Capítulo XI * Parte II

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(Louis)

— Você comprou?

— Sim, eu não roubei! É a única coisa que comprei legalmente desde o meu carro.

— Eu gostei muito.

— Hum...

— Obrigado.

— Grr... - Começou a grunhir outra vez, como o meu cachorro. Meu deu até um pouco de pena tê-lo tratado mal quando ele tinha comprado um presente tão bonito, por mais que ele merecesse que eu nunca mais falasse com ele.

— Mas eu não sei usá-lo. — Harry virou a cabeça e me olhou com altivez, ainda irritado. — Nunca tive um canivete, não sei pra que usar e nem como.

— É fácil.

— É? Me ensina? — Se formou um silêncio incomodo entre nós dois e supus que Harry estava brigando com seu orgulho, discutindo sobre mim, entre se me perdoava ou não, mesmo que não havia nada pra ser perdoado porque eu não tinha lhe feito nada de mal, mas Harry era tão cabeçudo que não entedia. Finalmente, pareceu relaxar o corpo e suspirou.

— Não se trata de saber usar ou não. Se trata de saber abri-lo e mostrá-lo no momento adequado ou não. Entendeu?

— Bem... não.

— Para se defender basta cravá-lo em alguém ou causar uma ferida superficial e isso não tem nenhum mistério. Só tem que se certificar que a parte afiada alcance o outro. O que tem de mais difícil é saber qual o momento ideal pra mostrar a arma e como deve se comportar com ela na mão. Um cara não vai fugir ao ver que você tem uma arma se souber que você não é capaz de usá-la.

— E como ele vai saber se sou capaz de usá-la ou não?

— Isso se vê nos olhos. — Harry e eu compartilhamos um olhar penetrante e fixo. Suas pupilas de repente pareceram mais interessadas em analisar meus olhos, seu contorno, seu brilho... o que se escondia por trás deles. Comecei a ficar nervoso e encolhi o pescoço. Não queria que ele tentasse ver mais além do que eu queria que visse, não queria que visse essa fragilidade, essa escassa autoestima, essa dor ou o que quer que fosse... não queria que percebesse que eu era um maldito suicida e um maldito maluco.

Baixei a cabeça e de repente, ele agarrou meu queixo e me obrigou a erguê-la novamente. Se aproximou muitíssimo, até que fui capaz de sentir seu hálito em meu rosto. Acho que fiquei acalorado e o coração foi pra cento e poucos por hora. Então ele franziu o cenho e se separou, muito sério.

— Hum... — Murmurou. — Hum...

— Hum... o que?

— Hum...

— Hum?

— Você não se atreve a usar uma arma pra machucar ninguém, não é? Você é totalmente incapaz. — Encolhi o ombro, um pouco desanimado. Milhares de vezes eu havia tido coragem, machucar as pessoas que eu não gostava e me tratavam mau. Eu poderia ter lhes machucado perfeitamente com algum instrumento, mas nem sequer para me defender... eu tinha um pouco de medo de machucar demais uma pessoa.

— Acho que não.

— E mesmo assim você foi capaz de quebrar o meu nariz, jogar uma garrafa contra um grupo de pessoas por puro ataque de ira e brigar com Michael com unhas e dentes. Inclusive você esteve a ponto de cravar um pedaço de vidro no pescoço dele. — Ah, sim, eu não tinha me lembrado disso! — Não sei se considero isso bom ou ruim.

— Por que?

— Porque, você sendo capaz de ferir alguém quando tem uns ataque de raiva significa que sabe se defender, mas não sabe se controlar e aprender a controlar a força bruta é muito difícil, principalmente se a pessoa em questão é muito burra e se acha inferior ao seu inimigo em força ou tem medo de que lhe machuquem ou de machucar. — Ele estava me chamando de burro na cara dura ou eu estava imaginando?

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⏰ Última atualização: Nov 09, 2021 ⏰

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