Say you won't let go

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— Ela já teve um dia péssimo, por favor não faça ela se sentir pior. — Vitor pediu, e Sandra se aproximou de Maria Pia. 

— Prazer, Sandra Helena. — Estendeu a mão para ela, logo em seguida a puxando para dentro da casa. Maria Pia ficou completamente sem entender o que estava acontecendo, lançando um olhar indagador a Vitor, que fez sinal com as mãos como quem diz "não sei da nada". 

— Eu tenho uma blusa aqui que vai ficar perfeita em você! — Disse, tirando a peça do cabide. 

— Qual  o problema com a minha roupa? Eu estou confortável assim e você...é....muito — falava de modo pausado enquanto a olhava de cima a baixo, com uma saia em couro preto e cropped cravejado de lantejoulas douradas — mais magra e... E EU TAMBÉM NÃO USO ROUPA DE GENTINHA. — abaixou o olhar e se virou para dar meia volta. — Eu vou pra casa!

— Ah não vai mesmo. Escuta aqui não precisa ser grossa não, não é porque os outros pisam em você que tu tem que descarregar no primeiro que aparece.  Tu é cega ou o quê? Se olha no espelho garota, olha esse potencial, esse cabelo hidratado. Bora se arrumar...vamo vamo que eu também to zero paciência pra showzinho. 

Sandra insistiu até convencer Maria Pia a colocar a tal blusa, era um pouco solta e com um decote avantajado, na cor preta e com pequenos pontinhos em glitter prata. Combinava perfeitamente com a calça social preta que ela vestia. 

— Confia em mim, você tá maravilhosa. Só falta tirar um pouco esse cabelo do rosto. — prendeu parte do cabelo dela para trás e fez com que ela passasse um batom na cor nude.

Confiar, palavra esta que fazia o estômago de Maria Pia embrulhar, principalmente quando isso significava acreditar que era bonita ou merecedora de qualquer afeto. Tomou toda a coragem que tinha e saiu da casa, já se preparando psicologicamente para alguma piada sobre sua aparência, se surpreendendo ao não ouvir nada à respeito. Estavam apenas todos os outros impacientes pela demora.

— Assim a gente chega na hora de fechar Malagueta. —  Reclamou Agnaldo.

— Elas já devem estar... — Vitor olhou para Maria Pia, ficando sem fala, era um dom que ela possuía. O dom de deixá-lo completamente hipnotizado e a mercê de suas vontades. — Você está um espetáculo! — Ele sorriu, segurando a mão dela e a puxando para mais perto de si, por um instante Maria pode sentir suas pernas bambas e sua respiração quase falhar. 

— Sua mãe não te ensinou que mentir é feio, malagueta? — Respondeu, tomando o ar profundamente enquanto se afastava. 

— Ensinou, por isso só digo a verdade. — Sorriu, caminhando até o carro e abrindo a porta para ela.  — Faça as honras. 

— Será que rola uma carona pra mais 3? — Perguntou Sandra Helena, fazendo uma careta de cachorrinho abandonado. 

— Fica pela consultoria de moda, podem entrar. — Respondeu Maria Pia. 

Assim que todos embarcam no carro, ela segue as instruções para ir até a tal boate. Vez ou outra olhava pelo retrovisor, a alegria com que os três no banco de trás conversavam, mesmo com o medo do que poderia vir no dia seguinte, uma possível demissão e a venda do hotel. Talvez aquele fosse o tipo de clima que faltava na sua vida, viver intensamente cada dia, sem se importar com o dia de amanhã. Olhou para Vitor, sorrindo de canto como se o estivesse agradecendo por aquele momento, um momento que já nem lembrava quando foi a última vez que teve. Ultimamente sua vida girava em torno de Eric e qualquer coisa que o envolvesse.  Estacionou em frente a boate e desceu pegando sua bolsa e entregando para Vitor. 

— Acho que mudei de ideia sobre beber, se você não for beber pode levar meu carro pra mim? 

— Claro... —  Ele disse e ela fez menção em entrar no local. —  Maria pia... —  Ele chamou, segurando-a pelo braço. —  Eu quero que você se divirta essa noite, quero que esqueça de tudo de ruim, só por uma noite. Não se preocupe com nada, eu vou cuidar de tudo, vou cuidar de cada detalhe para que você seja feliz. Eu vou cuidar de você...

Dusk till dawnOnde histórias criam vida. Descubra agora