Consumindo fumaça, engolindo nicotina, sentindo o veneno me atingir a garganta.
Era assim que conseguia sentir um pouco de paz. Apesar de saber que essa "paz", não passava de uma bela mentira criada pela minha mente confusa."
(Sakura - Déchirer)
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Há muitos anos, Sakura descobriu que tinha sido encontrada em um beco abandonado, bem antes de ser despachada e mandada para um orfanato que era administrado por freiras e irmãs da igreja da região, com condições precárias por assim dizer. O lugar era horripilante e cheio de regras, mas as moças responsáveis por lá eram amáveis, principalmente a diretora, que debaixo daquela casca rigorosa e mandona havia uma senhora doce e carinhosa.
Muitas das crianças da sua idade se descobrissem algo do tipo teriam raiva e muito ódio dos próprios pais biológicos, mas, por algum motivo, Sakura não sentia nada disso. De algum jeito, ela tinha a certeza de que os seus pais a amavam muito e que tiveram que tomar a decisão de a deixar para trás para poderem protege-la de algo de algo muito maior.
Graças a esse sentimento e a essa certeza, estava decidida a encontrar eles. Era uma tremenda loucura, ela sabia. A única pista que tinha sobre eles era um colar com uma flor-de-cerejeira bem preservada e intacta dentro do pingente, que estava no seu pescoço desde o dia em que a encontraram. Desde que Chiyo, a idosa gentil que fora responsável por a encontrar chorando de fome, contou sobre como veio parar naquele orfanato e a entregou com toda delicadeza que aquelas mãos enrugadas e desgastadas pela idade continham.
Nunca mais o tirou do pescoço, ou sequer chegou a cogitar trocá-lo por um acessório mais bonito desde então. Não importava a situação, era como se aquilo fosse um amuleto de proteção, e que se o tirasse algo iria acontecer a si. Sakura não estava decidida a querer arriscar e descobrir se seria algo bom ou ruim.
Seus pensamentos voavam para as memorias daquele dia, de como ouviuatentamente cada palavra de Chiyo e de como quase implorou para que a mulher a tirasse dali quando terminoude ouvir toda a história. Mas Chiyo não podia, não porque não queria, mas porque não tinha condições de cuidar de umacriança como ela. A idosa prometeu que faria de tudo para sempre visitar suadoce menininha, afinal, Chiyo já enxergava Sakura como sua neta.
De volta a realidade, Sakura suspirou. Sempre que se perdia em pensamentos ficava totalmente alheia as coisasao seu redor e ela odiava isso. Fechou os olhos apreciando a brisa daquele diatão calmo, ouvindo o alarme soar alto, avisando que as aulas haviam terminado.Já fazia um tempo que ela e sua amiga estavam ali deitadas em baixo daquela árvore enorme do pátio.
Nem fazia questão de ouvir as lamúrias que Hinata soltava.
— Você por acaso bebeu vodka ao invés de água essa manhã!? — Hinata disse com a voz carregada de indignação, enquanto se remexia nervosamente ao lado da amiga. — Não, porque essa é a única justificativa para o jeito com que você tratou o Morino! Saky, acooorda! Aquele cara que você acabou de dar um fora é o Morino Idate. Morino Idate!!! O cara fofo e lindinho que todas as meninas estão loucas por uma chance.
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Déchirer
Fanfiction{Ils ne cessent de se déchirer} . "Eles continuam se despedaçando." Sakura tem uma vida considerada difícil, vive com seus pais adotivos que só lhe tratam mal, o que dificulta muito mais a sua rotina já que a mesma tem dificuldade gigantesca para li...