A Filha de Flagelo

Capítulo 2

Noite acordou antes do alvorecer, antes que um raio de sol surgisse sobre seus olhos. Os prédios eram tão altos que demoraria que pareciam alcançar o céu. Por mais que parecesse ser a única a se levantar, se enganara. A sombra de um gato esbelto apareceu após se levantar, os olhos escuros e insensíveis. Raios dourados que radiavam frio

Seu hálito quente foi um arrepio em sua espinha por ser tão quente naquele frio. Véus sacudiu o pelo e neve voou, caindo no chão e dando um gemido mudo.

- Bela coleira - ele respondeu com aqueles olhos queimados.

- Sou oficial líder do Clã do Sangue - ela respondeu, tentando esconder o medo. - Falta pequenas peças afiadas nessa sua coleira.

Noite o encarou fundo quando ele a respondeu daquele forma. Amaldiçoando mentalmente, ela respondeu.

- Talvez eu possa usar suas peças - ela o olhou com profunda arrogância.

Ele ignorou seu comentário. Uma brisa carregada de fumaça os atingiu, sujando o pelo dos dois felinos altos.

- Você resolveu suas coisas? - Noite começou, sentindo um constrangimento no peito em que graças àquela fumaça, tapava o cheiro.

- Sim. - Ele apenas a encara - Você pelo jeito também já resolveu.

Ela apenas assente com a cauda, incapaz de responder com sua voz. Ela se encontra em pensamentos quando seus gatos surgem um por um. Noite deixa cair o peso das patas traseiras nas patas dianteiras, enquanto esconde seu cheiro de indecisão.

Os gatos do Clã do Sangue parecem intrigados e nervosos, mas isso já era de esperar, abandonar um lugar que seria seu lugar.

- Muito bem - ela miou - vamos para as montanhas.

Sua voz teve o efeito de um eco. Os gatos aceitaram, alguns pareciam desconfortáveis ou se pareciam frágeis, e isso irritou uma parte dela, pois eles não estavam sendo o Clã do Sangue. Não com aquele medo, Flagelo jamais aceitaria isso.

- E não fiquem tremendo aí como gatinhos perdidos. - Ela estalou com a língua, a cabeça erguida como se pudesse enfrentar o mundo inteiro - Somos o Clã do Sangue e nada nos passará acima. Não vamos morrer e, se morrermos, será com honra 

Suas palavras fizeram efeito e, logo alguns gatos que estavam tremendo diminuíram a tensão.  Satisfeita, ela se virou para fora do beco, e fez partida, "Pomba" e seu clã desonesto logo atrás.

***

Escuridão da Noite estava exausta. Haviam caminhado por um dia sem parar e conseguiram atravessar a estrada dos humanos com seus carros. Eles haviam chegado as montanhas, que estavam cercadas por tratores e caminhões.

Noite olhou pro céu, escuro e manchado por nuvens negras e percebeu que seu clã teria que descansar. Ao avisar isso, Falcão entortou a cara.

- Como vamos dormir numa barulheira dessas? - o gato marrom resmungou.

Em coro, os outros gatos também reclamaram.

- Escutem! - a líder do Clã do Sangue exclamou, para silenciá-los, sua cauda batendo como se fosse um chicote - eu darei um jeito. Descobrirei um lugar para ficarmos, mas parem de reclamar antes que sejamos pegos pelos humanos.

Assim que a gata idêntica a Flagelo rosnou, os gatos pararam com o barulho e assim que se aquietaram, começaram a se confortar alí mesmo. Noite soltou um ronrono baixo e foi procurar um lugar.

Suas patas eram feitas de chumbo, mas ela não permitiu-se cair na exaustão. Logo, andando, ela encontrou um cercado de arbustos ali perto intacto. Não era o melhor abrigo, mas serviria. Por que eu aceitei a proposta de Véus? A líder pensou irritada

Ela logo voltou até os gatos e fez sinal com a cauda para olharem pra ela

- Encontrei um simples lugar para dormirmos. Amanhã nós iremos continuar a viagem, e ninguém promete lugares confortáveis para o Clã do Sangue dormir após a viagem - Diria em alto bom tom enquanto os outros escutavam, sua voz exausta e quase rouca - Clã do Sangue, vamos dormir

Ela iria guiá-los até o cercado simples de arbustos, que cheirava a esquilos. Eu nunca imaginei que viraria uma gata da floresta, a líder bufou, com os pés feitos de chumbo até o cantinho. Misericordiosamente, o clã não reclamou e aceitou silenciosamente enquanto chegava ao cantinho da floresta esfarrapado. As sombras que cheiravam familiar a Escuridão da Noite se deitaram, se confortando na grama úmida pela noite e dormiram. A líder se surpreendeu que ela havia feito esse ato automaticamente, se levando pelo sono, necessitando de energias.