Prólogo

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Natasha

Positivo.

Minhas mãos tremiam segurando o teste. Aquilo não estava acontecendo.
Não podia estar acontecendo.
Incrédula, eu olhei o pequeno sinal de +. O teste dizia que falsos positivos
não existiam, apenas falsos negativos, mas naquele momento eu nem me dava o luxo de ter esperança. Minha menstruação estava atrasada e eu sentia enjoos constantes nos últimos dias.
— Nat — Yelena bateu na porta do banheiro. — O que deu no teste? Eu
estou ficando preocupada! — Ela gemeu nervosa e eu me inclinei da minha
posição sentada sobre a tampa da privada para abrir a porta, ainda meio
entorpecida.
Minha melhor amiga segurava sua bebê no sling colorido. Quando eu liguei
para ela naquela manhã, ela chegou em quinze minutos, mesmo que
normalmente levasse quarenta. Ela ainda estava de calça de moletom e a
pequena Zoya parecia confortável em seu pijama de flanela, sugando o próprio
dedo e explorando o cômodo com os olhos verdes abertos e curiosos.
Seis meses e ela ainda preferia ficar o tempo todo no colo da mãe. Yelena
ainda preferia levar a pequena bebê em todos os compromissos que aceitassem
que ela fosse porque ainda amamentava a menina. Meu estômago afundou
dolorosamente. Era aquilo? Eu viveria assim agora?
Lágrimas chegaram aos meus olhos. Ela tinha um marido, alguém ao seu
lado. Quando estava esgotada, recorria a ele. Era ele quem trocava as fraldas
durante a madrugada, era ele quem segurava Zoya depois que ela era
alimentada.
Eu só estava com Bucky há cinco meses. Eu ainda voltava para a minha
casa depois de um dia juntos durante a semana. Ele ainda perguntava onde
estavam coisas básicas como toalhas e copos no meu apartamento.
Como criaríamos uma criança?
— Não me diga... — Ela começou a dizer e eu levantei trêmula o teste
em sua direção. Ela se inclinou e sua expressão desmoronou. — Ah, Nat...
— Nós nos conhecemos há cinco meses. — Eu repeti as palavras em meus
pensamentos, um sorriso sem humor nasceu em meus lábios. — Quando eu
comprei o teste eu preferi chamar você porque não faço ideia do que ele está
fazendo nesse horário.

Yelena se abaixou com dificuldade, ajoelhando-se no chão do meu banheiro
enquanto segurava a bebê, que agora resmungava pela mudança de posição.
Minha melhor amiga tirou os fios de cabelo bagunçados grudados na frente do meu rosto.
— Você tem que falar com ele. — Ela sussurrou de maneira doce e eu a
olhei. — Não repita os meus erros. O Barnes precisa saber.
Abaixei meu rosto. Ela tinha escondido seu primogênito do pai. Nikolai
só foi tomar conhecimento do filho após o nascimento. Aquele momento no
escuro tinha levado dor para ambos. Yelena tinha cuidado de uma criança com nada além da minha ajuda, passando por maus bocados e criado sofrimento para ela e, mais tarde, para Nikki quando ele tomou conhecimento do filho.
Agora eles estavam bem. Felizes, amando e vivendo a vida dos sonhos um
ao lado do outro com sua pequena família.
— Eu faria por você o que você fez por mim. Posso criar essa criança com
você. Nikki, eu e você damos conta disso. — Ela me disse com a força que era sua característica. Minha irmã do coração. — Mas pode poupar sofrimento se ele souber.
Olhei em seus conhecidos olhos por alguns segundos. Ela estava certa. Eu
tinha que contar.
Peguei meu celular na pia onde eu o deixei cronometrando o tempo que o
teste precisava ficar submerso. O número de Bucky sequer era o primeiro.
Pisquei as lágrimas e liguei.
— Bucky. — A minha voz estava controlada quando caiu na caixa-postal.
— Eu disse que estava... enjoada esses dias... eu fiz um teste. Deu positivo... me
ligue quando ouvir isso. Temos que conversar.
Desliguei.
Yelena olhou para mim. Havia lágrimas em seus olhos, mas um sorriso
surgiu em seu rosto e eu o espelhei, chorosa. A situação era desesperadora, mas ainda assim, um traço de felicidade apareceu em mim.
— Você vai ter um bebê. — Ela anunciou e me abraçou. — Nossos filhos
vão brincar juntos como sempre imaginamos. — Ela pintou o cenário bonito e um soluço irrompeu em meu peito. Eu a abracei, rindo e chorando ao mesmo tempo.
O sonho que tínhamos quando ainda éramos jovens estava a nossa frente.
No entanto, a realidade ainda seria dura.

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