Prólogo

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Algumas pessoas tem o costume de serem algo que não são, principalmente quando estamos no colégio, um dos lugares ao meu ver, mais tóxicos que existem sendo capaz de acabar com seus mais belos sonhos, carregado de não todas devo acrescentar, mas de uma boa parte de pessoas que podem e irão pisar em você se tiverem a chance, eu Hope, com certeza não sou uma dessas pessoas mas ando com algumas delas, são minhas amigas pelo menos foi o que eu pensava.

Faltava cerca de uma semana para a volta às aulas depois das festas de fim ano, havíamos ido passar o almoço de natal na casa da nossa avó paterna, vovó Julieta sempre foi uma senhora muito amável, capaz de trazer a tona o melhor de cada um que estivesse com ela e o vovô Charlie não ficava atrás

O telefone do papai tocou enquanto estávamos reunidos almoçando, o fazendo se levantar da mesa com uma feição preocupada, pedindo licença e indo para os fundos da casa, eu e meu irmão olhamos para nossa mãe que mastigava pacientemente um pedaço do bolo de carne e mantinha uma feição séria

Já estava quase anoitecendo e papai ainda não havia voltado, eu não era a maior fã dele mas só a idéia de ver minha mãe sofrer pelo que tivesse acontecido a ele já me apavorava, então, enquanto todos conversavam na sala de estar eu saí disfarçadamente pela porta dos fundos e segui pela trilha que dava para a pequena mata que ficava atrás da casa.

O ar já se encontrava frio, e imaginei que provavelmente minhas bochechas ficariam vermelhas ou pegaria um resfriado, e chinguei mentalmente meu pai por me preocupar o bastante para ir atrás dele, enquanto entrava mais a dentro das árvores fechei um pouco o meu fino casaco e pensei porque não coloquei um mais quente antes de sair

Já fazia algum tempo que eu estava procurando e o céu já havia escurecido, eu usava a lanterna do meu celular para iluminar o caminho o que me deixava aflita já que logo eu iria ficar sem bateria, e então eu ouvi a poucos passos dali o toque do celular que reconheci ser o dele

Apressei meus passos em direção ao local, o encontrando deitado com uma arma em sua mão e o sangue ainda fresco se misturava com o suéter vermelho que minha avó havia acabado de dar a ele, corri em sua direção me abaixando ainda tentando processar aquilo

— Vamos, você não pode morrer, não pode — Comecei a me desesperar a medida que

A palma de minhas mãos ficavam manchadas de sangue enquanto tentava inutilmente estancar o sangue — Droga! — O que vou falar pra minha mãe

— Filha — Ouvi sua voz fraca me chamar —  Me perdoa, perdão por não te dar a mãe que você tanto merecia, você é incrível e merece tanto

—  Eu te perdoo se você não morrer, me conta o que aconteceu — Eu sentia as lágrimas molharem meu rosto e seus olhos fecharam antes que eu pudesse entender o sentido de alguma coisa ali

Senti o meu corpo inteiro entrar em estado de choque ao reparar que aquilo parecia um suicídio, mas me perguntei o porquê daquilo, peguei meu celular tentando ligar para alguém mas estava sem sinal encostei minhas costas no tronco da árvore enquanto tentava buscar o ar que parecia não existir em meus pulmões nesse momento, agora não

Fechei meus olhos pensando no que fazer, queria sair dali para pedir ajuda mas meu corpo se recusava a abandonar o do meu pai ali, sozinho, meus olhos foram ficando pesados e apaguei

Acordei um tempo depois ainda me acostumando com a claridade e vi meu irmão ao lado da cama no quarto encostado com a cabeça da parede e mesmo dormindo podia ver sua feição preocupada e me perguntei se ele sabia do nosso pai

— Henri — O chamei me sentando na cama

— Oi irmã — Se levantou se aproximando de mim, ele sabia era claro que sim

— Como a mamãe está?

— Bem — Ele não me olhava nos olhos, o que fazia toda vez que estava mentindo — Ela foi com o tio Brandon resolver o velório, vai ser hoje a noite os médicos disseram que é melhor pois o corpo pode não — Ele suspirou não terminando a frase — Tia Catarina ficou para cuidar da vovó e da gente também

Eu assenti com a cabeça e ele disse que iria tomar um banho e se arrumar, e foi o que eu fui fazer também, o caminho até o velório foi um completo silêncio tirando pelo barulho do motor do carro e das nossas respirações, minha mente ia a mil lembrando das últimas palavras do meu pai, palavras essas que eu não havia contado a ninguém.

Hope - A Vida, A morte, e a EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora