Uno

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Dez anos mais tarde

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Dez anos mais tarde...

O ar quente e seco queimava a pele de Jungkook, que lutava para respirar conforme a poeira, levantada pelos próprios pés enquanto corria, dificultava sua visão. Não que ele pudesse enxergar alguma coisa, a noite estava escura demais e ele não tinha ideia de onde estava ou para onde estava correndo. Tudo parecia igual em todas as direções; ele estava cercado pelo deserto.

Seus pés pareciam arder em chamas; todos os músculos de seu corpo implorava para que ele parasse. Torna-se cada vez mais difícil continuar; sua força se deteriorava e a adrenalina inicial se dissipava. Foi então que escutou um barulho. Suas pernas já não respondiam ao seu comando, porém ele se virou na direção do som, encontrando uma luz fraca a distância. Uma casa.

Ele seguiu naquela direção, tentando gritar e pedir ajuda, mas nenhum som escapava de sua garganta. Seu corpo se contorcia, desistindo da luta quando ele mais precisava dele. A luz se tornava cada vez mais forte conforme ele se aproximava. De repente tudo que viu foi um clarão. Cego pela luz, acabou tropeçando e caindo no chão. A dor percorria seu corpo em forma de ondas, enquanto o calor da luz o queimava por dentro.

***

O porão era escuro e úmido. A única saída era por uma porta de metal trancada com pesadas correntes. Sem janelas, o lugar era muito abafado, o ar era poluído e o cheiro pútrido de esgoto era forte. O piso de concreto tinha manchas de sangue seco, como respingos de tinta vermelha. O cenário grotesco de um sofrimento interminável.

Jungkook estava deitado num canto, com seu corpo frágil completamente imóvel, exceto pela leve ondulação no peito causada pela respiração. Seus cabelos um pouco longos e castanhos, normalmente ondulados, pareciam bem mais curtos de tão amaranhados. Ele não poderia estar pior: seus ossos da clavícula, assim como as costelas, estavam tão visíveis que podiam ser contados; sua pele, ensanguentada e repleta de hematomas. Apesar disso, ele se considerava saudável, afinal, já tivera a oportunidade de ver pessoas em situação ainda pior que a dele.

O dia começara como qualquer outro. Jungkook acordou ainda de madrugada e passou a maior parte da manhã fazendo faxina. Durante a tarde ele passou algum tempo com a sua mãe, ambos sentados e encostados à parede externa da casa de madeira. Os dois estavam calados e ouviam o som da TV, que saía pela janela aberta bem acima deles. O noticiário previa um furacão, que se formara no sul, e também discorria sobre uma guerra que atingia o Iraque. Nada disso, no entanto, tinha qualquer significado para Jungkook.

Sua mãe lhe dissera que escutar o rádio era perda de tempo, uma vez que nesse mundo, ambos não passavam de um blib em um grande radar. Mas Jungkook não conseguia evitar. O noticiário das cinco horas da manhã era ponto alto de cada um de seus dias. Ele precisava sentir que era real, que algo ou alguém com quem tivera contato no passado ainda existia, em algum lugar.

A gritaria começou dentro da casa, interrompendo as notícias assim que uma luta se alastrou pela sala de estar. Jungkook ficou de pé, tomando cuidado para que ninguém o visse bisbilhotando quando, de repente, ouviu algo que o deixou paralisado:

Sempre ♢ kth + jjk (taekook)Onde histórias criam vida. Descubra agora