A infelicidade de alguém que faz crescer e falecer;

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hysteria & lovely

O sol entrava de maneira extravagante no quarto branco com poucos móveis, não tardando para entrar em contato com o corpo bronzeado que se encontrava encolhido na cama, Harin era aquele que estava ali, sem forças, sem motivos para se levantar, mesmo que fosse alguém que gostava bastante de andar pelo campo florido em pleno nascimento solar.

Perséfone observou o filho encostada na porta, sabia que ele ficava melancólico sempre que seus três meses em terra se acabavam, porém, nada podia fazer se estava presa ao submundo com Hades, queria ter a presença de Harin consigo, entretanto, sabia bem o que o Deus do submundo faria caso a sua cria pisasse em solo demoníaco. 

Não queria jamais imaginar seu doce filho sendo controlado para o mal. E temia o poder que Hades teria caso colocasse suas mãos no Ju.

—  Você não quer olhar as flores se abrindo? - A mulher de cabelos longos caminhou até o filho, sentando-se na cama ao seu lado e fazendo um singelo carinho nos fios negros dele, não era a pessoa mais amorosa, como sua mãe, Deméter, era, mas Harin despertava aquele lado natural e humano que Perséfone perdera há séculos, esquecido por convivência com Hades. —  Ainda temos um dia inteirinho juntos, podemos fazer o que você quiser.

—  O que eu quero ninguém pode me dar... - Murmurou com os olhos cheios de lágrimas, ela sabia bem sua dor, sabia que ele queria mais do que tudo viver uma vida normal, fora do campo de proteção que Deméter havia criado para Hades não tocar suas mãos nele, sabia mais do que ninguém que o filho desejava viver consigo, mas que não podia. —  Nesses dias eu sempre me pergunto se ele teria descoberto caso eu soubesse controlar os poderes do lado dele.

—  Você só tinha minha mãe lhe ensinando e sei que ela só poderia ensinar as habilidades que são relacionadas à natureza… Seria inevitável, você não tem culpa, Harin. - O moreno não parecia lhe escutar, sendo assim a deusa resolveu deixar ele tomar seu tempo e foi até a cozinha do chalé, sua mãe, Deméter, não estava muito diferente do seu filho, não ficava com raiva disso e muito menos questionava, sabia o quão doloroso era quando chegava os três meses do submundo.

—  Harin provavelmente irá despertar mais poderes infernais. - A deusa da fertilidade sussurrou para que apenas Perséfone pudesse escutar, temia que o garoto se culpasse ainda mais caso escutasse aquela suposição. —  E interfere muito nos poderes que ele herdou de você, não posso deixar ele tocar em nenhum ser vivo quando estiver em surto… E isso vai deixar ele pior...

— Você julga que ele herdou os poderes de morte? - A mulher suspirou pesadamente sentindo os olhos pesarem ao receber a confirmação de Deméter, provavelmente ela contatar a Apolo para saber aquilo. —  Não queria que meu primeiro e único filho tivesse que passar por essas coisas… Amo Hades, porém, queria que ele fosse menos cruel com seus filhos, especialmente com o que também é meu.

—  Ele nunca será menos cruel, é da essência dele ser assim. - Trincou os dentes, flashes de memória de quando persuasivamente o deus do submundo raptou sua filha e a enganou fazendo com que ficasse presa nesse ‘loop’ de vida dupla. —  Harin é um doce. - Confessou se acalmando mais. —  Mas temo que a doçura não fique em momentos de descontrole, por isso, preciso aumentar a defesa do portal para esse lugar, preciso conversar com Zeus para ajudar, nenhum ser, seja do submundo ou não, deve entrar aqui.

A conversa não continuou depois disso, Deméter saiu para conversar com o deus principal e Perséfone ficou a tentar chamar atenção do filho, já pensando na dor que sentiria no final do dia quando voltasse para sua casa ao lado de Hades. Na metade do dia, Harin resolveu sair do quarto e aproveitar, Perséfone simplesmente amava quando o garoto sorria de forma tão sincera para si, aquilo sempre fazia ela esquecer da real problemática.

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