Take Me To Church

We were born sick / three

"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes." - O Pequeno Príncipe

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O culto de domingo estava mais lento que o normal, nunca que um culto se arrastava tanto, ou eram os pensamentos de Gulf que não conseguiam focar em nenhuma palavra que o pastor dizia? Isso realmente estava o matando.

Lembrar da noite passada só piorava as coisas para ele. Mew havia perguntado se ele já tinha beijado uma mulher, na verdade ele nunca beijou alguém em sua vida, sim, era estranho uma pessoa aos seus dezenove anos de idade, no segundo ano de faculdade, que nunca se relacionou com ninguém, mas para ele, isso nunca importou, na verdade, em nenhum momento de sua vida se interessou por alguma garota, mas o homem do suco não precisava saber disso, não é mesmo?

Se ficaram quinze minutos no barzinho foi muito, Gulf começou falar que estava passando mal, então Mew o levou embora imediatamente. Porém seu sono não apareceu, passou a noite toda pensando no possível flerte do homem, e como aquilo, por incrível que pareça, parecia bom. E agora ele estava ali na igreja, onde deveria estar orando por todos seus pecados, pensando naquele homem de novo. Por Deus, ele iria para o inferno!

— Ei, baby Kana, o que tanto pensa? — Bow sussurrou. Hoje ela sentou ao seu lado na igreja, não parava em nenhum momento de cutucá-lo, porém em todas as vezes, Gulf a ignorou, porque afinal, seus pais estavam bem ali ao lado deles, mama Nuch inclusive, olhava toda hora para eles com ar de repreensão.

— Shiu, Bow! Vamos prestar atenção no pastor. — Exclamou Gulf, baixinho.

— O problema é que ele pediu para que levantássemos, e só ficou você sentado, eu fiquei pra te acompanhar, boboca, claro, tia Nuch iria te dar uma terrível bronca, levanta logo. — Cochichou para o amigo, levando seu olhar para toda igreja.

Gulf se assustou levantando-se imediatamente, puxando sua amiga junto, e percebeu que realmente seus pensamentos estavam a milhão, e não estava nem um pouco interessado no que estava sendo pregado ali na igreja, puta merda Gulf, foca!

Assim que o culto se finalizou e aos poucos a igreja foi se esvaziando, Nuch puxou um de seus braços, trazendo-o para mais perto dela.

— Filho, o que está havendo contigo? Não focou em nenhum momento hoje. — disse com um tom zangado.

— Desculpa mama, estou pensando nos vários trabalhos que tem que ser entregue essa semana na faculdade — mentiu, e se sentiu pior ainda, Gulf não podia falar que estava pensando no filho do amigo do pastor, certo? Céus, que Deus tenha misericórdia de sua alma.

— Tudo bem meu filho, mas sabes que a palavra de Deus vem em primeiro lugar, tenha isso em mente, não pense muito, tudo dará certo. — Insere um beijo em sua testa, antes de se afastar dali.

— Você sabe que precisamos conversar, certo? — Bow fala no ouvido do amigo, que suspira ao ouvir.

— Bow, aqui não. — respondeu pensativo.

— Eu vou mandar mensagem, só isso que digo. Mas... Cadê Mew? Por que ele não veio ao culto hoje? — Pergunta, olhando para os lados.

— Não sei, não estou afim de saber e não tenho que saber tudo dele. — responde com frieza, se afastando abruptamente e se direcionando ao seu carro.

— Tchau pra você também, mal educado. — Grita Bow de dentro da igreja.

Chegando em casa, Gulf correu para seu quarto fechando a porta com força e deitando em sua cama, para tentar tirar todo o tipo de pensamento que o desviasse de seu propósito de vida. O problema era que, ele não estava conseguindo.