Viver em Blackburn não fora fácil para Jungkook. Lá o trabalho era abundante e a comida escassa, mas ele sempre encontrou um jeito de sobreviver. Era uma vida horrível, mas aquela fora sua realidade; a única coisa que conhecera.
A vida em Durante, em contrapartida, onde o ritmo era lento e nem sempre havia o que fazer, deixava-o intimidado.
Já no terceiro dia, contudo, ele se acostumou à rotina. Limpava a casa durante o dia e cozinhava à noite, antes de se esconder até que todos já estivessem deitados. Só então ele descia e comia alguma coisa na sala de jantar, sempre no escuro. Em seguida voltava para o quarto. Deitava-se e a música logo começava a tocar. Não sabia de onde vinha, mas a melodia o ajudava a dormir. Então, ficava no quarto até que todos já tivessem saído pela manhã.
Embora facilitassem a vida, muitas coisas ainda lhe pareciam estranhas. O sabor de menta na pasta de dentes, a água quente para tomar banho e o uso de talheres nas refeições eram luxos aos quais não estava acostumado, e cada um deles deixava-o um pouquinho assustado. Ele jamais tivera acesso àquilo que parecia normal para outras pessoas. Até mesmo os sapatos machucavam seus pés. Ele não gostava deles.
***
Era pouco depois das três da tarde, no terceiro dia, quando ele se deparou novamente com Seokjin. Ele entrou na casa e soltou sua mochila no chão antes de se sentar na sala de estar. Jungkook considerou a ideia de correr para o andar de cima, mas na mesma hora se sentiu culpado. Afinal, Seokjin fora bastante gentil com ele.
Ele entrou na sala de estar, nervoso, cutucando as próprias unhas e perguntou:
— Precisa de alguma coisa?
Seokjin fez um sinal negativo com a cabeça.
— Não, está tudo bem.
— Tem certeza? Deve haver algo que eu possa fazer por você.
— Bem... Até gostaria de comer alguma coisa, eu acho.
Jungkook sorriu e perguntou:
— Comer o quê?
— Surpreenda-me!
Correu até a cozinha e preparou um sanduíche de pasta de amendoim com geleia de uva, colocou-o em um guardanapo e levou para ele. Seokjin pegou-o de suas mãos.
— Você não precisava ter feito isso, é sério.
Jungkook evitou o olhar.
— Mas você me preparou um...
Antes que pudesse responder qualquer coisa, ele retornou à cozinha para limpar o balcão. Um minuto depois, enquanto se preparava para descongelar o frango para o jantar, viu Seokjin arrastando seu cesto de roupas para baixo. Ele parou no hall bem na frente dele.
— Posso fazer isso pra você?
Ele riu:
— Está se oferecendo para lavar minhas roupas?
— Sim.
Seokjin hesitou, mas deixou que Jungkook terminasse de arrastar o cesto até a lavanderia. Ele o seguiu, parando à porta.
— Ouça, Pé de Valsa, não sei quem você é...
Ele se apresentou:
— Sou Jungkook.
— Jungkook, a questão é que prefiro ficar longe dos negócios do meu pai. Isso me dá a chance de negar conhecimento de maneira plausível, o que significa que não faço ideia do que está acontecendo — ele gesticulou com a mão e completou — nesta casa. De modo que vejo as coisas, já que está morando aqui, devo ser hospitaleiro. Portanto, se eu lhe faço um sanduíche isso não significa que você tenha que fazer outro pra mim. Foi só um sanduíche.
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Sempre ♢ kth + jjk (taekook)
FanfictionJeon Jungkook e Kim Taehyung cresceram em mundos completamente diferentes. Jungkook é um adolescente de 17 anos que nunca conheceu a liberdade. Desde a infância, ele e sua mãe são escravos, vítimas de uma rede de tráfico humano. Taehyung, nascido em...