamar de ir à igreja, afinal, era algo que fazia desde muito bebê, porém, dessa vez estava tudo diferente. A vontade de sair dali correndo só aumentava.

Não conseguiu se concentrar nenhuma vez depois que Mew entrou, e quase deu graças a Deus quando o culto acabou, o que fez se sentir mal, deixando seus pais irem a frente, ficando e pedindo perdão a Deus, por seu mal comportamento, orando baixinho.

Finalizou sua oração, e quando abriu os olhos o pastor estava em sua frente o encarando com um sorriso estampado.

— Meu filho, lembra da ajuda que te pedi algumas semanas atrás? — falou piscando um de seus olhos — Então, ele chegou essa semana, e veio ao culto hoje, venha comigo, vamos conhecê-lo — disse o puxando para uma figura que estava de costas, conversando com Bow.

Seu coração quase parou, quando viu que o pastor estava o levando para Mew. Por Deus, o que ele havia feito de errado, para ser ele?

— Filho, esse é Suppasit, Mew Suppasit, filho de um grande amigo meu.

Gulf piscou algumas vezes, antes de ter alguma reação. Quando finalmente conseguiu levar uma de suas mãos, para cumprimentar o homem da sua frente, que se encontrava com um sorriso bem zombeteiro, inclusive.

— Prazer... Qual seu nome? — Falou, apertando forte a mão de Gulf, ainda com um sorriso cínico em seus lábios.

— Kanawut, por favor, me chama de Kanawut. — Gulf soltou depressa sua mão. Tentou ignorar a quentura que sentiu ali, não estava entendendo nada, não sabia o porquê seu corpo reagia estranhamente a presença desse rapaz.

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